A consciência só é possível com base no aí, como um modo derivado dele. A partir daqui, deve-se entender o passo histórico que é dado em Ser e Tempo, que parte do em oposição à consciência. (GA15, 205/H 126)
O Dasein em seu próprio ser (transcendência) já está fora, entre outros entes, e isto implica sempre com seu próprio si [immer bei ihm selbst]. (GA24, 427/301; grifo nosso)
Em 1946, ao reconsiderar a “base” de seu “desenvolvimento filosófico”, Heidegger designa a ruptura com base na (…)
João Cardoso de Castro (doutor Bioética - UFRJ) e Murilo Cardoso de Castro (doutor Filosofia - UFRJ)
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29 de outubro de 2024, por Cardoso de Castro -
Raffoul (1998:256-257) – ser-sempre-meu [Jemeinigkeit]
29 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroO próprio Heidegger havia afirmado que a virada em seu pensamento não representa “uma mudança de ponto de vista em relação a Ser e Tempo” (GA9, 325/BW, 208), mas, ao contrário, representa o aprofundamento meditativo e a apropriação do que foi primeiramente empreendido em Ser e Tempo . Ao tentar designar o que se apropria dos seres humanos para si mesmos, ou seja, a apropriação primordial que entrega o ser humano a si mesmo, o ser-sempre-meu de fato prenuncia o . Como escreve Didier Frank: “O (…)
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Raffoul (2020:73-75) – acontecimento e fenomenologia
29 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroO desmantelamento — a desconstrução — do aparato conceitual metafísico da causalidade, da subjetividade e da razão, conforme estruturou a redução e a neutralização tradicionais do acontecimento, abre caminho para uma investigação fenomenológica sobre a eventualidade do acontecimento. Uma vez que o acontecimento não é mais referido às exigências do princípio da razão, não está mais ancorado em uma causa-sujeito e não está mais ordenado de acordo com uma ordem causal, torna-se possível (…)
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Raffoul (2020:117-118) – coisas como acontecimentos
29 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroA fenomenologia deve, portanto, ser considerada como uma fenomenologia do acontecimento. O próprio termo fenômeno refere-se imediatamente ao acontecimento de uma auto-revelação. É por isso que, como observado, os fenômenos não são meramente o dado ôntico ou empírico, o que Kant chamou de intuição empírica. Uma vez que os fenômenos são remetidos de volta ao acontecimento de sua dação, eles se tornam afetados por essa presença e se veem participando da mobilidade e do acontecimento adequados (…)
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Raffoul (2020:151-153) – o “quem” e o “o quê”
28 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroEm Ser e Tempo, o rompimento decisivo com a ontologia inadequada da substancialidade e a abertura para um pensamento do acontecimento ocorreram na distinção entre as categorias de existência, ou existenciais, e as categorias relativas à “presença-à-mão” (Vorhandenheit). Não se pode aplicar ao ser em suas categorias de acontecimento que só dizem respeito à determinação do “quê” das entidades. Para Heidegger, o ser deve ser abordado em seu “como”, ou seja, em seu modo de acontecer, e não como (…)
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Raffoul (2020:186-187) – O ser “não é”, mas acontece
28 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroComo visto nos capítulos anteriores, a fenomenologia deve ser considerada como uma fenomenologia do acontecimento e, como observado, de acordo com Heidegger, o fenômeno original da fenomenologia é o próprio ser. Essa premissa dupla leva ao engajamento na tarefa de compreender o próprio ser como acontecimento. Isso se tornou possível nos primeiros trabalhos de Heidegger por meio da desconstrução da ontologia inadequada de Vorhandenheit e da substancialidade e da revelação do movimento e da (…)
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Raffoul (2020:291-294) – A expropriação [Enteignis] pertence à Apropriação [Ereignis]
28 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroIrredutível, o segredo não pode ser conhecido ou tematizado. No entanto, conforme observado anteriormente, Derrida fala significativamente de sua performatividade, ou seja, de sua eventualidade. O segredo acontece. E o acontecimento, por sua vez, sempre abriga um segredo, acontecendo em um movimento expropriativo. Em Filosofia em Tempos de Terror, buscando precisamente radicalizar essa inapropriabilidade do acontecimento, Derrida explica que o pensamento heideggeriano do ser como (…)
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Raffoul (2020:310-311) – responsabilidade com o acontecimento
28 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroCom relação a essa responsabilidade ética para com o acontecimento e sua inadequação, menciono brevemente aqui a compreensão de Heidegger sobre a ética como uma ética do acontecimento e do segredo. Heidegger fala, de fato, de uma “reivindicação do acontecimento” sobre o ser humano, abrindo para uma responsabilidade que não deve ser tomada em um sentido moral “mas, sim, com relação ao acontecimento e como relacionada à resposta” (Die “Verantwortung” ist hier nicht “moralisch” gemeint, sondern (…)
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Raffoul (2010:247-249) – Dasein como chamado e resposta ao ser
28 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroDo “interrogado” na questão do ser em Ser e Tempo, o Dasein passa a ser cada vez mais descrito nas obras posteriores de Heidegger como o “chamado” que, como tal, tem de responder pela própria abertura e dação do ser. A resposta ao chamado passa a ser repensada como pertencimento ao chamado e, por fim, como correspondência ao ser. Na palestra “O que é Filosofia?” [GA11], por exemplo, Heidegger se refere a (“responder”) e (“corresponder”), de modo a indicar que a resposta ao chamado (…)
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Raffoul (2010:244-246) – Dasein significa ser uma responsabilidade
28 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroPode-se chegar até o ponto de dizer que o próprio conceito de Dasein significa ser uma responsabilidade. No curso do semestre de verão de 1930, A Essência da Liberdade Humana [GA31], lemos que a auto-responsabilidade (Selbstverantwortlichkeit) representa a própria essência da pessoa: “A auto-responsabilidade é o tipo fundamental de se determinar distintamente a ação humana, isto é, a prática ética. "(GA31, 263; EHF, 183). Como enfatizamos, o Dasein é aquele sendo para o qual e em que sendo (…)