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Ontologie
terça-feira 4 de julho de 2023
De maneira diversa da filosofia prática de Aristóteles
Aristoteles
Aristote
Aristóteles
Aristotle
Para Heidegger, Aristóteles é com efeito toda a filosofia, por esta razão passou sua vida a situar, demarcar, mensurar, em resumo questionar em sua dimensão mesma de lugar, este lugar comum a toda humanidade.
, a hermenêutica da facticidade heideggeriana não depende de nenhuma ontologia porque ela mesma é uma ontologia. “A problemática da filosofia”, assim encontra-se formulado no Relatório-Natorp
Natorp
Paul Natorp (1854-1924)
, diz respeito ao “ser da vida fática” [1]. Este fato não pode ser compreendido no sentido de uma mera explicitação desse ser. Como é que isso seria possível, se o ente é, em verdade, múltiplo, mas de qualquer modo apresentado “em vista do um” [2], e se o “sentido de ‘ser’” [3], segundo o modelo aristotélico [4], deve ser retido como um e uniforme? Dessa forma, a ontologia da vida fática precisa ser uma “ontologia principiai”, de tal modo “que as ontologias regionais mundanas particulares e determinadas recebam, a partir da ontologia da facticidade, o fundamento do problema e o sentido do problema” [5]. Isso está fundamentado em Ser e tempo
GA2
Sein und Zeit
SZ
SuZ
S.u.Z.
Être et temps
Ser e Tempo
Being and Time
Ser y Tiempo
EtreTemps
STMS
STFC
BTMR
STJR
BTJS
ETFV
STJG
ETJA
ETEM
Sein und Zeit (1927), ed. Friedrich-Wilhelm von Herrmann, 1977, XIV, 586p. Revised 2018. [GA2] / Sein und Zeit (1927), Tübingen, Max Niemeyer, 1967. / Sein und Zeit. Tübingen : Max Niemeyer Verlag, 1972
com o pensamento de que toda compreensão de algo em seu ser remonta à compreensão de ser originária, na qual o ser-aí compreende a si mesmo [6]. O ser-aí humano é para Heidegger “a condição de possibilidade de toda ontologia” [7], e, em verdade, não no sentido trivial de que não haveria nenhuma ontologia sem o homem. O que se tem em vista é muito mais o fato de ser intrínseco a toda ontologia, quer se trate do ser-aí humano ou não, a compreensão de si do ser-aí humano enquanto a possibilidade que a condiciona. Toda ontologia é, então, um entendimento mais ou menos claro do homem em relação a si mesmo. [FIGAL
Figal
Günter Figal
GÜNTER FIGAL (1949), filósofo alemão professor da Universidade de Freiburg, discípulo de Hans-Georg Gadamer
, Günter. Oposicionalidade. O elemento hermenêutico e a filosofia. Tr. Marco Antônio Casanova
Casanova
Marco Antonio Casanova
Marco Casanova
CASANOVA, Marco Antonio. Filósofo e tradutor para português das obras de Heidegger.
. Petrópolis: Vozes, 2007, p. 34]
VIDE: Ontologie
ontologie
ontologia
ontology
NT: Ontology (Ontologie), 3-4, 8, 11-13, 17-19, 21-27, 35, 37-40, 49-50, 52, 63, 65-66, 82, 89, 93, 95-96, 98-100, 129-131, 154, 159-160, 165-166, 170, 194, 199 n. 7, 208 n.16, 214, 225, 231, 247-248, 249 n.6, 285-286, 293, 311, 315, 317, 319-320, 320 n. 19, 333, 358, 387, 403, 421, 428, 432 n. 30, 436-437; of Da-sein, (37), 49, 130, 166, 194, 247, 293, 306 n. 2, 311, 315, 333, 387; in the later marginal remarks 98fn (Husserl
Husserl
Edmund Husserl
EDMUND HUSSERL (1859-1938)
’s), 231fn (ontology), 311fn (and an Ontik). See also Ancient ontology; Fundamental ontology; Hermeneutics; Medieval ontology Phenomenology [BT]
O particípio presente do grego einai, " ser", é on. O seu neutro singular, com um artigo definido, é to on, "aquilo que é, o ente, a entidade, ser" — Heidegger reclama que, no uso feito por Aristóteles Aristoteles
Aristote
Aristóteles
Aristotle Para Heidegger, Aristóteles é com efeito toda a filosofia, por esta razão passou sua vida a situar, demarcar, mensurar, em resumo questionar em sua dimensão mesma de lugar, este lugar comum a toda humanidade. , significa ambiguamente tanto "o que é" quanto o "ser" daquilo que é (GA40 GA40
GA40PT
GA40EN
GA40FR
