4. A negação do existencial nos idealismos derivados de Kant — em particular no de Hegel — criou a necessidade artificial de uma reconstrução do mundo pelo próprio homem, agora abandonado a si mesmo, mas tomado da consciência idealista de que a realidade decorre dele mesmo e será tal qual sua razão a construir e sua vontade a plasmar: esta é [145] uma dimensão do criticismo kantiano, que atribui ao homem a tarefa de plasmar e replasmar o mundo, num desesperado esforço de retorno ao concreto; (…)
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Existencialismo
Citações das obras de Kierkegaard , Dostoiévski , Sartre e outros
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Barbuy: senso comum (4) - realidade
6 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro -
Barbuy: senso comum (3) - metafísica
6 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro3. Com a teoria do universal matemático, este novo método que deveria eliminar do campo da verdade tudo quanto é realidade, instaura-se uma separação definitiva entre a vida e a filosofia, pelo desaparecimento da Metafísica. Antes de Descartes [140], a palavra Metafísica não significava um universo de essências etéreas e relações abstratas; a metafísica significava justamente o que ela é, ou seja, uma ciência da realidade compreendida não como oposição mas como sinônimo da verdade; uma (…)
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Barbuy: senso comum (2) - personalidade
6 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro2. É fora de dúvida que o senso comum, sob a forma da consciência sensível ou moral, unida à inteligência produz o sentimento da personalidade. A crise do senso comum, isto é, o isolamento entre as elaborações da inteligência e o mundo da realidade representa uma dissociação da personalidade: nem por menos a loucura é uma desintegração das faculdades internas de que resulta uma inadequação do indivíduo com a realidade; a loucura pode não destruir a razão, mas destrói sempre o senso comum que (…)
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Barbuy: senso comum (1) - senso interno
6 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro1. Poder-se-ia indiferentemente falar em crise do senso comum ou crise da intuição originária. O que se desejaria entender pela expressão “senso comum” não é outra cousa senão a intuição profunda da realidade concreta, uma faculdade que não é comum no sentido de que pertença necessariamente a todos e sim no sentido de ser distinta e comum a todas as faculdades que nos ligam à realidade, dominando-as e unificando-as numa síntese, a que tanto se pode denominar sabedoria da vida, como visão da (…)
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Barbuy: ser unívoco e ser análogo II
6 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroTodo panteísmo encerra, de fato, a mesma contradição interna do sistema platônico e da qual Platão, em diversas passagens se deu perfeitamente conta, a saber: De que modo pode a multiplicidade participar da unidade da Ideia? De que modo pode uma Ideia determinada, sem deixar de ser ela mesma, participar da unidade do verdadeiro ser, vere ens? — Pois, como observa Etienne Gilson , se começamos por dizer que a Ideia é, porque é Una, (e o que é tem que ser idêntico a si mesmo), admitimos ao (…)
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Barbuy: ser unívoco e ser análogo I
6 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroIntuir na realidade o que a realidade é, qual é a sua estrutura, o seu — ontos ón — é o mesmo que buscar o ser da realidade. Mas este ser, como se apresenta? Heráclito, afirmando a perpétua mudança, o fluir incessante de todas as cousas do mundo incerto e transitório, tinha negado os princípios primeiros da Inteligência, afirmando do ser ao mesmo tempo que é e não é.
Refutando esta contradição Parmênides enunciou o princípio de contradição, pelo qual o que é, é; o que não é, não é; ou como (…) -
Barbuy: Três concepções do ser
6 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroOra o ser pode afirmar-se de dois modos e negar-se de um modo. O ser pode afirmar-se univocamente. O ser pode afirmar-se analogicamente. E o ser pode negar-se equivocamente. O unívoco, o equívoco, o análogo, tais são os três aspectos debaixo de um ou outro dos quais podemos considerar o que é, do ponto de vista lógico.
Se dissermos que o ser é unívoco, colocar-nos-emos no ponto de vista lógico, sem atentar para a inteligibilidade análoga do real e afirmaremos que a palavra ser designa (…) -
Barbuy: Das capas da realidade
6 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroQuando começamos a perguntar o que é a realidade, começamos também a perguntar o que é. A primeira visão que se nos oferece neste mundo sujeito à mudança e à corrupção é constituída por um conjunto de qualidades, de fenômenos — (o que Heidegger recentemente denominava “mundo à mão”, zuhandene Welt); a primeira capa da realidade não é senão aquela que os sentidos percebem, feita só de mudança e de acidente, dos objetos que nos cercam e com os quais vivemos, de cuja realidade não duvidamos e (…)
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Barbuy: Do ser e das faculdades cognitivas
6 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroA visão científico-naturalista do mundo e da vida falsifica a realidade justamente porque ignora a única realidade real, o que os gregos denominavam — dytos dy — que são as substâncias e só considera os acidentes, os quais não existem senão nas e pelas substâncias. A concepção “científica” do mundo, entendendo que a noção de substância é pura invenção do espírito, como queria Locke, visualiza um só aspecto da realidade, qual seja por exemplo a categoria da quantidade (a que menos determina o (…)
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Barbuy: Do ser e do sentido da vida
6 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroAlém de todas as contradições em que incorre a negação verbal do ser, contradições de ordem lógica, gnoseológica, psicológica e ontológica, — o racionalismo, ou seja, a visão “científico-naturalista” do mundo tem o peculiar característico de eliminar o valor e o sentido da vida.
Claro está que a vida só pode ter um valor e um sentido, dada a objetividade do real e a transcendentalidade do ser, dentro duma ontologia realista, a qual nos faça do ponto de vista intelectual, volitivo e (…)