Na percepção algo é percepcionado, na imaginação algo é imaginado, na enunciação algo é enunciado, no amor algo é amado, no ódio algo é odiado, no desejo algo é desejado, etc. Franz Brentano discerniu o carácter comum que pode encontrar-se em tais exemplos quando disse: «Todo fenômeno psíquico é caraterizado pelo que os escolásticos da Idade Média denominaram a existência intencional (ou ainda mental) de um objeto, e o que nós poderíamos chamar, se bem que com expressões um pouco equívocas, (…)
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Husserl / Edmund Husserl
EDMUND HUSSERL (1859-1938)
OBRA NA INTERNET: LIBRARY GENESIS
HUSSERL, Edmund. Ideen zu einer reinen Phänomenologie und phänomenologischen Philosophie. Erstes Buch: Allgemeine Einführung in die reine Phänomenologie. (1976) / Ideias para uma fenomenologia pura e para uma filosofia fenomenológica: introdução geral à fenomenologia pura. Tr. Márcio Suzuki. Aparecida: Ideias & Letras, 2006
Matérias
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Husserl: Intencionalismo
13 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro -
Husserl (LFLT) – Intersubjetividade e mundo da experiência pura
13 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroLógica Formal e Lógica Transcendental, trad. S. Bachelard, Presses Universitaires de France, pp. 322-323
Partamos do fato que para nós, ou para falar mais claramente, para mim enquanto ego, o mundo é constituído como mundo «objetivo», no sentido de mundo que existe para todo o ser, que se revela, tal como é, na comunidade intersubjetiva do conhecimento. Deve, portanto, já estar constituído um sentido de «todo o ser» para que, em relação com esse sentido, possa haver um mundo objetivo. (…) -
Husserl (IFP2:81-82) – Constituição da natureza objetiva
13 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroIdeen zu einer reinen Phänomenologie und phänomenologischen Philosophie, II, Husserliana, IV, La Haye, M. Nijhoff, 1952, pp. 81-82, trad. A. L. Kelkel e R. Schérer
Toda a coisa da minha experiência faz parte do meu «ambiente» e isto quer, primeiramente, dizer que o meu corpo próprio está presente também ao mesmo tempo. Não que esta constatação seja, em todo o sentido, uma necessidade de essência. É o que nos ensina, precisamente, «a experiência de pensamento» solipsista. Reparando melhor, (…) -
Husserl (FCR:9-13) – Filosofia naturalística
13 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroExcerto de HUSSERL, Edmundo. A Filosofia como Ciência de Rigor. Tr. Albin Beau. Coimbra: 1992, p. 9-13
O Naturalismo resulta do descobrimento da Natureza como unidade do Ser no tempo e no espaço, segundo leis exactas naturais. O Naturalismo propala-se na medida da realização progressiva desta ideia em ciências naturais, que constantemente se multiplicam, fundamentando uma superabundância de conhecimentos rigorosos. Analogamente, o Historicismo resultou mais tarde da «descoberta da (…) -
Husserl (IFP1:114-116) – O ser absoluto da consciência
24 de março de 2018, por Cardoso de CastroHUSSERL, Edmund. Ideias para uma fenomenologia pura e para uma filosofia fenomenológica: introdução geral à fenomenologia pura. Tr. Márcio Suzuki. Aparecida: Ideias & Letras, 2006, p. 114-116
Por outro lado, com tudo isso não está dito que tem de haver um mundo, que tem de haver alguma coisa. A existência de um mundo é o correlato de certas diversidades empíricas que se destacam por certas configurações eidéticas. Não há, porém, evidência de que as experiências atuais só possam (…) -
Jocelyn Benoist (2001:45-49) – dar-se (es gibt)
29 de março de 2024, por Cardoso de Castrodestaque
O que considero interessante na noção de "dado", tal como é comumente utilizada pelas duas grandes tradições filosóficas do nosso século, é o fato de estar imediatamente aberta à crítica e ao criticismo. Atualmente, está sob ataques violentos, que não são, evidentemente, inteiramente novas. Este é, desde o início, um dos pontos, senão o ponto, criticado na fenomenologia, que, enquanto modo de pensar o "dado", é suspeita de uma certa forma de intuicionismo ingênuo, ou de (…) -
Didier Franck (1981:21-24) – encarnação
5 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
1. Heidegger destaca muito claramente, no protótipo da percepção de uma coisa transcendente, uma diferença entre dois modos de dação, ou seja, uma diferença fenomenológica. Uma diferença hierárquica, um destes modos implicando necessariamente o outro. Mas, como em Husserl, a questão do sentido da carne não é colocada.
