Fenomenologia, Existencialismo e Hermenêutica

Às coisas, elas mesmas

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Santos Pedra

domingo 20 de março de 2022

A PEDRA
A pedra, quando de excepcional grandeza; provoca no ser humana uma admiração, um espanto, o numinoso de R. Otto, o qual é inegavelmente uma positividade de ordem psicológica, que não se pode deixar de considerar quando se estuda a gênese das religiões.

O imenso avassala-nos, assombra-nos, empequece-nos e nos atemoriza. O supremo poder é algo que nos ultrapassa e nos vence pelo poderio. Portanto, na assimilação do grandioso da pedra, da montanha, ao grandioso do poderio supremo, há uma adequação formal perfeitamente clara. A emoção, o numinoso, que tem sua ressonância psíquica, junta-se ao esquema fático, e liga-se psicologicamente ao esquema eidético-abstrato do poderio divino. A pedra monumental exige respeito, submissão até em certos casos.

Não são, porém, apenas as pedras grandiosas que são reverenciadas, pois há nas manifestações religiosas dos povos uma homenagem prestada às pedras em geral, pela sua solidez, pela sua resistência, pela sua perduração, pela sua vitória sobre o tempo. Encontramos as pedras nos marcos, nas homenagens à divindade, nos templos, etc. A solidez da pedra permite simbolizar o que vence ao tempo, pois o que desejamos que perdure deve ser feito com pedra sobre pedra. Encontramos um culto à pedra, e toda uma simbólica correspondente, como o vemos nas hermas dos gregos, no Jupiter Japis, e, em povos primitivos, nos marcos dos caminhos com formas fálicas, nos montes de pedra, etc. A simbólica é sempre da solidez, da duração, da vitória sobre o tempo, da firmeza inabalável, atributo da divindade de que a pedra participa.