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Schopenhauer (MVR2:85-86) – conceitos e intuição
sábado 17 de abril de 2021
Livros comunicam só representações secundárias. Simples conceitos de uma coisa, sem intuição, fornecem um mero conhecimento em geral dela. Uma compreensão absolutamente profunda das coisas e das suas relações só a obtemos na medida em que somos capazes de torná-las representáveis para nós mesmos em intuições puramente distintas, sem a ajuda das palavras. Esclarecer palavras com palavras, comparar conceitos com conceitos, algo em que consiste a maior parte do filosofar, é no fundo uma brincadeira com o mover as esferas dos conceitos para ver qual delas encaixa em outra, e qual não. No caso mais feliz, consegue-se por aí chegar a conclusões: todavia, também conclusões não fornecem conhecimento algum novo, mas apenas mostram-nos o que já estava contido no conhecimento existente e o que daí talvez seria aplicável a cada caso particular dado. Ao contrário, intuir, deixar que as coisas mesmas falem para nós, apreender novas relações entre elas, transportar e depositar tudo isso em conceitos a fim de mais seguramente possuí-los: isso fornece novos conhecimentos. Porém, se de um lado comparar conceitos com conceitos é uma capacidade que quase todos possuem, de outro, comparar conceitos com intuições é um dom dos eleitos: segundo o grau da sua perfeição isto condiciona o que é dito espirituoso, a faculdade de juízo, a sagacidade, o gênio. No caso daquela primeira capacidade, ao contrário, não se vai muito além do que, talvez, algumas considerações arrazoadas.
[SCHOPENHAUER , Arthur. O mundo como vontade e como representação. Segundo Tomo. Tr. Jair Barboza. São Paulo: Unesp, 2015, p. 85-86]
Ver online : O mundo como vontade e como representação. Segundo Tomo.