2. Afirmar que a característica relevante da percepção é a corporização — Heidegger não fala aqui de presença encarnada — vem a alinhar-se com o idealismo (…) -
Fink (1974) – Estrutura da Obra
29 de junho de 2023, por Cardoso de CastroÍndice da obra
-* Representação e imagem. Contribuição à fenomenologia da irrealidade (1930) Introdução 1 Re-presentação e imagem 2 O fato da pré-compreensão dos fenômenos temáticos 3 A tarefa de uma compreensão filosófica 4 A redução fenomenológica 5 A situação da redução 6 A especificidade da análise fenomenológica 7 Posição da meta e esquema da investigação A interpretação intencional-de-ato dos fenômenos temáticos como fio condutor para o esboço da problemática constitutiva Análise (…) -
Husserl (MC:71-73) – Reflexão natural e reflexão transcendental
13 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroHUSSERL, Edmund. Meditações cartesianas e Conferências de Paris. Ed. Stephan Strasser. Tr. Pedro M. S. Alves. Rio de Janeiro: Forense, 2013, p. 71-73
Para uma clarificação mais avançada, deve ser acrescentado que deveremos distinguir entre, de um lado, a captação perceptiva, o recordar-se, o predicar, o valorar, a posição de fins etc., diretamente consumados, e, do outro, as reflexões por meio das quais, enquanto atos de captação de um novo nível, os atos diretos por vez primeira para nós (…) -
Husserl (CCEFT:98-99) – O problema do mundo da vida e as ciências objetivas
13 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro[HUSSERL, Edmund. A crise das ciências europeias e a fenomenologia transcendental: uma introdução à filosofia fenomenológica. Tr. Diogo Falcão Ferrer. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2012, p. 98-99]
Tendo presente as elaborações anteriores, lembremo-nos do fato admitido de que ciência é uma realização espiritual humana que, historicamente e também para todo aquele que a estuda, pressupõe a saída do mundo da vida circundante intuível, dado de modo universal-comum como existente, mas (…) -
Granel (1972:116-118) – questão sobre o sentido do ser
24 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
Com Sein und Zeit, em 1927, surgiu uma "questão sobre o sentido do ser" — ou, mais sucintamente, uma "questão do ser" — que todos sabem ter guiado o pensamento de Heidegger desde então. No entanto, logo na primeira frase — a primeira frase do primeiro livro — esta questão parece estar envolta em esquecimento. Sein und Zeit é um esforço único de pensamento para arrancar a questão do ser do esquecimento. No entanto, a luta entre a questão e o próprio esquecimento tem lugar, de certa (…) -
Ihde (1991:16-19) – Praxis-percepção, um modelo fenomenológico de interpretação
15 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroO principal progenitor do movimento fenomenológico foi Edmund Husserl, cujas obras editadas foram publicadas desde o início do século XX até 1936. Um leitor francês dele, especialmente com [17] relação às obras posteriores, foi Maurice Merleau-Ponty, que faleceu em 1961. Ambos voltaram sua atenção para o papel da percepção na ciência e ambos utilizaram uma versão do mundo da vida como uma ideia interpretativa.
A Crise de Husserl foi publicada em 1936, e nela podemos encontrar um (…) -
Depraz (1992:8-13) – a crise das ciências europeias
5 de junho de 2023, por Cardoso de CastroQual o sentido desta "crise das ciências" conforme afirmado por Husserl.
Cette expression « crise des sciences européennes » est la première partie du titre du dernier ouvrage de Husserl, écrit entre 1934 et 1937 et non publié de son vivant . La Conférence de Vienne, que nous avons choisi d’étudier, en est donc la première trace publique, les Conférences de Prague prononcées en novembre 1935 prolongent à leur tour et approfondissent cette cellule originaire qui aboutira à la Krisis. (…) -
Lyotard (1954:14-30) – O transcendental em Husserl
15 de junho de 2023, por Cardoso de CastroIV — A problemática do sujeito.
