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Richardson (2003:589-590) – Morada
quinta-feira 26 de setembro de 2024
Mais uma vez, a palavra "morada" designa a estrutura fundamental do Ser-aí, à medida que ele se aproxima dos entes. Agora, porém, a concepção é desenvolvida por uma nova metáfora. O poema de Hölderlin
Hölderlin
FRIEDRICH HÖLDERLIN (1770-1843). La poesía de Holderlin está sustentada por el destino y la determinación poética de poetizar propiamente la esencia de la poesía. Para nosotros, Holderlin es en sentido eminente el poeta del poeta. (GA39 p. 32)
que Heidegger interpreta aqui lhe permite dizer que, se o homem mora "na terra", ele também olha para o "céu". Portanto, ele efetivamente mora "entre" o céu e a terra, assim como vimos que o poeta é um semi-deus porque mora "entre" o homem e os deuses. Essa maneira de pensar permite que Heidegger fale desse "entre" como uma espécie de "espaço ontológico" (o termo não é de Heidegger) que ele chama de "Dimensão". Sustentando a metáfora - se é que ela existe - o autor fala dessa Dimensão como algo que admite "medida", e como o homem, como ser intermediário, habita a Dimensão, é sua tarefa fazer a medição. [GA7
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GA VII
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GA7ES
Vorträge und Aufsätze (1936–1953), ed. Friedrich-Wilhelm von Herrmann, 2000. — Ensaios e conferências
:VA:189]
A nova terminologia em si não é tão importante para nós, pois parece ter sido ditada pelo poema em questão. O mais importante é ver que estamos lidando com o mesmo velho problema, a relação entre Ser e Existir. Já sabemos que a Quadratura [Geviert] designa o Ser em sua polivalência. Falar de Dimensão como um Espaço ontológico entre dois membros do Quadrado não muda muito as coisas. Além disso, o Quadrado é preenchido logo após a menção de "Deus" e do poeta. A dimensão, portanto, ainda é o Ser em sua polivalência. Além disso, ela é mensurável apenas porque está iluminada. Assim, a nova metáfora comporta até mesmo a noção familiar de luz. [GA7
GA7
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GA VII
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GA7ES
Vorträge und Aufsätze (1936–1953), ed. Friedrich-Wilhelm von Herrmann, 2000. — Ensaios e conferências
:VA:195]
Se nos voltarmos agora para o homem, nos é dito: que é somente "… medindo [a Dimensão que] o homem é antes de tudo homem… " que ele "… é na medida em que suporta a Dimensão… " que "… somente na medida em que o homem, dessa forma, mede sua morada, ele pode estar de acordo com sua essência. …" Tudo isso se soma à descrição do que já sabemos sobre o relacionamento do Ser-aí com Ser, em termos da nova terminologia de "medição". Obviamente, é ao realizar plenamente a função de medição que Ser-aí habita autenticamente na proximidade das coisas. O ponto crucial, então, é: como compreender esse processo de medição pelo qual o homem alcança a autenticidade?
Ver online : William J. Richardson