GA40ES Einführung in die Metaphysik (Sommersemester 1935), ed. Petra Jaeger, 1983. , 23/25). O plural de (to) on é (ta) onta, "entes", que, combinado com o grego logos, "palavra, dito, razão etc.", forma Ontologie, uma palavra cunhada em meados do século XVII e usada, diz Heidegger, por J. Clauberg, um aluno alemão de Descartes Descartes H. consagrou dois cursos e quatro seminários a Descartes. A desconstrução da metafísica heideggeriana conduz um diálogo intenso com Descartes. e professor em Herborn (GA6I, 208/N4, 154). Ontologia é o "estudo dos entes enquanto tais", mas pode ser uma ontologia "regional", preocupada com o ser ou a natureza de, por exemplo, números, espaço ou uma obra da literatura (GA22 GA22
CFFA
GA 22
GA XXII
GAP
CFPA
BCAP
GA22RR
GA22GJ
GA22AB
GA22J Grundbegriffe der antiken Philosophie (SS 1926) [1993] — Conceitos fundamentais da Filosofia Antiga — Traducción de Germán Jiménez, Buenos Aires, Waldhuter, 2014 — Translated by Richard Rojcewicz, Bloomington, Indiana University Press, 2008. , 8). Em contraste com esta indagação ontológica, ontologisch(e), as indagações e descobertas não-filosóficas de matemáticos, geômetras ou filólogos são ônticas, ontisch(e), preocupadas com entes, não com o seu ser. (Ontologisch é frequentemente acoplado com exsitenzial, e ontisch com existenziell: as duas distinções são similares, mas "existência" aplica-se apenas a dasein.) Mas "ontologia", como seu quase equivalente, " metafísica", usualmente indica um estudo geral dos entes (GA6I, 209/N4, 155). ("Ontologia" e "metafísica" perdem o prestígio com Heidegger.)
"O privilégio ôntico que distingue o Dasein está em ser ontológico" (SZ
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ETJA
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Sein und Zeit (1927), ed. Friedrich-Wilhelm von Herrmann, 1977, XIV, 586p. Revised 2018. [GA2] / Sein und Zeit (1927), Tübingen, Max Niemeyer, 1967. / Sein und Zeit. Tübingen : Max Niemeyer Verlag, 1972
, 12). Isto é, ao contrário de outros entes, Dasein compreende o ser dos entes. Mas se a "ontologia" está reservada a uma investigação teórica e conceituai do ser, é melhor dizer que Dasein é pré-ontológico (vorontologisch), i.e., que possui uma compreensão implícita e pré-conceitual de ser. Dasein, possui, portanto, três camadas: 1. Ele se compromete com os entes onticamente, adquirindo conhecimento ôntico dos mesmos. 2. Ele só pode fazê-lo por causa da sua compreensão pré-ontológica do ser. 3. Como filósofo, pode atingir uma compreensão conceituai de ser, baseada em 2 (GA27
GA27
GA 27
GA XXVII
GA27PT
GA27ES
Einleitung in die Philosophie (WS 1928-1929) [1996]
, 201). A ontologia regional, incluindo o que T.S. Kuhn chamou de "ciência revolucionária", que estabelece um novo paradigma para uma (novamente concebida e/ou demarcada) esfera de entes, fica entre 2 e 3 (cf. SZ
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Sein und Zeit (1927), ed. Friedrich-Wilhelm von Herrmann, 1977, XIV, 586p. Revised 2018. [GA2] / Sein und Zeit (1927), Tübingen, Max Niemeyer, 1967. / Sein und Zeit. Tübingen : Max Niemeyer Verlag, 1972
, 8ss); "ciência rotineira", pelo contrário, é similar a 1, relacionando-se com o paradigma do modo como 1 relaciona-se com 2. [DH
Inwood
DH
Michael Inwood / Dicionário Heidegger
]
Observações
[1] Heidegger, Phänomenologische Interpretationen (Interpretações fenomenológicas), GA62, p. 364.
[2] Aristóteles, Metafísica IV, 2; 1003a 33: τὸ δὲ ὄν λέγεται πολλαχῶς, ἀλλὰ πρὸς ἕν.
[3] Heidegger, Ser e tempo, GA2, 1.
[4] Em um olhar retrospectivo posterior, Heidegger dá claramente a entender esse modelo. Em articulação com a dissertação de Franz Brentano Von der mannigfachen Bedeutung des Seienden nach Aristoteles (Sobre a significação múltipla do ente em Aristóteles - 1862), ele teria sido mobilizado “desde 1907” pela questão: “Se o ente é dito com muitos significados, qual é então a significação diretriz? O que significa ser?” (Martin Heidegger, Meu caminho na fenomenologia, in: Heidegger, Zur Sache des Denkens, Tubingen, 1976, p. 81-90, aqui, p. 81).
[5] Heidegger, Phänomenologische Interpretationen (Interpretações fenomenológicas), GA62, p. 364.
[6] Heidegger, Ser e tempo, GA2, p. 16.
[7] Ibid., p. 18.