A reflexão de Heidegger, realizada nesse texto , pode ser desdobrada nos seguintes passos fundamentais:
1. liga suas afirmações ao elemento inspirador de Ser e Tempo, o problema do ser;
2. visa, entretanto, a uma superação do primeiro passo que representa essa obra básica (GA9:WiM 13);
3. verifica que a filosofia chegou a seu fim, auxiliado pelas análises de toda a história da filosofia;
4. experimenta a necessidade de estabelecer a tarefa do pensamento futuro;
5. uma tal tarefa (…)
João Cardoso de Castro (doutor Bioética - UFRJ) e Murilo Cardoso de Castro (doutor Filosofia - UFRJ)
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Ernildo Stein (2001:396-399) – "Fim da Filosofia…" [GA14]
17 de novembro de 2024, por Cardoso de Castro -
Ernildo Stein (2012b:128-130) – biografia psicanalítica não é uma história
17 de novembro de 2024, por Cardoso de Castro[…] “A história de uma vida, a “biografia psicanalítica”, não é propriamente uma história. No fundo, ela é uma corrente causal-naturalística, uma corrente de causas e efeitos e, ainda por cima, uma corrente construída” [GA89]. Aqui, Heidegger remete a uma parte de Ser e tempo, que trata da historicidade .
Sabemos que a analítica existencial fica de pé ou cai na possibilidade de defendermos a historicidade do ser humano. Esse tema procura, basicamente, demonstrar as diversas dimensões do (…) -
Ernildo Stein (2012b:158-160) – interpretação em Heidegger e na psicanálise
17 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroAqui, eu gostaria de iniciar o terceiro item da minha exposição, que é o enigma da interpretação . A hermenêutica reconhece que eu não posso despedaçar o mundo e recompô-lo a partir de critérios de racionalidade, como se faz no campo das ciências empírico-matemáticas. No paradigma hermenêutico, somos obrigados a reconhecer que somente podemos conquistar certas “fatias” da realidade para interpretá-las, mas o todo disso tudo permanece enigmático. Do mesmo modo, em relação ao sujeito, nós (…)
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Ernildo Stein (2012b:154-156) – polissemia e disseminação de significados
17 de novembro de 2024, por Cardoso de Castro[…] enquanto a polissemia fala em origem do significado pela significância , na qual esta é o ponto que se multiplica e se dissemina em múltiplos significados, [por outro lado,] partindo de um ponto que se multiplica e se dissemina, a disseminação afirma que, na origem, temos múltiplos elementos disseminados e, por meio deles, podemos descobrir como algo se constitui, isto é, significa. A primeira posição, da polissemia, é a de Heidegger; a segunda, da disseminação, é a de Freud.
Em (…) -
Ernildo Stein (2012b:154-156) – hermenêutica da facticidade
17 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroA segunda parte que eu gostaria de iniciar, agora, trata da hermenêutica da faticidade ou da teoria da compreensão heideggeriana. O que Heidegger tenta elaborar é um novo método para a compreensão do ser humano, mas não desde fora, desde um grande significante. Quando temos o ser humano situado apenas no universo da temporalidade , temos como hipótese uma interpretação por meio da analítica existencial ou, como ele chamou inicialmente, de hermenêutica da faticidade. Esta tem como meta, (…)
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Ernildo Stein (2012b:170-171) – Compreensão do ser em companhia do acontecer
17 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroO cuidado se constitui como ser do ser-aí porque nele se estabelece uma relação circular entre afecção e compreensão , na medida em que é eliminada a ideia de representação e substituída por um modo de ser-em , de ser-no-mundo e de relação do ser-aí consigo mesmo , como ter-que-ser e ser-para-a-morte (faticidade e existência). O cuidado é o ser do ser-aí porque o ser-aí tem nele o horizonte de seu sentido: a temporalidade . Então o cuidado, com sua tríplice estrutura temporal de futuro, (…)
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Ernildo Stein (2012b:167-169) – A alma é de algum modo todas as coisas
16 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroA originalidade da intuição heideggeriana, quando introduz a compreensão do ser, consiste no fato de introduzir na Filosofia um terceiro nível de problematização nas questões da ontologia, por meio do ser-aí que tem um modo privilegiado de ser. Já em Aristóteles temos o nível do ser enquanto ser e o nível do ser do ente. Questões avulsas em Aristóteles apontam para um terceiro nível que também é de [168] caráter ontológico e que não é simplesmente empírico. Quando este filósofo observa que (…)
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Borges-Duarte (2022) – Ereignis
16 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroA abordagem decisiva baseia-se na concepção heideggeriana de Ereignis. Em seu uso, desde a época dos Beiträge [GA65], essa noção aprofunda e abrange o que inicialmente pretendia ser indicado pelo termo Dasein, em sua poderosa riqueza conceitual. Não apenas, portanto, em sua dimensão de “ser-aí”, que capta a facticidade do ser em sua modalidade humana, tendo de ser o que já é lançado ao ser e ao projeto em sua circunstância intramundana, mas também e sobretudo seu “ser-aí”, como caráter (…)
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Richir (1996:274-276) – Gênesis I, 1-5
15 de novembro de 2024, por Cardoso de Castro2) A elaboração simbólica do monoteísmo é confrontada aqui [Gênesis I, 1-5] com uma dificuldade formidável, cuja “resolução” (que não é uma “solução”) traz a marca de sua instituição simbólica. De fato, nas teogonias mitológicas, a criação e a genealogia dos deuses foram, ao mesmo tempo, à sua maneira enigmática, o estabelecimento de um tecido linguístico que, por meio da mediação de intrigas divinas e da recodificação simbólica em termos de deuses, gradualmente trouxe ordem, como se por (…)
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Richir (1996:15-17) – Gestell simbólico
15 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroIsso nos leva a outra característica, não menos essencial, da instituição simbólica: se há sucessivas elaborações simbólicas, que podem ser cada vez mais refinadas (o que entendemos por “civilização”), de uma instituição simbólica, e que a levam à historicidade simbólica, que até mesmo, às vezes — isso acontece na História, embora raramente —, levam a rupturas simbólicas e ao surgimento de uma nova instituição simbólica (por exemplo: filosofia, ciência moderna, várias religiões ou democracia (…)