O aforismo acima reproduzido contém os elementos necessários para uma compreensão provisória e funcional do significado da morte de Deus, atendendo aos objetivos e limites impostos por esta introdução. Ele narra uma história fictícia na qual se confrontam um personagem chamado de “homem desvairado” e um grupo de homens localizado em uma praça. O anúncio da morte de Deus não é efetuado por qualquer tipo de prova racional acerca da sua inexistência. Não se trata de um gesto tradicional do (…)
João Cardoso de Castro (doutor Bioética - UFRJ) e Murilo Cardoso de Castro (doutor Filosofia - UFRJ)
Matérias mais recentes
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Marques Cabral (2014:29-32) – morte de Deus e niilismo
12 de novembro de 2024, por Cardoso de Castro -
Marques Cabral (2014:17-21) – estratégias de enfrentamento do niilismo
12 de novembro de 2024, por Cardoso de Castro[…] duas estratégias muito comuns no enfrentamento atual da experiência do niilismo, a saber, a estratégia nostálgica e a estratégia remoralizadora. Por vezes agindo de modo complementar e outras agindo autonomamente, essas estratégias têm em comum a intenção de corrigir o niilismo através do enfrentamento de seus efeitos. Não é raro escutarmos críticas incisivas ao mundo contemporâneo, não somente a partir de princípios vinculadores antigos, mas sobretudo em prol de sua rememoração, além da (…)
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Marques Cabral (2014:15-17) – niilismo
12 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroA assunção do niilismo como um dos temas centrais das discussões filosóficas no âmbito acadêmico tornou-se talvez hoje lugar-comum. Diversos são os lugares de tematização dessa questão. Colóquios, congressos, livros, revistas especializadas, etc. são dedicados à questão do niilismo e a seus impasses no mundo contemporâneo. No entanto, pelo que tudo indica, o eixo hermenêutico norteador das diversas abordagens do niilismo pode ser denominado de apocalíptico, caso levemos em consideração a (…)
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Beaini (1981:46-52) – homem e ser
11 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroNosso título refere-se à essência (o que constitui uma coisa enquanto tal, o que a define de modo mais próprio) humana. Mas em que consiste a essência do homem? Já mostramos que o homem não é alguém que se fecha em si, ele constitui-se pelo fato de sair de si, de abrir-se.
Heidegger fala da essência do homem nos seguintes termos:
“A ‘essência’ do ser-aí em sua existência.”
Mas, o que é a existência? É deste tema, e de outros nele implicados, que passaremos a tratar. Ec-sistir é (…) -
Hebeche (2005:331-335) – o sentido do histórico
11 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroComo vimos, o que levou Heidegger, em meados dos anos 20, a tematizar o método da filosofia foi a pergunta pelo sentido do histórico. Ele assume uma posição no conflito entre a experiência da vida fática e o histórico, isto é, rejeita o “caminho platônico” em que o histórico é simplesmente abandonado, ou seja, de que a auto-afirmação da ideia é feita à custa do abandono da própria história; rejeita igualmente a via da completa auto-entrega ao histórico, como o faz Spengler, e afasta-se (…)
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Mitchell (2015:71-74) – Terra em Geviert
10 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroEm Geviert, a terra nomeia o que tradicionalmente poderíamos pensar como a “base material” da coisa. Essa afirmação só pode ser mantida se entendermos “material” e “base” de maneiras bem distintas de seu emprego tradicional na história da filosofia. Isso quer dizer que, estritamente falando, a Terra não é “material” nem uma “base”. O papel da terra dentro do Geviert transforma todas as nossas expectativas habituais do que é considerado terra ou mesmo terreno, pois a “matéria” da terra nada (…)
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Krell (1992:42-46) – categorias fundamentais do “sentido relacional” da vida [Bezugssinn]
8 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroA análise de Heidegger da vida fática como relação com o mundo circundante (Umwelt), o mundo dos outros e o mundo do meu si (Selbstwelt), que não é de forma alguma o “si” cogitativo ou a intuição intelectual da filosofia reflexiva, merece o estudo mais meticuloso […] Terei de me contentar com uma breve [43] listagem das quatro categorias fundamentais do “sentido relacional” da vida, Bezugssinn, o sentido de sua relação com o mundo.
(1) Neigung, “inclinação”, “propensão” ou “tendência”: a (…) -
Krell (1992:295-296) – círculo de cada forma de vida
7 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroNas aulas de biologia de 1929-1930, “bestirring” (Regung) não é o nome definitivo para a animação da vida. Ali, Heidegger define a essência da animalidade em termos de comportamento entorpecido (Benommenheit) e a luta do animal com seu mundo empobrecido em um círculo de desinibições (Ringen, Umring, Enthemmungsring). No final de sua análise (GA29-30, §66), ele enfatiza a especificidade pela qual cada forma de vida é transposta (versetzt) em seu círculo. Com um gesto antidarwinista que é (…)
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Thomas P. Kasulis (2013) – Nishitani Keiji
7 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroNishitani Keiji. Como aluno de Nishida e membro da segunda geração da Escola de Kyoto, Nishitani não estava mais limitado pelos limites retóricos que seu mestre havia imposto à sua própria escrita. Graças aos esforços de Nishida, ninguém mais questionava se a “filosofia” poderia ser escrita em japonês. Portanto, tanto em questões de estilo quanto de conteúdo, Nishitani pôde encontrar sua própria voz, talvez seguindo algumas dicas de seu mentor alemão, Martin Heidegger. De fato, a transição (…)
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Beistegui (2022:21-22) – estupidez e ignorância
7 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroA Universidade de Warwick, onde lecionei por muitos anos, é protegida por uma grande escultura de aço inoxidável retorcido de Richard Deacon. Como uma criatura mitológica, ela adverte os transeuntes com as palavras “Let’s Not Be Stupid” (Não sejamos estúpidos). Como, você se pergunta, devo interpretar esse título desconcertante: como um aviso, um convite bem-humorado, uma provocação, uma exortação? Desde a Academia de Platão, as instituições acadêmicas têm se dedicado à busca do conhecimento (…)