Encontramos, pois, entre a articulação interna do Cuidado [Sorge] e a triplicidade do tempo uma relação quase kantiana de condicionalidade. Mas o “tornar-possível” heideggeriano difere da condição kantiana de possibilidade, pelo fato de que o próprio Cuidado possibilita toda a experiência humana.
Roberto Leal Ferreira
É só, como dissemos, no final do capítulo III da segunda seção, §§ 65-66, que Heidegger trata tematicamente da temporalidade em sua relação com o Cuidado. Nessas páginas, (…)
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Hermenêutica
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Ricoeur (1985:102-105) – A temporalização: por-vir, ter-sido, tornar-presente
1º de julho de 2023, por Cardoso de Castro -
Ricoeur (1977) – Compreender-se diante da obra
22 de junho de 2023, por Cardoso de CastroGostaria de considerar uma quarta e última dimensão da noção de texto. Anunciava-a na introdução dizendo que o texto é a mediação pela qual nos compreendemos a nós mesmos. Este quarto tema marca a entrada em cena da subjetividade do leitor. Prolonga esse caráter fundamental de todo discurso de ser dirigido a alguém. Todavia, diferentemente do diálogo, esse vis-à-vis não é dado na situação de discurso. Ousaria mesmo dizer que ele é criado, instaurado, instituído pela própria obra. Uma obra se (…)
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Ricoeur (1977) – Reflexão hermenêutica sobre a crítica
22 de junho de 2023, por Cardoso de CastroGostaria agora de elaborar, sobre a crítica das ideologias, uma reflexão simétrica à precedente, que visaria a pôr à prova a reivindicação de universalidade da crítica das ideologias. Não espero que essa reflexão conduza a crítica das ideologias ao aprisco da hermenêutica, mas que comprove o intuito de Gadamer, segundo o qual as duas "universalidades" - a da hermenêutica e a da crítica das ideologias - interpenetram-se. Também poderíamos apresentar a questão nos termos de Habermas: em que (…)
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Ricoeur (1977) – Reflexão critica sobre a hermenêutica
22 de junho de 2023, por Cardoso de CastroGostaria agora de elaborar minha reflexão pessoal sobre as pressuposições de ambas as concepções e abordar os problemas colocados desde minha Introdução. Esses problemas, afirmávamos, dizem respeito à significação do gesto filosófico mais fundamental. O gesto da hermenêutica é um gesto humilde de reconhecimento das condições históricas a que está submetida toda compreensão humana sob o regime da finitude. O da crítica das ideologias é um gesto altivo de desafio, dirigido contra as distorções (…)
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Ricoeur (1977) – Crítica das Ideologias
22 de junho de 2023, por Cardoso de CastroOs dois protagonistas da alternativa são: do lado hermenêutico, Hans-Georg Gadamer, do lado crítico, Jürgen Habermas.
O debate que o presente título evoca ultrapassa em muito os limites de uma discussão sobre o fundamento das ciências sociais. Ele coloca em jogo o que chamarei de gesto filosófico de base. Seria esse gesto o reconhecimento das condições históricas nas quais toda compreensão humana está submetida, sob o regime da finitude? Ou seria, em última instância, um gesto de desafio, (…) -
Ricoeur (1977) – W. Dilthey
22 de junho de 2023, por Cardoso de CastroDilthey se situa nessa encruzilhada crítica da hermenêutica, onde a amplitude do problema é percebida, muito embora permaneça colocada em termos do debate epistemológico característico de toda a época neokantiana.
A necessidade de incorporar o problema regional da interpretação dos textos no domínio mais amplo do conhecimento histórico impunha-se a um espírito preocupado em tomar consciência do grande êxito da cultura alemã no século XIX, a saber, a invenção da história como ciência de (…) -
Ricoeur (1977) – O discurso como obra
22 de junho de 2023, por Cardoso de CastroProponho três traços distintivos da noção de obra. Em primeiro lugar, uma obra é uma sequência mais longa que a frase, e que suscita um problema novo de compreensão, relativo à totalidade finita e fechada constituída pela obra enquanto tal. Em seguida, a obra é submetida a uma forma de codificação que se aplica à própria composição e faz com que o discurso seja um relato, um poema, um ensaio etc. É essa codificação que é conhecida pelo nome de gênero literário. Em outros termos, compete a (…)
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Ricoeur (1977) – H. G. Gadamer
22 de junho de 2023, por Cardoso de CastroEssa aporia torna-se o problema central da filosofia hermenêutica de Hans Georg Gadamer, em Wahrheit und Methode. O filósofo de Heidelberg se propõe expressamente a reavivar o debate das ciências do espírito a partir da ontologia heideggeriana e, mais precisamente, de sua inflexão nas últimas obras de poética filosófica. A experiência nuclear, em torno da qual se organiza toda a obra, e a partir da qual a hermenêutica erige sua reivindicação de universalidade, é a do escândalo provocado, na (…)
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Ricoeur (1977) – A efetuação da linguagem como discurso
22 de junho de 2023, por Cardoso de CastroO discurso, mesmo oral, apresenta um traço absolutamente primitivo de distanciamento, que é a condição de possibilidade de todos os traços que consideraremos posteriormente. Este traço primitivo de distanciamento pode ser caracterizado pelo título: a dialética do evento e da significação.
De um lado, o discurso se dá como evento: algo acontece quando alguém fala. Esta noção de discurso como evento impõe-se desde que levemos em consideração a passagem de uma linguística da língua ou do (…) -
Ricoeur (1977) – Mundo do Texto
22 de junho de 2023, por Cardoso de CastroO traço que colocamos sob este título vai levar-nos ao mesmo tempo a ultrapassar as posições da hermenêutica romântica, que ainda são as de Dilthey, mas também às antípodas do estruturalismo, que recuso, aqui, como o simples contrário do romantismo.
Japiassu
Estamos lembrados de que a hermenêutica romântica enfatizava a expressão da genialidade. Igualar-se a essa genialidade, tornar-se contemporâneo dela, era a tarefa da hermenêutica. Dilthey, próximo ainda, neste sentido, da (…)