Investigações Lógicas, II, 1.a parte, trad. H. Élie, A. L. Kelkel e R. Schérer, Presses Universitaires de France, pp. 114-116
Aquilo que a proposição enunciativa π é um número transcendente quer dizer, o que nós entendemos por isso quando a lemos ou o que visamos quando a enunciamos não é um aspecto individual do nosso vivido mental que se contentaria com aparecer a cada ocasião. Este aspecto é, de toda a maneira, individualmente diferente de um caso para outro, enquanto que o sentido da (…)
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Husserl / Edmund Husserl
EDMUND HUSSERL (1859-1938)
OBRA NA INTERNET: LIBRARY GENESIS
HUSSERL, Edmund. Ideen zu einer reinen Phänomenologie und phänomenologischen Philosophie. Erstes Buch: Allgemeine Einführung in die reine Phänomenologie. (1976) / Ideias para uma fenomenologia pura e para uma filosofia fenomenológica: introdução geral à fenomenologia pura. Tr. Márcio Suzuki. Aparecida: Ideias & Letras, 2006
Matérias
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Husserl (IL2.1:114-116) – Unidade ideal da espécie
17 de fevereiro de 2015, por Cardoso de Castro -
Patocka (1971/2021) – eu corporal e corpo-vivente [Leib]
18 de dezembro de 2023, por Cardoso de CastroÉ bem sabido que a certeza do eu foi, para Descartes, certeza do ser e da essência. A dúvida hiperbólica conhece um limite intransponível na certeza do eu enquanto certeza da própria existência. Mesmo para a dúvida mais extrema, a existência do eu é um pressuposto. Esta existência não pode ser uma simples aparição, talvez enganosa, de um outro ser, mas aqui a aparição envolve a própria existência, é essencialmente existência-em-aparição, coisa que, para outros existentes, como, por exemplo, (…)
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Barbaras (2013) – sujeito
7 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroIndiscutiblemente Heidegger se inscribe en la perspectiva abierta por el descubrimiento husserliano del a priori de la correlación, razón por la que pone de relieve la necesidad de interrogarse sobre el sentido del ser del sujeto. En efecto, escribe en Los problemas fundamentales de la fenomenología:
Con esto decimos de nuevo que, sin duda ninguna, en el énfasis puesto en el sujeto, que es habitual en la filosofía desde Descartes, se encuentra un impulso genuino del preguntar filosófico, (…) -
Husserl (IL1:140-142) – Evidência e verdade
13 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroInvestigações Lógicas, I, trad. H. Élie, A. L. Kelkel e R. Schérer, Presses Universitaires de France, pp. 209-211
O empirismo em geral, tal como desconhece a relação existente no pensamento entre ideal e real, assim desconhece também a relação entre verdade e evidência. A evidência não é um sentimento acessório que, acidentalmente ou segundo uma lei da natureza, se junta a certos juízos. Não é, de modo nenhum, um carácter psíquico que se deixasse simplesmente aplicar a qualquer juízo de (…) -
Husserl (IFP:108-110) – Contingência da «tese» do mundo
13 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroHUSSERL, Edmund. Ideias para uma fenomenologia pura e para uma filosofia fenomenológica: introdução geral à fenomenologia pura. Tr. Márcio Suzuki. Aparecida: Ideias & Letras, 2006, p.
