(Aho2014)
Como temos uma tendência a nos conformar com os papéis e identidades nivelados do mundo público, a questão da autenticidade, de ser fiel a si mesmo, é central para os existencialistas. A ideia é formulada de muitas maneiras diferentes, como, por exemplo, ser um "cavaleiro da fé" (Kierkegaard), um "super-homem" (Nietzsche), um "rebelde" (Camus) ou um "indivíduo autêntico" (Heidegger). Dessa forma, os existencialistas desenvolvem a possibilidade de viver uma vida significativa, (…)
João Cardoso de Castro (doutor Bioética - UFRJ) e Murilo Cardoso de Castro (doutor Filosofia - UFRJ)
Matérias mais recentes
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Aho (2014) – Possibilidade de Autenticidade
12 de março, por Cardoso de Castro -
Aho (2014) – Stimmung como revelador
12 de março, por Cardoso de Castro(Aho2014)
Os Estados de Ânimo como Reveladores: Para os existencialistas, não adquirimos conhecimento da condição humana por meio de pensamento distanciado ou demonstração racional, mas sim através das experiências afetivas do indivíduo. Compreendemos o que importa ou tem significado em nossas vidas por meio de nossos estados de ânimo, das maneiras como nos sentimos em relação às coisas. Alguns estados de ânimo, como a "angústia" (Heidegger), o "náusea" (Sartre), a "culpa" (Kierkegaard) e (…) -
Axelos (2023) – o humano acessa o mundo através de mediações
12 de março, por Cardoso de Castro(Axelos2023)
The human accesses the world through the intermediary of mediating great powers, fundamental powers that establish the relationship human–world and take charge of it through institutions. Fundamentally activated by the elemental forces – language and thought, work and struggle, love and death, play – of which they constitute elaborations edifying us from the outset of the play, these powers are called: magic, myths (and mythology), religion, poetry and art, politics, (…) -
Alexandre Grácio (1990) – ofício de pensar
12 de março, por Cardoso de Castro(CF2)
O ofício de pensar exige rigor e penetração. Mas exige também, antes de tudo, a docilidade do pensamento àquilo que merece ser pensado. A conjunção destas exigências não é fácil de compreender e raramente se experiencia.
A fragilidade do pensamento perante o simples, a sua exposição e entrega paciente aos ventos da coisa que nele se torna solitária e lenta, todo o caminho para a palavra que no limite da sua força nomeadora se mescla com a impotência de dizer o silêncio, este jogo (…) -
Gadamer (2003) – ciências humanas e autocompreensão
12 de março, por Cardoso de Castro(Gadamer2003)
A minha análise da posição de Dilthey pretende mostrar que a sua autocompreensão com relação às ciências não é verdadeiramente consoante com a sua posição fundamental em termos da Lebensphilosophie. O que Misch e Dilthey chamaram de “distância livre em direção a si mesmo” (freie Ferne zu sich selbst), isto é, a possibilidade humana do pensamento reflexivo, não coincide em verdade com a objetivação do conhecimento através do método científico. Este último requer uma explicação (…) -
Delfim Santos (1975) – subordinação do subjectivo ao objectivo
12 de março, por Cardoso de Castro(Jolivet1975)
Ante o perigo de subordinação do objectivo ao subjectivo e o perigo de subordinação do subjectivo ao objectivo, a filosofia preferiu, a partir do século passado, a aventura do segundo, — porque não lhe parecia aventura, — apostando na segurança e na comodidade aparente da positiva objectividade. Mas fácil é notar que o primado do objectivo, como exigência do senso comum laivado de ciência e garantido demonstrativamente pela lógica, é expediente alienante e deturpante do (…) -
Delfim Santos (1975) – essência e existência
12 de março, por Cardoso de Castro(Jolivet1975)
Já Kant mostrara que a existência não é predicado, ou determinação de qualquer coisa, e que as relações de todos os predicados ao sujeito não designam por si algo existente, porque o sujeito deve, como existente, ser previamente admitido, embora insusceptível de demonstração, dada a incomensurabilidade entre a razão, que é função neutralizadora da existência e redutora desta à essência, e a existência, que é acto absoluto e irredutível a qualquer conceptualização ou artifício (…) -
Sallis (1996) – afirmação e negação
11 de março, por Cardoso de Castro(Sallis1996)
The Stranger says that in logos there is phasis and apophasis. The usual translation is: affirmation and negation. But, in order even to prepare for a re-thinking of what is at issue in these words, we must cease being captivated by the cloak of obviousness which the translation tends to cast over the issue. What is essential is that phasis and apophasis not be refined away into operations of “logical thought”—that, on the contrary, they be understood in terms of the community (…) -
Sallis (1996) – o belo
11 de março, por Cardoso de Castro(Sallis1996) Now the beautiful, as we said, shone bright amidst these visions, and in this world below we apprehend it through the clearest of our senses, clear and resplendent. For sight is the keenest mode of perception vouchsafed us through the body; wisdom (phronesis), indeed, we cannot see thereby—how passionate had been our desire for her, if she had granted us so clear an image of herself to gaze upon—nor yet any other of those beloved things, except the beautiful; for the beautiful (…)
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Sallis (1996) – mythos
11 de março, por Cardoso de Castro(Sallis1996)
The second dimension of Platonic dialogue is that of mythos. It is presumably through its mythical dimension that a dialogue has something corresponding to the feet of a living being, that it has within itself a link to the earth, a bond to something intrinsically opaque, a bond to an element of darkness in contrast to that which is capable of being taken up into the light of logos. However, the contrast must not, in advance, be too rigidly drawn: a mythos is itself something (…)