A própria análise semântica da palavra mostra o estreito parentesco do conceito do belo com o questionamento que desenvolvemos. A palavra grega que traduz o termo alemão schõn (belo) é kalon. O alemão não tem, para esta palavra, nenhuma correspondência exata, e tampouco nos ajudaria muito acrescentar, como termo mediador, o termo pulchrum. No entanto, o pensamento grego exerceu uma influência determinante sobre a história do significado da palavra alemã, de maneira que ambas as palavras já (…)
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Gadamer / Hans-Georg Gadamer / HGG2007
HANS-GEORG GADAMER (1900-2002)
OBRA NA INTERNET: LIBRARY GENESIS
GADAMER, H.-G. Gesammelte Werke, Bd. 3, Neuere Philosophie I: Hegel / Husserl / Heidegger (Tübingen, Mohr Siebeck, 1987). / La dialéctica de Hegel . Cinco ensayos hermenéuticos. Tr. Teresa Orduña y Manuel Garrido. Madrid: Cátedra, 1994
GADAMER, H.-G.. Hermeneutik I, Wahrheit und Methode: Grundzüge einer philosophischen Hermeneutik (Tübingen: Mohr Siebeck, 1986). / Verdade e Método I. Tr. Flávio Paulo Meurer. Petrópolis: Vozes, 1999 / Wahrheit und Methode II. Tübingen: Mohr Siebeck, 1993 [VM1] / Verdade e Método II. Tr. Enio Paulo Giachini. Petrópolis: Vozes, 2002 [VM2]
GADAMER, H.-G.. Gesammelte Werke, Bd. 3, Neuere Philosophie I: Hegel / Husserl / Heidegger (Tübingen, Mohr Siebeck, 1987). / Heidegger’s ways. Tr. John W Stanley. New York: SUNY, 1994 / Los caminos de Heidegger. Tr. Angela Ackermann Pilári. Barcelona: Herder, 2002
GADAMER, Hans-Georg. Über die Verborgenheit der Gesundheit (Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1993) / O caráter oculto da saúde. Tr. Antônio Luz Costa. Petrópolis: Vozes, 2006
Gesammelte Werke, Bd. 10: Hermeneutik im Rückblick (Tübingen, Mohr Siebeck, 1995) / Subjectivity and Intersubjectivity, Subject and Person (2000)
Gesammelte Werke, Bd. 6, Griechische Philosophie II (Tübingen: Mohr Siebeck, 1985). / Hacia una prehistoria de la metafísica (1994)
Matérias
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Gadamer (VM): paideia
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de Castro -
Gadamer (VM): obscuridade
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroAo mesmo tempo, o autor tem clara consciência de que a arte da interpretação alcançou uma espécie de urgência nova e particular, já que a arte da interpretação proporciona, ao mesmo tempo, a justificação da interpretação. Esta não faz nenhuma falta enquanto o escolar tiver o mesmo conhecimento que o intérprete" (de maneira que a "compreensão" lhe seja evidente, "sem demonstração"), nem tampouco "quando existe uma boa confiança no intérprete". Nenhuma dessas duas condições parece-lhe ser mais (…)
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Gadamer (VM): opinião subjetiva
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroA esta arte de reforçar é que os diálogos platônicos devem sua surpreendente atualidade. Pois nela, o que foi dito transforma-se sempre nas possibilidades extremas de seu direito e de sua verdade, e sobrepuja toda contra-argumentação que pretenda pôr limites à vigência de seu sentido. Evidentemente, que aí não se trata de um mero deixar as coisas como estão. Pois aquele que quer conhecer não pode deixar o assunto na versão de simples opiniões, isto é, não lhe é permitido distanciar-se das (…)
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Gadamer (VM): experiência estética
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroNo final da nossa análise conceitual da "vivência" tornar-se-á claro que afinidade há entre a estrutura da vivência como tal e o modo de ser do estético. A EXPERIÊNCIA ESTÉTICA não é apenas uma espécie de vivência ao lado de outras, mas representa a forma de ser da própria vivência. Com a obra de arte, como tal, é um mundo para si, assim o vivenciado esteticamente, como vivência, distancia-se de todas as correlações com a realidade. Parece, por assim dizer, que a determinação da obra de arte (…)
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Gadamer (VM): hermenêutica bíblica
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroA pressuposição da hermenêutica bíblica — na medida em que a hermenêutica bíblica interessa enquanto pré-histórica da hermenêutica moderna das ciências do espírito — é o princípio escriturístico da Reforma. O ponto de vista de Lutero é mais ou menos o seguinte: a Sagrada Escritura é sui ipsius interpres. Não se tem necessidade da tradição para lograr uma compreensão adequada dela, nem tampouco de uma técnica interpretativa ao estilo da antiga doutrina do quádruplo sentido da Escritura, já (…)
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Gadamer (VM): analítica
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroGostaria de relembrar que o próprio Husserl já havia colocado [260] a problemática dos paradoxos que surgem do desenvolvimento de seu solipsismo transcendental. Por isso não é fácil assinalar objetivamente o ponto a partir do qual Heidegger pode colocar sua ofensiva ao idealismo fenomenológico de Husserl. Deve-se admitir, inclusive, que o projeto heideggeriano de Ser e tempo não escapa por completo ao âmbito da problemática da reflexão transcendental. A ideia da ontologia fundamental, sua (…)
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Gadamer (VM): persuasão
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroHá algo de imediatamente elucidativo nesse alicerçamento dos estudos filológico-históricos e a forma de atuação das ciências do espírito sobre esse conceito do sensus communis. Porque seu objeto, que é a existência moral e histórica do homem, como toma configuração nos seus feitos e nas suas obras, é mesmo determinado decisivamente pelo sensus communis. Assim, a conclusão a partir do universal e a prova a partir de fundamentos não são suficientes, porque isso tem a ver, de modo decisivo, com (…)
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Gadamer (VM): decoração
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroVIDE decorativo
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Gadamer (VM): onoma
