Sendo o saber constituído por duas formas, como haveria intencionalidade de um sujeito em direção a um objeto, se cada uma das formas tem seus objetos e seus sujeitos? E, entretanto, é necessário uma relação entre as duas formas que seja determinável e que saia de sua "não-relação”. O saber é ser, é a primeira figura do ser, mas o ser está entre duas formas. Não é justamente o que dizia Heidegger, com o “entremeio”, e Merleau-Ponty, com o “entrelaçamento ou o quiasma”? Na verdade, não é de (…)
João Cardoso de Castro (doutor Bioética - UFRJ) e Murilo Cardoso de Castro (doutor Filosofia - UFRJ)
Matérias mais recentes
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Deleuze (2013:119-121) – Ser-saber
27 de outubro de 2024, por Cardoso de Castro -
Deleuze (2013:116-119) – a dobra
27 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroMas há uma razão positiva mais profunda. É que a própria dobra, a reduplicação, é uma Memória: "absoluta memória” ou memória do lado de fora, para além da memória curta que se inscreve nos estratos e nos arquivos, para além das sobrevivências ainda presas aos diagramas. Já a existência estética dos gregos solicita essencialmente a memória do futuro e, rapidamente, os processos de subjetivação são acompanhados de escrituras que constituíam verdadeiras memórias, hypomnemata. Memória é o (…)
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Deleuze (2013:67-69) – ser-luz
27 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroExiste, então, um “há” luz, um ser da luz ou um ser-luz, exatamente como um ser-linguagem. Cada um é um absoluto, e no entanto histórico, porque inseparável da maneira pela qual cai sobre uma formação, sobre um corpus. E um torna as visibilidades visíveis ou perceptíveis, tal como o outro tornava os enunciados enunciáveis, dizíveis ou legíveis. Desta forma, as visibilidades não são nem os atos de um sujeito vidente nem os dados de um sentido visual (Foucault renega o subtítulo "arqueologia (…)
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Peter Gordon (2003:33-34) – ciência em Rosenzweig e Heidegger
26 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroDois ensaios, publicados com cerca de quatro anos de diferença, ajudam a enfatizar a queixa acima contra a filosofia tradicional. O primeiro é “The New Thinking” (“Das neue Denken”), de Rosenzweig, publicado no Der Morgen em outubro de 1925. O segundo é “Was ist Metaphysik?” [GA9], de Heidegger, que foi apresentado pela primeira vez como uma palestra pública em Freiburg, em julho de 1929, e publicado mais tarde no mesmo ano. Esses textos podem ser utilmente comparados, pois ambos são (…)
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Stéphane Mosès (1982:307-311) – Rosenzweig e Heidegger
26 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroEt de fait, si nous nous interrogeons sur le sens que la philosophie de Rosenzweig peut avoir pour nous aujourd’hui, cinquante ans après sa mort, c’est de la remarquable anticipation de certaines thèses heideggeriennes que devra partir notre réflexion. Dans un des tout derniers textes qu’il ait écrits, Rosenzweig lui-même, découvrant la parenté de l’attitude philosophique « existentielle » de Heidegger avec sa propre « pensée nouvelle », semble prendre conscience, pour la première fois, de (…)
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Deleuze (1976:V.11) – O ser, o verdadeiro, o real são avatares do niilismo
26 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroNietzsche quer dizer três coisas: 1º) O ser, o verdadeiro, o real são avatares do niilismo. Maneiras de mutilar a vida, de negá-la, de torná-la reativa submetendo-a ao trabalho do negativo, carregando-a como os fardos mais pesados. Nietzsche não acredita nem na auto-suficiência do real nem na do verdadeiro: pensa-as como as manifestações de uma vontade, vontade de depreciar a vida, vontade de opor a vida à vida. 2º) A afirmação concebida como assunção, como afirmação do que é, como (…)
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Deleuze (1988:413-414) – O pensamento é a mais elevada determinação
26 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroÉ que fundar é determinar o indeterminado. Mas esta operação não é simples. Quando “a” determinação se exerce, ela não se contenta em dar uma forma, de informar matérias sob a condição de categorias. Alguma coisa do fundo sobe à superfície, e sobe sem tomar forma, insinuando-se, antes de tudo, entre as formas, existência autônoma sem rosto, base informal. Na medida em que ele se encontra agora na superfície, este fundo chama-se profundo, sem-fundo. Inversamente, as formas se decompõem quando (…)
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Deleuze (1988:238-240) – o pensar
26 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroNosso tema não é aqui o estabelecimento de uma tal doutrina das faculdades. Procuramos apenas determinar a natureza de suas exigências. A este respeito, porém, as determinações platônicas não podem ser satisfatórias. Com efeito, não são figuras já mediatizadas e referidas à representação, mas, ao contrário, estados livres ou selvagens da diferença em si mesma que são capazes de levar as faculdades a seus limites respectivos. Não é a oposição qualitativa no sensível, mas um elemento que é em (…)
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Deleuze (1988:118-120) – Nota sobre a filosofia da diferença de Heidegger
25 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroParece que os principais mal-entendidos que Heidegger denunciou como contra-sensos sobre sua filosofia, após Ser e tempo e Que é metafísica’?, incidiam sobre o seguinte: o NÃO heideggeriano remetia, não ao negativo no ser, mas ao ser como diferença; e não à negação, mas à questão. Quando Sartre, no início de O ser e o nada, analisava a interrogação, ele fazia disto uma preliminar para a descoberta do negativo e da negatividade. De certo modo, era o contrário do procedimento de Heidegger. É (…)
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Graham Harman (2002:243-245) – Zubiri
25 de outubro de 2024, por Cardoso de Castro[…] concordância de Zubiri com Heidegger em várias questões fundamentais:
1. A realidade de uma coisa não pode ser identificada com sua presença, seu des-encobrimento ou (contra a leitura pragmatista) sua utilidade para qualquer agente humano específico.
2. A realidade da coisa é composta tanto pelo fato de que ela é algo específico quanto pelo fato de que ela é alguma coisa. O próprio Zubiri se refere aos polos desse segundo eixo heideggeriano como as dimensões “talitativa” e (…)