J.-P. Sartre, L’Être et le Néant, p. 514-515.
Quando descrevi a consciência, não poderia tratar-se de uma natureza comum a certos indivíduos, mas sim da minha consciência singular que, como minha liberdade, está além da essência ou — como mostramos diversas vezes — para quem ser é ter sido.
Para alcançar essa consciência em sua própria existência, dispunha justamente de uma experiência singular: o cogito. Husserl e Descartes pedem ao cogito que lhes revele uma verdade de essência: em um, (…)
João Cardoso de Castro (doutor Bioética - UFRJ) e Murilo Cardoso de Castro (doutor Filosofia - UFRJ)
Matérias mais recentes
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Liberdade (Sartre)
7 de abril, por Cardoso de Castro -
Há um lado do mundo que não está voltado para nós (Gabriel Marcel)
4 de abril, por Cardoso de CastroGMarcel1951
[…] Talvez deva ser acrescentado que aquilo de que nunca se tem certeza de alcançar ou ter alcançado é um objetivo: ora, um objetivo envolve alguma ação ou projeto. No entanto, o autor aqui nos diz claramente que "a experiência interior é o contrário da ação, que por sua vez está inteiramente subordinada ao projeto". Além disso — e isso é importante — o próprio pensamento discursivo está envolvido no modo de existência do projeto. (Aqui o autor usa uma linguagem característica (…) -
Há um lado do mundo que não está voltado para nós (Gabriel Marcel)
4 de abril, por Cardoso de CastroGMarcel1951
Mas, em minha opinião, nada mostra mais claramente as profundas diferenças que separam Rilke dos filósofos existencialistas como Heidegger ou Jaspers — que, explícita ou implicitamente, negam a realidade do jenseits ou do Além — do que essa disponibilidade em relação ao oculto.
Poder-se-ia objetar que a declaração de fidelidade à terra encontrada, por exemplo, na Nona Elegia, parece sugerir, como contrapartida, uma negação similar do outro mundo. Mas é preciso ter cuidado (…) -
Situações-limite (Gabriel Marcel)
4 de abril, por Cardoso de CastroGMarcel1940
Observemos desde já que é nas situações-limite — diante, por exemplo, da morte, do sofrimento, do pecado — que veremos operar-se a misteriosa passagem da existência ao transcendente. E transcrevo aqui, antecipadamente, por serem essenciais para a compreensão do que há de mais vigoroso no pensamento de Jaspers e também da estreita relação que o une a Heidegger, estas poucas linhas que definem o que se deve entender por situações-limite (II, p. 203): "Situações como a de estar (…) -
Abstração (Gabriel Marcel)
4 de abril, por Cardoso de CastroGMarcel1940
No entanto, por uma anomalia que se dissipa com a reflexão, quanto mais eu enfatizar essa objetividade das coisas, cortando o cordão umbilical que as liga à minha existência, ao que chamei de minha presença organo-psíquica em mim mesmo — quanto mais eu afirmar a independência do mundo em relação a mim, sua radical indiferença ao meu destino, aos meus próprios fins — mais esse mundo, assim proclamado como o único real, se converterá em um espetáculo sentido como ilusório, um (…) -
Apresentação (Gabriel Marcel)
4 de abril, por Cardoso de CastroGMarcel1950
Heidegger, no ensaio ao qual aludi no início desta palestra [Da Essência da Verdade (GA9)], destacou a importância da noção de abertura para qualquer teoria da verdade — ou talvez a noção de estar aberto. Sua palavra em alemão é "Offenständigkeit", e os tradutores franceses cunharam "aperité" como equivalente. O que ele realmente busca é encontrar uma base de possibilidade para aquela adequação entre a mente e a coisa que constitui um juízo verdadeiro em si mesmo.
Eis um (…) -
O mundo fechado, do falatório (Gerede), do cotidiano (Gabriel Marcel)
4 de abril, por Cardoso de CastroGMarcel1951
Certamente haveria motivos para enxertar neste comentário outro mais hipotético, do qual só posso esboçar os contornos aqui. Mais uma vez, poderia parecer que Rilke pensava apenas no artista — particularmente no poeta, mas talvez também no pintor, cuja missão consiste em elevar o visível a um plano superior de realidade. Não devemos esquecer o que a descoberta de Cézanne significou para ele. Mas, novamente, a vocação do artista é tomada como a própria vocação do homem quando (…) -
Perecer (Gabriel Marcel)
4 de abril, por Cardoso de CastroGMarcel1967
Uma observação preliminar parece impor-se aqui: na verdade, é o espetáculo da caducidade dos seres individuais que pode incitar o pensamento, por uma espécie de extrapolação temerária, a passar ao limite e proclamar que o ser não é, ou seja, que não há nada que possa ser afirmado como indestrutível ou eterno. Nessa perspectiva, não se poderia, portanto, manter a realidade dos seres individuais; é ela, ao contrário, que é primeiramente negada e como que engolida. Mas a questão é (…) -
Ente (Gabriel Marcel)
4 de abril, por Cardoso de CastroGMarcel1967
Em francês, a palavra "être" apresenta o grave inconveniente de ser anfibológica, já que é ao mesmo tempo substantivo e verbo. Para dissipar essa ambiguidade, os [32] filósofos que se inspiram na ontologia heideggeriana tentaram introduzir a palavra "étant", usada como substantivo. Atualmente, parece bastante duvidoso que essa palavra "étant" possa se tornar corrente entre os filósofos. No entanto, Gilson observa que um autor do século XVII, Scipion du Pleix, intitulou o (…) -
Amar
3 de abril, por Cardoso de CastroSe este homem ama hoje esta mulher, é porque sua história passada o preparou para amar esse caráter, esse rosto, mas, enfim, é também porque ele a encontrou, e esse encontro revela em sua vida possibilidades que, sem ela, teriam permanecido adormecidas. Uma vez estabelecido, esse amor assume a forma de destino, mas no dia do primeiro encontro ele é absolutamente contingente.
(Maurice Merleau-Ponty, « La guerre a eu lieu » [junho de 1945], S.N.-S., p. 253.)