(Rorty2009)
Em ambos os lados do canal, entretanto, a maioria dos filósofos permaneceu kantiana. Mesmo quando afirmam ter “ido além” da epistemologia, concordam que a filosofia é uma disciplina que toma como seu estudo os aspectos “formais” ou “estruturais” de nossas crenças, e que, ao examinar esses aspectos, o filósofo serve à função cultural de manter as outras disciplinas honestas, limitando suas afirmações ao que pode ser apropriadamente “sustentado”. As grandes exceções a esse (…)
João Cardoso de Castro (doutor Bioética - UFRJ) e Murilo Cardoso de Castro (doutor Filosofia - UFRJ)
Matérias mais recentes
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Rorty (2009) – epistemologia
13 de março, por Cardoso de Castro -
Rorty (2009) – mente como um grande espelho
12 de março, por Cardoso de Castro(Rorty2009)
São as imagens mais que as proposições, as metáforas mais que as afirmações que determinam a maior parte de nossas convicções filosóficas. A imagem que mantém cativa a filosofia tradicional é a da mente como um grande espelho, contendo variadas representações — algumas exatas, outras não — e capaz de ser estudado por meio de métodos puros, não-empíricos. Sem a noção da mente como espelho, a noção de conhecimento como exatidão de representação não se teria sugerido. Sem esta (…) -
Rorty (2009) – investigações dos fundamentos do conhecimento
12 de março, por Cardoso de Castro(Rorty2009)
É a noção de que a atividade humana (e a inquirição, a busca de conhecimento, em particular) tem lugar dentro de um quadro que pode ser isolado previamente à conclusão da inquirição — um conjunto de pressuposições que podem ser descobertas a priori — que liga a filosofia contemporânea à tradição Descartes-Locke-Kant. Pois a noção de que existe tal quadro somente faz sentido se pensamos nele como imposto pela natureza do sujeito conhecedor, pela natureza de suas faculdades ou (…) -
Apel (2000) – “estar-aberto do ser-aí”
12 de março, por Cardoso de Castro(Apel2000)
Em face do esclarecimento proporcionado por Tugendhat, aproximamo-nos da reflexão de princípio acerca do significado da filosofia heideggeriana ante a filosofia contemporânea. No contexto da questão que propomos — uma possível transformação da filosofia que se mantenha ligada às ciências — e a partir da clarificação acima delineada, podem-se depreender as seguintes consequências:
1. A descoberta de Heidegger, que aprofundou, ou mesmo ampliou de maneira essencial a problemática (…) -
Apel (2000) – ser-que-se-antecipa [Sich-vorweg-Sein]
12 de março, por Cardoso de Castro(Apel2000)
Quanto à tese (3): A meu ver, a própria expressão “ser-que-se-antecipa” (Sich-vorweg-Sein) deixa claro que Heidegger, em Ser e tempo, ainda não havia rompido por completo sua ligação com uma filosofia transcendental da “subjetividade”, no sentido kantiano. Por isso, em Kant e o problema da metafísica [Kant und das Problem der Metaphysik, 1929], ele pôde aproximar entre si o “caráter projetivo” do “Compreender”, que transcende a si mesmo e a todo e qualquer ente, e a (…) -
Apel (2000) – Kehre
12 de março, por Cardoso de CastroHeidegger, no entanto, não estabeleceu qualquer relação entre a “pré-estrututra” do Compreender (que ele mesmo havia descoberto) e uma subjetividade pré-consciente. Na verdade, do factum apriorístico do “estar-aberto do ser-aí”, Heidegger depreendeu uma “virada” [Kehre]: parte-se de uma análise ainda semi-transcendental-filosófica do ser-aí, e vai-se em direção a um pensamento que provém, ele mesmo, do fato de pertencer à história do ser, e que, além disso, se mostra insubmisso a qualquer (…)
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Apel (2000) – compreender
12 de março, por Cardoso de Castro(Apel2000)
Quanto à tese (2): Neste ponto, faz-se necessário abordar a referência de Gadamer a Heidegger, mais precisamente à tese de que o “Compreender” não é “um dos modos de agir do sujeito, mas sim o modo de ser do próprio ser-aí”. Pode-se perceber com facilidade que essa ideia fundamental da filosofia heideggeriana é essencialmente idêntica à “pré-estrutura” do Compreender, que já expusemos anteriormente; sobre esta última, afirmou-se que ela agiu com sucesso contra o processo de (…) -
Apel (2000) – fenomenologia hermenêutica
12 de março, por Cardoso de Castro(Apel2000)
Em lugar das coações categoriais de pensamento e comportamento que partem da “disponibilizaçâo” [Gestell] técnico-científica — ainda que não em lugar das coações sócio-econômicas que poderiam estar associadas a isso —, a fenomenologia hermenêutica de [27] proveniência heideggeriana proporciona, em primeiro lugar, o des-vendamento da experiência cotidiana; a seguir, sobretudo, o da experiência poética, e o da experiência pré-metafisica — esta última, a ser reconstruída a partir (…) -
Hatab (RHCE) – indicação formal
12 de março, por Cardoso de Castro(RHCE)
Em sua obra-prima Ser e Tempo, Heidegger não oferece nenhuma discussão explícita ou técnica sobre a indicação formal, mas a importância dessa noção para sua fenomenologia tornou-se clara com o lançamento dos cursos de palestras que cercam a publicação de Ser e Tempo (ver Hatab 2016). Para Heidegger (1995: 293), todos os conceitos filosóficos são indicações formais: "formais" ao reunirem o sentido central da experiência humana (Dasein), e "indicações" ao apontarem (an-zeigen) para (…) -
Aho (2014) – homem e mundo natural
12 de março, por Cardoso de Castro(Aho2014)
A descrição de Camus da "união sensual da terra e do homem" mina os dualismos que são fundamentais para a visão de mundo moderna, mostrando como eles assumem de forma acrítica um ponto de vista de distanciamento teórico, uma postura que é traída por nossa própria experiência.
O trabalho de Heidegger é especialmente útil aqui porque ele deixa claro que a relação primária que temos com o mundo não se baseia em "conhecer" algo sobre ele, mas em "cuidar" dele e de nosso lugar nele. (…)