Caron2005
Mas não há contradição em falar de estrutura a respeito de um ser como o si-mesmo? A estrutura é a totalidade que une em um mesmo sítio uma multiplicidade de fenômenos complexos. A noção de estrutura parece, infelizmente, próxima das noções de substância ou de sujeito. Buscar a estrutura é buscar algo total e idêntico, a coesão em um Mesmo, uma entidade orgânica cuja essência permita coordenar, em torno de um eixo de coerência preciso e determinado, uma diversidade de fenômenos. (…)
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Caron / Maxence Caron / PEOS / Caron2005
MAXENCE CARON (1976)
CARON, Maxence. Heidegger. Pensée de l’être et origine de la subjectivité. Paris: CERF, 2005. [PEOS]
Matérias
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Estrutura do si-mesmo (Caron)
18 de maio, por Cardoso de Castro -
Caron (PEOS:808-809) – mundo - si - eu
13 de junho, por Cardoso de CastroPEOS
Somos no mundo, logo habitamos em uma região que nos torna manifesto o mundo junto ao qual podemos ser. Há duas significações do conceito de mundo em Heidegger: por um lado o mundo que mundaniza, e por outro lado o mundo que é mundanizado por esta mundanização. É porque estamos em ligação fundamental com o se-produzir do mundo no primeiro sentido, é porque nós nos mantemos neste se-produzir e participamos de seu desdobramento, que os produtos, o mundo no segundo sentido, podem (…) -
Caron (2005:100-102) – Não limitar o eu ao domínio do que está ao alcance do olhar
19 de abril, por Cardoso de CastroCaron2005
Como demonstrado no curso de 1921 sobre Santo Agostinho e o neoplatonismo, e como confirmado por uma nota em Ser e Tempo, que indica uma dupla "influência" de Santo Agostinho e Aristóteles sem mencionar Husserl, Heidegger aprendeu com o que chama em 1926 de "antropologia agostiniana" as exigências pelas quais toda abordagem da essência da subjetividade deve ser tentada, e especialmente a exigência fundamental—sobre a qual repousa todo o seu pensamento e toda a sua interpretação (…) -
Caron (2005:104-106) – O si-mesmo é, em si, hermenêutico
19 de abril, por Cardoso de CastroCaron2005
O mais importante na abordagem da origem da subjetividade não é constatar como ela se desdobra e a partir de qual instância, mas ir além dessa própria instância para captar o que torna possível tal comportamento: é preciso retornar à fonte da singularidade dos comportamentos fundamentais da subjetividade e praticar um método de acesso a essa [105] abordagem de retorno que seja ela mesma explicada na estrutura daquilo que está em questão. A orientação da abordagem filosófica deve (…) -
Caron (2005:104) – Descobrir a horizontalidade desse horizonte que todo conhecimento postula consigo mesmo (Caron)
19 de abril, por Cardoso de CastroCaron2005
Em 1922, por exemplo, vemos o desejo muito explícito de estabelecer essa visibilidade, que Husserl afirma ser um princípio impensado da exegese, e a determinação de descobrir o campo de possibilidade de qualquer tentativa de exegese ou interpretação em si mesma: “Toda interpretação tem, dependendo de seu campo de realidade e de sua pretensão de conhecimento, 1) um ponto de vista, mais ou menos expressamente apropriado e fixado, e 2) uma perspectiva subsequente, na qual são (…) -
Ab(Grund) (Caron)
18 de maio, por Cardoso de CastroCaron2005
A questão do caráter fundamental do eu ou do “ente” em relação ao ser “é essencialmente distinta da questão do ser de um simplesmente-dado” (SZ:181). O objetivo é manifestar, no eu = eu, a estrutura fundamental-ontológica do próprio eu, ou seja, do ser-aberto-a (algo, alguém ou a si mesmo). Mas a possibilidade de uma estrutura aberta e de um processo aberto de estruturação escapa constantemente, e por uma boa razão, à ontologia tradicional, que se deixa levar apenas pela medida (…) -
Caron (2005:100) – O cuidado é a maneira como o eu toma consciência de si
19 de abril, por Cardoso de CastroCaron2005
Heidegger esclarece (SZ:199n) que a primazia dada ao "cuidado" (Sorge) na interpretação da estrutura do eu provém "de suas tentativas para interpretar a antropologia agostiniana—isto é, greco-cristã—em relação aos fundamentos postos na ontologia de Aristóteles". O cuidado é, de fato, a maneira como o eu toma consciência de si mesmo enquanto tendo a si próprio como responsabilidade, ou seja, como sendo capaz de se observar, capacidade cuja origem, para Heidegger, não está no olhar (…) -
Caron (2005:98-100) – fenomenologia é ou não é ontologia?
