Talvez toda hermenêutica fique sempre marcada por essa dupla filiação romântica e crítica, crítica e romântica. Crítica é o propósito de lutar contra a não-compreensão em nome do famoso adágio: "há hermenêutica, onde houver não-compreensão"; romântica é o intuito de "compreender um autor tão bem, e mesmo melhor do que ele mesmo se compreendeu".
Japiassu
O verdadeiro movimento de desregionalização começa com o esforço para se extrair um problema geral da atividade de interpretação cada (…)
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Hermenêutica
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Ricoeur (1977) – Schleiermacher
22 de junho de 2023, por Cardoso de Castro -
Stanislas Breton (1996:11-15) – Verbo Todo (logos panta)
18 de junho de 2023, por Cardoso de Castro[tabby title="tradução"]
«TUDO». O neutro grego «panta», como de resto, seu análogo francês «tout» se presta a duas acepções, bem diferentes, do adjetivo indefinido e do substantivo: «tudo» e «o todo». Tudo, em sua acepção de indefinido, figura nas expressões de quantificador universal, de forma: (x) ou «para todo». No Jo 1,1-18 - Prólogo, deveríamos traduzir o versículo de referência da maneira seguinte: para todo eu, se x veio à existência, então x foi-feito-pelo-Verbo». Não insistiremos (…) -
Ernildo Stein (2008:136-137) – desconstrução
9 de junho de 2023, por Cardoso de CastroA desconstrução situa-se para além da intenção da analítica existencial. Ela se insere, assim, na história do ser, isto é, ela se aproxima da crítica da metafísica como logocentrismo.
A teoria da desconstrução não se refere, em primeiro lugar, ao campo da semântica e da semiótica, mas sua meta é uma tarefa do pensamento e nesse sentido a desconstrução tem uma raiz filosófica que aponta para o lugar ocupado pela hermenêutica. A desconstrução é precisamente possível porque ela nos situa no (…) -
Ernildo Stein (2008:69-70) – o fundamento é sem fundo
8 de junho de 2023, por Cardoso de CastroO fundamento é sem fundo na medida em que não é nem infinito, nem é objetivo.
É exatamente isso que o filósofo faz em Ser e tempo. Introduz um novo conceito de fundamentação. Não é uma fundamentação como a moderna, nem do tipo objetivista da tradição clássica. Então, nem subjetivista nem objetivista. Assim, é uma fundamentação de caráter diferente, é uma fundamentação de caráter prévio, de caráter a priori. É uma fundamentação em que já sempre existe um compreendermos a nós mesmos. Isso é (…) -
Ernildo Stein (2015:83-85) – a fenomenologia hermenêutica
8 de junho de 2023, por Cardoso de CastroA fenomenologia hermenêutica não cai nem no impasse de quem quer recuperar a totalidade do mundo vivido, porque aceita a faticidade, nem cai também num impasse de pretender um sistema absoluto, como Husserl o ambicionava.
[…] No momento em que se quer pensar a totalidade não reduzida do mundo, quer se pensar o mundo na medida em que ele é; nós nos confrontamos [84] com o problema da compreensão do ser. Essa compreensão do ser, por sua vez, dá-se no Dasein, e, por isso, ela não é uma (…) -
Emerich Coreth (1973:45-48) – compreensão
5 de junho de 2023, por Cardoso de CastroO verbo "compreender" e o substantivo "compreensão" referem-se à clássica dualidade de ratio e intellectus, mas a distinção tornou-se obscura em alemão, porque enquanto "compreensão" (Verstand) correspondia mais a ratio, o verbo "compreender" (verstehen) significa antes uma intuição (a Vernunft) ou seja, o intellectus.
1. O problema da hermenêutica é o problema da compreensão. Mas o que significa "compreensão"? Para um primeiro esclarecimento, ainda provisório, remontemos à história da (…) -
Caputo (MEHT:103-109) – Ser é Deus
15 de outubro de 2022, por Cardoso de CastroNo “Prólogo” do Opus Tripartitum, Eckhart expõe a “primeira proposição” da qual, se formos cuidadosos, quase tudo o que se pode conhecer de Deus pode ser deduzido (LW, I, 168/85). A proposição é: ser é Deus (esse est deus). Ele não diz, como fez Tomás de Aquino, que Deus é ser (deus est suum esse), mas adota a expressão mais extrema de que ser é Deus. Tomás de Aquino, realista e aristotélico, enfatizou que as criaturas possuíam sua própria e proporcional participação no ser, enquanto Deus (…)
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Stanislas Breton (1996:15-18) – Verbo Sentido (verbo-conceito) - Logos
25 de agosto de 2022, por Cardoso de Castro[tabby title="tradução"]
Posto que a teoria do verbo mental foi construída para esclarecer o dogma trinitário da processão do Verbo, era normal que se buscasse na experiência humana, em sua maior generalidade, as ilustrações mais apropriadas. Foi preciso assim apelar então a uma metafísica do vivente, tal qual se podia conceber nesta época, com os meios disponíveis que não são os nossos. Ora o intelecto representa, na hierarquia dos graus de vida, a forma mais alta do vivente. Segue-se que (…) -
Ferreira da Silva (2009:25-30) – O Andróptero
24 de março de 2022, por Cardoso de CastroQual seria nossa surpresa se encontrássemos, ao abrir uma obra de filosofia, um capítulo dedicado não às formas puras, mas às formas ctônicas da Geografia! É certo que não acharíamos, de golpe, senso algum nessa aproximação, pois que concordâncias estabelecer entre as descrições objetivas e isentas da Geografia e o vulcanismo da alma, entre os cenários milenares dos rios e montanhas e o desenvolvimento rápido e trêmulo de nossa vida? Essas explorações parecem chocar-se e contradizer-se como (…)
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Ferreira da Silva (2010:105-106) – mito
24 de março de 2022, por Cardoso de CastroA mitologia é a abertura de um regime de fascinação. Ela não pode ser compreendida, como querem muitos, a modo de qualquer criação imaginativa ex homo, ou como qualquer projeção psicológica da mente inconsciente da humanidade. Todo o complexo humano, consciente ou inconsciente, é descerrado simultaneamente com o descerrar-se da totalidade do ente, a partir das potências míticas originais. Os conteúdos do relato mítico e a cosmografia revelada nesse saber remetem-nos às coisas mesmas, (…)