Em Ser e Tempo, o rompimento decisivo com a ontologia inadequada da substancialidade e a abertura para um pensamento do acontecimento ocorreram na distinção entre as categorias de existência, ou existenciais, e as categorias relativas à “presença-à-mão” (Vorhandenheit). Não se pode aplicar ao ser em suas categorias de acontecimento que só dizem respeito à determinação do “quê” das entidades. Para Heidegger, o ser deve ser abordado em seu “como”, ou seja, em seu modo de acontecer, e não como (…)
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Hermenêutica
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Raffoul (2020:151-153) – o “quem” e o “o quê”
28 de outubro de 2024, por Cardoso de Castro -
Raffoul (2020:186-187) – O ser “não é”, mas acontece
28 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroComo visto nos capítulos anteriores, a fenomenologia deve ser considerada como uma fenomenologia do acontecimento e, como observado, de acordo com Heidegger, o fenômeno original da fenomenologia é o próprio ser. Essa premissa dupla leva ao engajamento na tarefa de compreender o próprio ser como acontecimento. Isso se tornou possível nos primeiros trabalhos de Heidegger por meio da desconstrução da ontologia inadequada de Vorhandenheit e da substancialidade e da revelação do movimento e da (…)
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Raffoul (2020:291-294) – A expropriação [Enteignis] pertence à Apropriação [Ereignis]
28 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroIrredutível, o segredo não pode ser conhecido ou tematizado. No entanto, conforme observado anteriormente, Derrida fala significativamente de sua performatividade, ou seja, de sua eventualidade. O segredo acontece. E o acontecimento, por sua vez, sempre abriga um segredo, acontecendo em um movimento expropriativo. Em Filosofia em Tempos de Terror, buscando precisamente radicalizar essa inapropriabilidade do acontecimento, Derrida explica que o pensamento heideggeriano do ser como (…)
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Raffoul (2020:310-311) – responsabilidade com o acontecimento
28 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroCom relação a essa responsabilidade ética para com o acontecimento e sua inadequação, menciono brevemente aqui a compreensão de Heidegger sobre a ética como uma ética do acontecimento e do segredo. Heidegger fala, de fato, de uma “reivindicação do acontecimento” sobre o ser humano, abrindo para uma responsabilidade que não deve ser tomada em um sentido moral “mas, sim, com relação ao acontecimento e como relacionada à resposta” (Die “Verantwortung” ist hier nicht “moralisch” gemeint, sondern (…)
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Raffoul (2010:247-249) – Dasein como chamado e resposta ao ser
28 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroDo “interrogado” na questão do ser em Ser e Tempo, o Dasein passa a ser cada vez mais descrito nas obras posteriores de Heidegger como o “chamado” que, como tal, tem de responder pela própria abertura e dação do ser. A resposta ao chamado passa a ser repensada como pertencimento ao chamado e, por fim, como correspondência ao ser. Na palestra “O que é Filosofia?” [GA11], por exemplo, Heidegger se refere a (“responder”) e (“corresponder”), de modo a indicar que a resposta ao chamado (…)
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Raffoul (2010:244-246) – Dasein significa ser uma responsabilidade
28 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroPode-se chegar até o ponto de dizer que o próprio conceito de Dasein significa ser uma responsabilidade. No curso do semestre de verão de 1930, A Essência da Liberdade Humana [GA31], lemos que a auto-responsabilidade (Selbstverantwortlichkeit) representa a própria essência da pessoa: “A auto-responsabilidade é o tipo fundamental de se determinar distintamente a ação humana, isto é, a prática ética. "(GA31, 263; EHF, 183). Como enfatizamos, o Dasein é aquele sendo para o qual e em que sendo (…)
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Deleuze (2013:119-121) – Ser-saber
27 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroSendo o saber constituído por duas formas, como haveria intencionalidade de um sujeito em direção a um objeto, se cada uma das formas tem seus objetos e seus sujeitos? E, entretanto, é necessário uma relação entre as duas formas que seja determinável e que saia de sua "não-relação”. O saber é ser, é a primeira figura do ser, mas o ser está entre duas formas. Não é justamente o que dizia Heidegger, com o “entremeio”, e Merleau-Ponty, com o “entrelaçamento ou o quiasma”? Na verdade, não é de (…)
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Deleuze (2013:116-119) – a dobra
27 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroMas há uma razão positiva mais profunda. É que a própria dobra, a reduplicação, é uma Memória: "absoluta memória” ou memória do lado de fora, para além da memória curta que se inscreve nos estratos e nos arquivos, para além das sobrevivências ainda presas aos diagramas. Já a existência estética dos gregos solicita essencialmente a memória do futuro e, rapidamente, os processos de subjetivação são acompanhados de escrituras que constituíam verdadeiras memórias, hypomnemata. Memória é o (…)
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Deleuze (2013:67-69) – ser-luz
27 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroExiste, então, um “há” luz, um ser da luz ou um ser-luz, exatamente como um ser-linguagem. Cada um é um absoluto, e no entanto histórico, porque inseparável da maneira pela qual cai sobre uma formação, sobre um corpus. E um torna as visibilidades visíveis ou perceptíveis, tal como o outro tornava os enunciados enunciáveis, dizíveis ou legíveis. Desta forma, as visibilidades não são nem os atos de um sujeito vidente nem os dados de um sentido visual (Foucault renega o subtítulo "arqueologia (…)
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Peter Gordon (2003:33-34) – ciência em Rosenzweig e Heidegger
26 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroDois ensaios, publicados com cerca de quatro anos de diferença, ajudam a enfatizar a queixa acima contra a filosofia tradicional. O primeiro é “The New Thinking” (“Das neue Denken”), de Rosenzweig, publicado no Der Morgen em outubro de 1925. O segundo é “Was ist Metaphysik?” [GA9], de Heidegger, que foi apresentado pela primeira vez como uma palestra pública em Freiburg, em julho de 1929, e publicado mais tarde no mesmo ano. Esses textos podem ser utilmente comparados, pois ambos são (…)