Stimmungen são quaisquer formas de vibrar com a situação que Befindlichkeit torna possível. “Befindlichkeit” é ainda mais polêmico e difícil de traduzir do que Stimmung (para discussão, consulte, por exemplo, Slaby, 2021: 243-4). Alguns intérpretes preferem deixá-la sem tradução, como tenho feito. Todos concordam que uma tradução está fora de questão: a de Macquarrie e Robinson em sua tradução inglesa de Being and Time — a saber, ’state-of-mind’.. Como Charles Guignon (2003 (1984): 184) (…)
João Cardoso de Castro (doutor Bioética - UFRJ) e Murilo Cardoso de Castro (doutor Filosofia - UFRJ)
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Katherine Withy (2024:5-7) – encontrar-se [Befindlichkeit]
6 de novembro de 2024, por Cardoso de Castro -
Katherine Withy (2024:3-5) – tonalidade [Stimmung]
6 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroEm Ser e Tempo (1927), Befindlichkeit é uma das três estruturas que explicam nossa abertura à sentido e à importância (SZ §29). (As outras duas são a compreensão (Verstehen) e a fala (Rede). Befindlichkeit é a dimensão de nossa abertura pela qual nos vemos afetados por coisas que nos atingem ou importam para nós (angehen). Tem a ver com encontrar-se (finden), receptividade, passividade, dependência, localização, determinação e passado, bem como com afetos (sentimentos, emoções, humores). (…)
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Sloterdijk (2016:73-76) – teoria das esferas
5 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroA presente prestação de contas da ascensão e mudança de forma das esferas é, tanto quanto sabemos, a primeira tentativa, após o fracasso da chamada morfologia da história do mundo de Oswald Spengler, de atribuir novamente a um conceito formal uma posição do mais alto escalão em um estudo de antropologia e teoria da cultura. As pretensões morfológicas de Spengler, mesmo buscando o patrocínio de Goethe, estavam condenadas ao malogro, porque traziam para seus objetos um conceito de forma com o (…)
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Schuback (2013:Prefácio) – As "Contribuições à Filosofia" [GA65]
4 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroHeidegger chamou as Contribuições [GA65] de uma “tentativa e ensaio” (Versuch) de encenar o aceno de um outro começo, na “era da passagem da metafísica para o pensamento historial de ser (das seynsgeschichtliche Denken)”. A primeira vista, as Contribuições apresentam-se como uma radicalização do tema da “superação da metafísica”, no qual em questão está uma “mudança de essência do homem” (Wesenswandel des Menschen) do “animal racional” para a “pre-sença” (Da-sein), a passagem do primeiro (…)
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Haar (1987/1993:5-6) – Terra
4 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroMas por que a técnica ameaça a Terra? Como ela pode abalar o “solo” de nossa morada — em alemão, o Bodenständigkeit, a capacidade de se apoiar no solo e de se manter sobre ele? Como é que a técnica pode produzir uma crise universal de morada? “A ausência de morada (ou falta de morada: Heimatlosigkeit) torna-se um destino mundial.” [GA9:336] Esse tipo de desenraizamento é mais profundo do que qualquer fenômeno puramente sociológico ou político. Quando o mundo é reduzido a uma rede de conexões (…)
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Sallis (2019:95-97) – corpo e mundo percebido
4 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroA recuperação do corpo fenomenal por Merleau-Ponty tem duas consequências principais. Elas são trabalhadas nas Partes Dois e Três da Fenomenologia da Percepção, respectivamente:
(1) Se o corpo é subjetivado, então a consciência é, por sua vez, radicalmente encarnada. Ou seja, se a consciência é essencialmente fundada na existência corporal e se essa existência permanece sempre comprometida pelo corpo, então a consciência nunca é pura consciência.
Portanto, não há possibilidade de escapar (…) -
Sallis (1990:15-18) – não-filosofia
4 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroA não-filosofia não pode deixar de ser atraída de volta para a própria filosofia. Em primeiro lugar, pelo fato de ser assim chamada, ou seja, pela torção entre o que seria chamado de não-filosofia e o próprio nome. Pois ela é nomeada simplesmente por oposição; e, como resultado, o conteúdo pelo qual o nome determinaria aquilo que é nomeado não-filosofia não é outro senão o do próprio conceito de filosofia, simplesmente submetido à negação. Se a não-filosofia fosse o seu nome próprio, o nome (…)
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Dreyfus & Taylor (2015:34-37) – coisas, correlatos do envolvimento preocupante
3 de novembro de 2024, por Cardoso de Castro[…] Em Sein und Zeit, Heidegger argumenta que as coisas são reveladas primeiramente como parte de um mundo, ou seja, como correlatos do envolvimento preocupante, e dentro de um todo de tais envolvimentos. Isso desmascara certas características básicas da imagem desvinculada. Primeiro, seguindo Kant, o atomismo da entrada é negado pela noção de um todo de envolvimentos. Mas isso também anula outra característica básica da imagem clássica: que a entrada primária é neutra e somente em um (…)
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Dreyfus & Kelly (2011:82-84) – deixar-se sintonizar pelos deuses
3 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroOS GREGOS HOMÉRICOS estavam abertos para o mundo de uma forma que mal conseguimos compreender. Com toda a nossa habilidade moderna de introspecção de nossos estados internos, tendemos a pensar que as melhores atividades humanas são aquelas que são pensadas internamente, completamente e bem. Tendemos até mesmo a pensar em nossos estados de espírito como experiências privadas, internas, às quais os outros não têm acesso. Os gregos, por outro lado, se sentiam como cabeças vazias voltadas para (…)
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Dreyfus & Kelly (2011:77-81) – não somos a única fonte agente das ações
3 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroNÃO É PRECISO acreditar que os deuses gregos realmente existem para obter algo profundo e importante do senso de sagrado de Homero. No entanto, é preciso rejeitar a ideia moderna de que ser um agente humano é ser a única fonte de suas ações. Como essa noção moderna de agência humana é tão difundida, ela pode nos levar a agir de maneiras que escondem os fenômenos aos quais Homero era sensível. Para ver isso, vamos explorar brevemente a visão moderna.
É natural e intuitivo para nós — de (…)