23 de março de 2022, por Cardoso de Castrodestaque
A tarefa infinita de determinar as vivências, e a resolução da questão da estrutura do ego dentro da exigência conferida pelo dogma científico da evidência (i.e. domínio do olhar e não da fonte desse olhar) : estes são os dois aspectos principais da fenomenologia tal como é apresentada por Husserl, que afirma que o problema da dação de um objeto ao ego "só pode ser resolvido na esfera da pura evidência, na esfera da presença absoluta, que, como tal, é a norma última", e "que, por (…) -
Caron (2005:1668-1670) – Ereignis, advento de homem e ser
2 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroO Ereignis é o advento do homem e do ser sob a iniciativa do ser; desdobra o jogo especular do ser e do si, de modo que cada um alcança o outro, e esse jogo, em última análise, aparece como o próprio jogo do ser que o governa. O ser compreendido como a Mesmidade desse jogo, como a Selbigkeit da qual o si é a presença superlativa, conforme indicado pela carne da palavra Selbst, é o Ereignis. O si pertence ao ser, e ainda assim o ser e o si pertencem um ao outro dentro do Mesmo. É assim que o (…)
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Caron (2005:316-317) – começo radical do pensamento heideggeriano
15 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
"É apenas se a compreensão do ser é que o ser se torna acessível como ser" [SZ:212]. Este é, pois, o início radical que o pensamento heideggeriano conquista através do contato com as possibilidades impensadas da fenomenologia: é através do ser que temos acesso ao enquanto [Als-Struktur] ou ao ser-presente da coisa, é através do ser que é possível uma Wesensschau que nos dê o objeto intencional, é através do ser que temos acesso a nós mesmos: pois "se a alma não tivesse desde o (…) -
Caron (2005:95-98) – o embate Heidegger e Husserl
8 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
Se a descoberta da fenomenologia foi decisiva para Heidegger, foi sobretudo pelo poder de problematização que ela despertou nele através do apelo único ou palavra de ordem (Ruf) da ausência de pressuposição, isto é, do retorno às próprias questões essenciais (zu den Sachen selbst! Husserl afirmava em 1910-1911), e não pela própria substância das preocupações estritamente husserlianas que fazem depender a ausência de pressuposição da experiência intuitiva: "Die Sachen seihst müssen (…) -
Caron (2005:86-89) – do eu ao si mesmo e à ipseidade
7 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
Trata-se, portanto, em primeiro lugar, de ascender do eu ao si mesmo para mostrar a sua essência temporal e, portanto, não subjectiva, e, em segundo lugar, de dar o salto para essa essência para regressar à necessidade ontológica do si na economia da dispensação. E como o si será então reconduzido ao seu ser, a sua denominação desaparecerá enquanto tal e será renovada na sua nomeação: o si será o mortal no seio do Quadripartido, será inscrito no desdobramento do Ereignis. Não se (…) -
Caron (2005:83-86) – si-mesmo, eu, Dasein, temporalidade
7 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
Si mesmo não é eu, mas eu é fenômeno de si mesmo. Temos, portanto, de acceder primeiro à presença de um tal processo, e depois perguntar em que condições é que esse processo é possível. Mas como pensar este si que, ultrapassando a estrutura fixa do ego, o funda ao mesmo tempo na sua fixidez? Enquanto o homem for pensado como um ente subsistente, ou o sujeito como uma substância, [84] enquanto o ser for interpretado no modo de ente, e enquanto o ente fornecer a medida para toda a (…) -
Caron (2005:249-253) – uma fenomenologia às voltas com a fenomenologia
15 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
A originalidade de Heidegger reside, assim, na sua capacidade de retomar a possibilidade de qualquer visão sensível numa visão da essência ela mesma inteiramente regida pelo ser, à qual um pensamento das profundezas da intuição categorial nos dá acesso antes de qualquer visão ser possível. O desejo heideggeriano é de unificação, fiel nisso à exigência interna de todo pensamento, e da unificação em torno de um princípio cuja evanescência impede, no entanto, o pensamento de se (…) -
Caron (2005:1725-1727) – si mesmo, Ereignis, Amor
1º de novembro de 2024, por Cardoso de CastroO si mesmo é, de fato, o local de uma luta, o distrito da manifestação de uma vacuidade; mas essa vacuidade, ele o é, e sua própria viabilidade nos descobre sua vocação. Para o pensamento, a luta se torna o próprio ser-aí da paz. Seu ser é guardar o mistério da dádiva. Por meio do surgimento dessa lacuna, o ser se manifesta como ser e se entrega ao pensamento. Dessa forma, o abismo é a manifestação do ser, e o si é um elemento necessário em qualquer aparição como tal. O que o si experimenta (…)
Notas
- Caron (2005:102-103) – intencionalidade
- Caron (2005:115) – multiplicidade de sentidos de "ser"
- Caron (2005:135-136) – desacordo sobre o solo da fenomenologia (Husserl e Heidegger)
- Caron (2005:1679-1680) – questão do si e questão do ser, inseparáveis
- Caron (2005:190) – Crítica heideggeriana da estrutura do ego transcendental
- Caron (2005:190-191 nota) – fenomenologia inacabada
- Caron (2005:252 nota) – Interrogar a essência da essência
- Caron (2005:26-27) – ser um eu e ser um si
- Caron (2005:698-699) – o sentimento
- Caron (2005:712-713) – constituição do si mesmo
- Caron (2005:768) – Dasein
- Caron (2005:926) – Entschlossenheit - décision - decisão