I — O ego é primeiramente uma síntese consciente de infinito e de finito, que se relaciona consigo mesma e cujo fim é tornar-se ela mesma, o que só pode fazer relacionando-se com Deus, que a colocou como síntese. Salvar-se é tornar-se si mesmo em suas relações com Deus. Este tornar-se si mesmo é certamente um vir-a-ser concreto, que não se pode cumprir nem só num, nem só noutro dos termos da antítese, senão se estabelece a desarmonia, o desespero, pela negação do finito, ou do infinito. O (…)
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Existencialismo
Citações das obras de Kierkegaard , Dostoiévski , Sartre e outros
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Barbuy: Kierkegaard (2) - Formas do Desespero
8 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro -
Barbuy: Kierkegaard (2) - Formas do Desespero
8 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroI — O ego é primeiramente uma síntese consciente de infinito e de finito, que se relaciona consigo mesma e cujo fim é tornar-se ela mesma, o que só pode fazer relacionando-se com Deus, que a colocou como síntese. Salvar-se é tornar-se si mesmo em suas relações com Deus. Este tornar-se si mesmo é certamente um vir-a-ser concreto, que não se pode cumprir nem só num, nem só noutro dos termos da antítese, senão se estabelece a desarmonia, o desespero, pela negação do finito, ou do infinito. O (…)
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Barbuy: Kierkegaard (1) - Desespero
8 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroA teoria do desespero em Kierkegaard demonstra que o drama do espírito humano não tem apenas raízes psicológicas, mas radica também no próprio ser do homem; o desespero é ôntico, é uma categoria do espírito, como o pecado, e não pode ser examinado só como sintoma de neuroses colhidas na infância individual. O desespero que resulta, segundo Kierkegaard, do querer ser si mesmo ou do não querer ser si mesmo, vem de uma discordância interna da síntese que o homem é: síntese de finito e de (…)
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Barbuy: Kierkegaard (1) - Desespero
8 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroA teoria do desespero em Kierkegaard demonstra que o drama do espírito humano não tem apenas raízes psicológicas, mas radica também no próprio ser do homem; o desespero é ôntico, é uma categoria do espírito, como o pecado, e não pode ser examinado só como sintoma de neuroses colhidas na infância individual. O desespero que resulta, segundo Kierkegaard, do querer ser si mesmo ou do não querer ser si mesmo, vem de uma discordância interna da síntese que o homem é: síntese de finito e de (…)
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Barbuy: Progresso (10) - progresso indefinido
7 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro10. Mas a ideia do progresso ilimitado, não é apenas uma adulteração do testemunho bíblico do paraíso perdido: e também uma grotesca materialização da doutrina católica da salvação. O Cristianismo instaurou uma noção do progresso toda espiritual, como de uma purificação e ascensão para o alto: tal é também a fisionomia das torres góticas que se afilam na proporção em que ascendem. Mas a ideia cristã do progresso é a de um progresso individual, pelo aperfeiçoamento interior, na ascensão (…)
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Barbuy: Progresso (9) - Paraíso Perdido
7 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro9. Em quase todos os povos antigos a legendária reminiscência de um Paraíso Perdido se associou a uma inconsciente noção regressiva da história. Esta noção é implícita ao culto dos antepassados, à crença de que o fundador da cidade era um herói semi-divino, do qual se descendia, declinando. As virtudes do passado assomavam como valores perdidos pelo presente e a tradição, em vez da revolução, adquiria um sentido social predominante. A reminiscência de um passado feliz e distante se encontra (…)
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Barbuy: Progresso (8) - Paraíso no futuro
7 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro8. O mito do progresso indefinido, negando o pecado original, a ordem natural e as essências ônticas, não é outra cousa senão o produto de uma inversão pela qual se colocou, no futuro da sociedade terrestre, o Paraíso Perdido, que todas as tradições colocavam no passado. Tendo rejeitado a crença bíblica no Paraíso que foi perdido, os sociólogos, historiadores, filósofos e reformadores progressistas, delinearam a maneira pela qual a sociedade terrestre deveria encontrar o paraíso a ser (…)
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Barbuy: Progresso (7) - progressismo século XIX
7 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro7. Mas, o século XIX contemplou a história como progresso plasmador da sua própria grandeza: não fez história, mas autobiografia. O progresso da ciência físico-química e as descobertas técnicas estavam patentes aos olhos de todos, anunciando os poderosos instrumentos de ação e destruição dos tempos hodiernos. E já porque todo esse progresso nasceu do triunfo da civilização urbana sobre a religiosidade camponesa; e já porque a intuição camponesa dos valores vitais lhes infunde o sentido da (…)
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Barbuy: Progresso (6) - progressismo e fatos históricos
7 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro6. Se para o que se refere à origem e ao progresso do mundo cósmico, o monismo não é senão uma forma do panteísmo, isto é, uma teoria de que não se pode destacar uma causa substancial causante, a situação absolutamente não é outra, quando a ideia de progresso se exerce no exclusivo domínio da história, que é o seu terreno habitual. Não se distinguindo essencialmente entre matéria e forma, entre causa eficiente e causa final, torna-se indiferente indicar como fonte do desenvolvimento a (…)
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Barbuy: Progresso (5) - devenir incessante
7 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro5. Quando se verifica que a ideia do progresso indefinido, do devenir incessante, constituiu o fulcro de onde emanaram atividade e pensamento contemporâneos, justo será perguntar em que espécie de progresso se tem acreditado tão fanaticamente: se no moral ou no econômico; no espiritual ou no material; no afetivo ou no intelectual. O progressismo, porém, não saberia dar uma resposta: a ideia de progresso nunca foi formulada claramente, tendo agido antes com a força de um mito. As teorias do (…)