A fenomenologia tomava pois o sentido de uma propedêutica às "ciências do espírito". Mas, a partir do segundo tomo das Investigações Lógicas esboça-se um salto que nos vai fazer entrar na filosofia propriamente dita. A "problemática da correlação", isto é, o conjunto dos problemas demonstrados pela relação do pensamento com seu objeto, uma vez aprofundada, deixa emergir a questão que constitui o seu núcleo: a subjetividade. É aqui provavelmente que a (…) -
Husserl (RL2.2:168-171) – A intencionalidade da consciência
13 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroInvestigações Lógicas, II, 2.a parte, trad. H. Élie, A. L. Kelkel e R. Schérer, Presses Universitaires de France, pp. 168-171
Na percepção, algo é percepcionado, na imaginação, algo é imaginado, na enunciação algo é enunciado, no amor, algo é amado, no ódio, algo é odiado, no desejo, algo é desejado, etc. Brentano tem em vista o carácter comum que pode ser captado em tais exemplos, quando diz: «Todo o fenômeno psíquico é caracterizado por aquilo que os escolásticos da Idade Média chamaram (…) -
Marion (1989:72-78) – fenomenologia e ontologia
21 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
Enquanto que, para Husserl, a fenomenologia torna obsoleta a ontologia porque se ocupa, em seu lugar e melhor do que esta, do ente, para Heidegger, a fenomenologia eleva-se ao título de ontologia porque se desloca dos entes até o ser. A Hinsicht mudou radicalmente; ou melhor, a simples visão (Sicht) que só se pode fixar na evidência permanente e disponível — portanto no ente — é substituída pela Hinsicht, que só vê o ente em relação ao seu ser e por desígnio deste ser. O debate (…) -
Husserl (IFP:117-118) – A redução e o resíduo fenomenológico
13 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroHUSSERL, Edmund. Ideias para uma fenomenologia pura e para uma filosofia fenomenológica: introdução geral à fenomenologia pura. Tr. Márcio Suzuki. Aparecida: Ideias & Letras, 2006, p. 117-118
Voltemos agora nossos pensamentos novamente ao primeiro capítulo, a nossas considerações sobre a redução fenomenológica. Está claro agora que de fato, em contraposição à orientação teórica natural, cujo correlato é o mundo, uma nova orientação tem de ser possível, a qual, a despeito de colocar (…) -
Husserl (IFP1:203-205) – Vivido no noético e no noema
13 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroHUSSERL, Edmund. Ideias para uma fenomenologia pura e para uma filosofia fenomenológica: introdução geral à fenomenologia pura. Tr. Márcio Suzuki. Aparecida: Ideias & Letras, 2006, p. 203-205
Graças a seus momentos noéticos, todo vivido intencional é justamente vivido noético; é da essência dele guardar em si algo como um “sentido” e, eventualmente, um sentido múltiplo, é de sua essência efetuar, com base nessas doações de sentido e junto com elas, outras operações que se tornam (…) -
Husserl (IL2) – Objeto intencional e objeto real
13 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroÉ um erro grave estabelecer de maneira geral uma diferença entre os objetos «simplesmente imanentes» ou «intencionais», por um lado, e os objetos «verdadeiros» e «transcendentes» que eventualmente lhes correspondem, por outro: importa pouco que se interprete essa diferença como uma diferença existente entre um signo ou uma imagem realmente presentes na consciência e a coisa designada ou reproduzida pela imagem; ou então que se substitua, de qualquer outra maneira, ao objeto «imanente» um (…)
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Husserl (CCEFT:141-143) – A priori lógico e a priori do mundo da vida
13 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroDie Krisis der europäischen Wissenschaften und die transzendentale Phänomenologie, Husserliana, VI, La Haye, M. Nijhoff, 1954, pp. 141-143
[HUSSERL, Edmund. A crise das ciências europeias e a fenomenologia transcendental: uma introdução à filosofia fenomenológica. Tr. Diogo Falcão Ferrer. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2012, p. 112-114]
Se o nosso interesse exclusivo se dirige para o “mundo da vida”, temos de perguntar: está, então, o mundo da vida, como tema científico (…)
Notas
- Beaufret (1998:24-25) – Husserl e Heidegger
- Carman (2003:130n) – objetos matemáticos
- Caron (2005:135-136) – desacordo sobre o solo da fenomenologia (Husserl e Heidegger)
- Caron (2005:190) – Crítica heideggeriana da estrutura do ego transcendental
- Caron (2005:190-191 nota) – fenomenologia inacabada
- Caron (2005:712-713) – constituição do si mesmo
- Drummond (Husserl) – fundador da fenomenologia moderna
- Edith Stein (1987:Nota) – sur les Méditations cartésiennes
- Ernildo Stein (2012:33-35) – Lebenswelt enquanto antepredicativo
- Ernildo Stein (2012:35) – Lebenswelt e Urverdrängung (recalque)
- Ernildo Stein (2012:35-38) – Lebenswelt e significância (Bedeutsamkeit)
- Ernildo Stein (2015:86) – absoluto
- Franck (2014:11-13) – Descartes - o deslocamento que falsifica tudo
- Hebeche (2005:317) – solipsismo metodológico
- Henry (2002b) – Direto às coisas elas mesmas
- Henry (2002b) – Tanto aparência, tanto ser
- Husserl (1954:369-370) – horizonte e linguagem
- Husserl (Crise) – a racionalidade das ciências exactas
- Husserl (Ideias:§24) – princípio de todos os princípios
- Husserl – A constituição operada pela consciência