Toda percepção imanente garante necessariamente a existência de seu objeto. Se a apreensão reflexiva se dirige a meu vivido, apreendi um “algo ele mesmo” absoluto, cuja existência não pode por princípio ser negada, ou seja, é impossível por princípio a evidência de que ele não seja; seria um contra-senso (…) -
Monticelli (1997:157-158) – confiança
20 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroPortanto, nossa pergunta final é a seguinte. Deve haver uma ligação entre o ethos, o “modo de ser” ou, mais precisamente, a atitude afetiva fundamental em relação à vida, e aquela forma de desordem do espírito que se manifesta na interrupção da possibilidade da experiência verdadeira. Qual é essa ligação? Os “antigos” a vislumbraram, mas uma certa atitude impiedosa que consiste em ignorar a miséria real de um fenômeno humano em favor de sua possível grandeza é peculiar a eras magnânimas (tão (…)
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Husserl (IL2) – Objeto intencional e conteúdo imanente
13 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroInvestigações Lógicas, II, 2.a parte, trad. H. Élie, A. L. Kelkel e R. Schérer, Presses Universitaires de France, pp. 175-177
Quando me represento o deus Júpiter, este deus é um objeto representado, está «presente de uma maneira imanente» no meu ato, tem nele uma «existência mental». Quaisquer outras que sejam as expressões que possamos empregar, uma interpretação estrita revela-las-á errôneas. Represento-me o deus Júpiter quer dizer que tenho um certo vivido de representação, que na (…) -
Don Ihde (1991) – Qualidades, matematização e mundo da vida
18 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroDe acordo com Husserl, o que era “óbvio” para Galileu era uma longa tradição de relação e aplicação da geometria antiga em uma aparência platônica, de modo que o mundo empírico pudesse ser matematizado com certa intuitividade — mas apenas até certo ponto. As medidas e correspondências parciais eram conhecidas desde a antiguidade (e revividas no Renascimento [20]). Assim, sem especificar mais as origens, as proporções entre comprimentos de cordas e sons (harmônicos) e entre formas (…)
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Husserl (IFP1:60-63) – O empirismo assenta num preconceito
13 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroHUSSERL, Edmund. Ideias para uma fenomenologia pura e para uma filosofia fenomenológica: introdução geral à fenomenologia pura. Tr. Márcio Suzuki. Aparecida: Ideias & Letras, 2006, p. 60-63
O naturalismo empirista surge, como temos de reconhecer, de motivos altamente dignos de apreço. Ele é um radicalismo cognitivo-prático, que [61] pretende fazer valer, contra todos os “ídolos”, todos os poderes da tradição e superstição, toda espécie grosseira ou refinada de preconceito, o direito (…) -
Greisch: « Savoir voir » : les «yeux de Husserl » ou l’entrée en phénoménologie
29 de maio de 2017, por Cardoso de CastroExcertos das páginas 23-28, da edição PUF de 1994.
Deux auteurs dominent la nouvelle conception de la philosophie que Heidegger élabore pendant son temps de Privatdozent à Freiburg : Edmund Husserl et Wilhelm Dilthey. Nous examinerons ultérieurement de façon plus détaillée le rapport entre Heidegger et Husserl et les divergences croissantes entre ces deux génies antithétiques, précisément concernant leur conception différente de la phénoménologie. Cette divergence correspond au deuxième (…) -
Mitchell (2015:40-41) – objeto perceptual da fenomenologia e Bestand
21 de outubro de 2024, por Cardoso de Castro[…] a Bestand também mostra um contraste marcante com o objeto perceptual da fenomenologia. Parte da concepção husserliana do objeto — de fato, um princípio básico da própria fenomenologia — é que o objeto não é dado de uma só vez, mas sim em perfis e perspectivas. Husserl é sempre muito claro ao dizer que “a percepção de um todo não implica a percepção de suas partes e determinações”. É verdade que o “resto” do objeto é pretendido nesses perfis, seja como retido na memória ou obtido na (…)
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Husserl (CCEFT:141-143) – A priori lógico e a priori do mundo da vida
13 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroDie Krisis der europäischen Wissenschaften und die transzendentale Phänomenologie, Husserliana, VI, La Haye, M. Nijhoff, 1954, pp. 141-143
[HUSSERL, Edmund. A crise das ciências europeias e a fenomenologia transcendental: uma introdução à filosofia fenomenológica. Tr. Diogo Falcão Ferrer. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2012, p. 112-114]
Se o nosso interesse exclusivo se dirige para o “mundo da vida”, temos de perguntar: está, então, o mundo da vida, como tema científico (…) -
Husserl (OG) – A história como gênese do sentido
13 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroA Origem da Geometria, trad. J. Derrida, Presses Universitaires de France, pp. 201-203
Compreender a geometria e um fato de cultura dado em geral é já estar consciente da sua historicidade, ainda que de maneira «implícita». Mas isto não é uma locução vazia, pois é verdadeiro de maneira completamente universal, para todo o fato dado sob o título «cultura», trate-se da mais baixa cultura, relativa às necessidades vitais, ou da cultura mais elevada (ciência, Estado, Igreja, organização (…) -
Quintão – intencionalidade e ciência
