O homem toma conhecimento do sagrado porque este se manifesta, se mostra como algo absolutamente diferente do profano. A fim de indicarmos o ato de manifestação do sagrado, propusemos o termo hierofania. Este termo é cômodo, pois não implica nenhuma precisão suplementar: exprime apenas o que está implicando no seu conteúdo etimológico, a saber, que algo de sagrado se nos revela. Poder-se-ia dizer que a história das religiões — desde as mais primitivas às mais elaboradas — é constituída por (…)
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Hermenêutica
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Marques Cabral (2014:268-280) – hierofania
13 de novembro de 2024, por Cardoso de Castro -
Marques Cabral (2014:39-41) – a fé é um modo de existência do ser-aí humano
12 de novembro de 2024, por Cardoso de Castro[…] ainda na primeira fase do seu pensamento, no escrito “Fenomenologia e teologia” [GA9], de 1927, Heidegger relaciona-se positivamente com a teologia cristã, mesmo que ainda preserve as características metodológicas ateias anteriormente citadas. O que importa é sobretudo caracterizar o modo de articulação da relação positiva entre teologia e fenomenologia. Assumindo primeiramente um viés desconstrutivo, em consonância com seu projeto destrutivo já firmado e tematizado em Ser e tempo, [ SZ (…)
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Marques Cabral (2014:37-39) – tematização do sagrado na obra de Heidegger
12 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroNão menos problemática é a tematização do sagrado na obra de Heidegger. Nas suas Interpretações fenomenológicas de Aristóteles [GA61], escrito de 1923, que antecipa diversos aspectos da analítica existencial de Ser e tempo, Heidegger afirma que “a filosofia é fundamentalmente ateia e compreende o que é”. [GA61:18] Essa afirmação não é aleatória, ela foi dita na primeira parte do texto, intitulada “Quadro da situação hermenêutica”, que delimita a proposta do escrito e caracteriza seu método. (…)
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Marques Cabral (2014:29-32) – morte de Deus e niilismo
12 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroO aforismo acima reproduzido contém os elementos necessários para uma compreensão provisória e funcional do significado da morte de Deus, atendendo aos objetivos e limites impostos por esta introdução. Ele narra uma história fictícia na qual se confrontam um personagem chamado de “homem desvairado” e um grupo de homens localizado em uma praça. O anúncio da morte de Deus não é efetuado por qualquer tipo de prova racional acerca da sua inexistência. Não se trata de um gesto tradicional do (…)
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Marques Cabral (2014:17-21) – estratégias de enfrentamento do niilismo
12 de novembro de 2024, por Cardoso de Castro[…] duas estratégias muito comuns no enfrentamento atual da experiência do niilismo, a saber, a estratégia nostálgica e a estratégia remoralizadora. Por vezes agindo de modo complementar e outras agindo autonomamente, essas estratégias têm em comum a intenção de corrigir o niilismo através do enfrentamento de seus efeitos. Não é raro escutarmos críticas incisivas ao mundo contemporâneo, não somente a partir de princípios vinculadores antigos, mas sobretudo em prol de sua rememoração, além da (…)
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Marques Cabral (2014:15-17) – niilismo
12 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroA assunção do niilismo como um dos temas centrais das discussões filosóficas no âmbito acadêmico tornou-se talvez hoje lugar-comum. Diversos são os lugares de tematização dessa questão. Colóquios, congressos, livros, revistas especializadas, etc. são dedicados à questão do niilismo e a seus impasses no mundo contemporâneo. No entanto, pelo que tudo indica, o eixo hermenêutico norteador das diversas abordagens do niilismo pode ser denominado de apocalíptico, caso levemos em consideração a (…)
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Beaini (1981:46-52) – homem e ser
11 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroNosso título refere-se à essência (o que constitui uma coisa enquanto tal, o que a define de modo mais próprio) humana. Mas em que consiste a essência do homem? Já mostramos que o homem não é alguém que se fecha em si, ele constitui-se pelo fato de sair de si, de abrir-se.
Heidegger fala da essência do homem nos seguintes termos:
“A ‘essência’ do ser-aí em sua existência.”
Mas, o que é a existência? É deste tema, e de outros nele implicados, que passaremos a tratar. Ec-sistir é (…) -
Hebeche (2005:331-335) – o sentido do histórico
11 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroComo vimos, o que levou Heidegger, em meados dos anos 20, a tematizar o método da filosofia foi a pergunta pelo sentido do histórico. Ele assume uma posição no conflito entre a experiência da vida fática e o histórico, isto é, rejeita o “caminho platônico” em que o histórico é simplesmente abandonado, ou seja, de que a auto-afirmação da ideia é feita à custa do abandono da própria história; rejeita igualmente a via da completa auto-entrega ao histórico, como o faz Spengler, e afasta-se (…)
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Krell (1992:42-46) – categorias fundamentais do “sentido relacional” da vida [Bezugssinn]
8 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroA análise de Heidegger da vida fática como relação com o mundo circundante (Umwelt), o mundo dos outros e o mundo do meu si (Selbstwelt), que não é de forma alguma o “si” cogitativo ou a intuição intelectual da filosofia reflexiva, merece o estudo mais meticuloso […] Terei de me contentar com uma breve [43] listagem das quatro categorias fundamentais do “sentido relacional” da vida, Bezugssinn, o sentido de sua relação com o mundo.
(1) Neigung, “inclinação”, “propensão” ou “tendência”: a (…) -
Krell (1992:295-296) – círculo de cada forma de vida
7 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroNas aulas de biologia de 1929-1930, “bestirring” (Regung) não é o nome definitivo para a animação da vida. Ali, Heidegger define a essência da animalidade em termos de comportamento entorpecido (Benommenheit) e a luta do animal com seu mundo empobrecido em um círculo de desinibições (Ringen, Umring, Enthemmungsring). No final de sua análise (GA29-30, §66), ele enfatiza a especificidade pela qual cada forma de vida é transposta (versetzt) em seu círculo. Com um gesto antidarwinista que é (…)