18 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroA intencionalidade, que reduz o real à uma objetivação teórico-fenomenológica, o entende como um sistema, um conjunto de unidades, articuladas por subordinação e coordenação. A fenomenologia da ciência produz uma atitude que se realiza num projeto de experimentação, verificação e certeza do real, sistematicamente, objetivado. O aspecto noemático dessa generalização varia de acordo com a face visada da multiplicidade de modos de apresentação do fenômeno para a consciência. Segundo a (…)
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Didier Franck (1981:24-28) – analítica intencional e analítica existencial
5 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
1. Heidegger destaca muito claramente, no protótipo da percepção de uma coisa transcendente, uma diferença entre dois modos de dação, ou seja, uma diferença fenomenológica. Uma diferença hierárquica, um destes modos implicando necessariamente o outro. Mas, como em Husserl, a questão do sentido da carne não é colocada. (veja comentários)
2. Afirmar que a característica relevante da percepção é a corporização — Heidegger não fala aqui de presença encarnada — vem a alinhar-se com o (…) -
Husserl (IL1:84-86) – Irredutibilidade das leis lógicas
13 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroInvestigações Lógicas, I, trad. H. Élie, A. L. Kelkel e R. Schérer, Presses Universitaires de France, pp. 84-86
Todo o conhecimento «começa com a experiência», mas isso não quer dizer que «derive» da experiência. O que afirmamos é que toda a lei relativa aos fatos deriva da experiência, o que implica precisamente que não pode ser fundada senão pela indução resultante de experiências singulares. Se é verdade que há leis captadas com evidência, não podem, portanto, ser (imediatamente) leis (…) -
Ladrière (FPC) – A filosofia e o fundamento da ciência segundo Husserl
28 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroLadrière, Jean. FILOSOFIA E PRÁXIS CIENTÍFICA. Org. Olinto Pegoraro. Tr. Maria José J. G. de Almeida. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1978 O presente estudo sobre filosofia e ciência é o texto de uma conferência pronunciada diante do Philosophy Club da Universidade de Saint Louis, nos Estados Unidos, a 19 de abril de 1958. O texto foi originalmente escrito em francês e depois traduzido para o inglês. Foi o texto inglês que serviu de base à tradução em português que aqui se publica.
Mais (…) -
Ernildo Stein (2012:30-33) – Lebenswelt e ser-no-mundo
5 de fevereiro de 2024, por Cardoso de CastroA redução transcendental coloca entre parênteses a realidade em sua existência exterior reproduzindo-a nos polos (vividos) da consciência, noesis e noema (sujeito e objeto), vivendo-a numa espécie de universalidade e não na sua existência concreta.
Então, a palavra Lebenswelt ligava-se de alguma maneira com a questão da existência. Como a questão da existência, em Husserl, era menosprezada e como era necessário excluir a fé na existência ao praticar a redução fenomenológica, evidentemente (…) -
Husserl (LFLT:327-329) – A constituição operada pela consciência
12 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroExcerto de Lógica Formal e Lógica Transcendental. trad. S. Bachelard, Presses Universitaires de France, 1984, pp. 327-329
tradução
A referência universal de tudo o que é concebível para um eu à vida da sua consciência é, sem dúvida, bem conhecida já desde Descartes como um fato filosófico fundamental e dela se fala muito, em particular na época moderna. Mas não serve de nada filosofar por alto sobre este tema e esconder esta referência à consciência com redes de pensamento — por muito (…) -
Creusa Capalbo: principais conceitos da fenomenologia de Husserl
6 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroCAPALBO, Creusa. Fenomenologia & Ciências Humanas. Âmbito Cultural Edições, 1987
1.1 Introdução
A primeira obra que Husserl publicou em 1891 foi a Filosofia da Aritmética, onde ele analisa o conceito de número, o método usado pela matemática e o caráter lógico de seus conceitos e de seus princípios.
Já nesta obra Husserl assinala a diferença existente entre o conceito de número e o processo de enumeração, referentes respectivamente ao seu aspecto lógico e ao seu aspecto (…)
Notas
- Beaufret (1998:24-25) – Husserl e Heidegger
- Carman (2003:130n) – objetos matemáticos
- Caron (2005:135-136) – desacordo sobre o solo da fenomenologia (Husserl e Heidegger)
- Caron (2005:190) – Crítica heideggeriana da estrutura do ego transcendental
- Caron (2005:190-191 nota) – fenomenologia inacabada
- Caron (2005:712-713) – constituição do si mesmo
- Drummond (Husserl) – fundador da fenomenologia moderna
- Edith Stein (1987:Nota) – sur les Méditations cartésiennes
- Ernildo Stein (2012:33-35) – Lebenswelt enquanto antepredicativo
- Ernildo Stein (2012:35) – Lebenswelt e Urverdrängung (recalque)
- Ernildo Stein (2012:35-38) – Lebenswelt e significância (Bedeutsamkeit)
- Ernildo Stein (2015:86) – absoluto
- Franck (2014:11-13) – Descartes - o deslocamento que falsifica tudo
- Hebeche (2005:317) – solipsismo metodológico
- Henry (2002b) – Direto às coisas elas mesmas
- Henry (2002b) – Tanto aparência, tanto ser
- Husserl (1954:369-370) – horizonte e linguagem
- Husserl (Crise) – a racionalidade das ciências exactas
- Husserl (Ideias:§24) – princípio de todos os princípios
- Husserl – A constituição operada pela consciência