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroA íntima unidade de palavra e coisa era, nos tempos primitivos, algo tão natural que o nome verdadeiro era experimentado como parte de seu portador e, quando não, ao representar o outro como substituto, era experimentado como ele mesmo. É significativo que, em grego, a expressão que significa "palavra", onoma, signifique ao mesmo tempo nome, e em particular nome próprio, isto é, apelativo. A palavra é entendida imediatamente a partir do nome. O nome é o que é em virtude de que alguém se (…)
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Gadamer (VM): Ética a Nicômaco
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroAtrás disto está o antigo problema metafísico da concreção do universal. Eu já tinha isto em mente nos meus primeiros trabalhos sobre Platão e Aristóteles. Os primeiros textos de minha formação intelectual foram publicados pela primeira vez, recentemente, no volume V dessa edição alemã, sob o título Praktisches Wissen [Saber prático] (escrito em 1930). Ali trabalhei na elaboração da essência da phronesis, em estreita ligação com o livro 6 da Ética a Nicômaco, estimulado por Heidegger. Em (…)
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Gadamer (VM): oral
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroEste é o contexto, a partir do qual se determina a idéia de Schleiermacher de uma hermenêutica universal. Essa idéia [183] nasceu da representação de que a experiência da alteridade e da possibilidade do mal-entendido são universais. Não resta dúvida de que essa alteridade torna-se maior no discurso artístico, e o mal-entendido mais provável do que no discurso sem arte, e torna-se mais aguda no discurso fixado por escrito do que no oral, que na viva voz é de igual modo constantemente também (…)
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Gadamer (VM): compreensão e interpretação
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroUma reflexão sobre o que é verdade nas ciências do espírito não deve ver-se refletida a partir de uma tradição, cuja vinculação lhe tenha escapado. Por isso, para a sua própria forma de trabalho, terá de apresentar a exigência de adquirir tanta autotransparência histórica quanto lhe for possível. Esforçando-se para entender o universo da compreensão, melhor do que parece possível sob o conceito de conhecimento da ciência moderna, a reflexão terá de procurar também um novo relacionamento com (…)
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Gadamer (VM): círculo da compreensão
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroPorém, essa nossa relação com a tradição, essa comunhão está submetida a um processo de contínua formação. Não se trata simplesmente de uma pressuposição, sob a qual nos encontramos sempre, porém nós mesmos vamos instaurando-a, na medida em que compreendemos, em que participamos do acontecer da tradição e continuamos determinando-o, assim, a partir de nós próprios. O círculo da compreensão não é, [299] portanto, de modo algum, um círculo "metodológico", pois isso sim, descreve um momento (…)
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Gadamer (VM): filosofia prática
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroUma corrente um pouco diferente, que contribuiu para o progresso de meus estudos, refere-se aos problemas das ciências sociais e da FILOSOFIA PRÁTICA. O interesse crítico que Jürgen Habermas demonstrou, nos anos sessenta, pelos meus trabalhos, foi criticamente significativo. Sua crítica e minha contra-argumentação fizeram-me ver a dimensão em que havia ingressado quando transpus o âmbito do texto e da interpretação em direção ao caráter de [22] linguagem de toda compreensão. Isso permitiu-me (…)
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Gadamer (VM): experiência da obra
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroEssa visão negativa significa positivamente: a arte é conhecimento e a experiência da obra de arte torna esse conhecimento partilhável. Com isso se coloca a pergunta de como se poderá fazer jus à verdade da experiência estética e de como suplantar a radical subjetivação do estético, que teve início com a "Crítica do juízo estético" de Kant. Já mostramos que foi uma abstração metódica, tendo por finalidade um trabalho de fundamentação bem determinado e transcendental, que levou Kant a (…)
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Gadamer (VM): círculo hermenêutico
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de Castro2.1.1. O círculo hermenêutico e o problema dos preconceitos VERDADE E MÉTODO SEGUNDA PARTE 2.
Por isso voltaremos agora à descrição de Heidegger sobre o círculo hermenêutico, com o fim de tornar fecundo para o nosso propósito o novo e fundamental significado que ganha aqui a estrutura circular. Heidegger escreve: "O círculo não deve ser degradado a círculo vicioso, mesmo que este seja tolerado. Nele vela uma possibilidade positiva do conhecimento mais originário, que, evidentemente, só (…) -
Gadamer (VM): exercício hermenêutico
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroSe o que ocorre ali é uma autocompreensão, trata-se então de uma autocompreensão muito paradoxal, para não dizer negativa, onde nos vemos chamados à conversão. De certo, essa autocompreensão não estabelece um critério para a interpretação teológica do Novo Testamento. Além do mais, os próprios textos do Novo Testamento já são interpretações da mensagem salvífica e mediadores da boa-nova sem nenhuma pretensão de ser compreendidos em si mesmos. Terá sido essa condição que lhes conferiu sua (…)
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Gadamer (VM): tema da hermenêutica
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroJá na análise da hermenêutica romântica tivemos ocasião de ver que a compreensão não se baseia em um deslocar-se para o interior do outro, em uma participação imediata de um no outro. Compreender o que alguém diz é, como já vimos, pôr-se de acordo sobre a coisa, não deslocar-se para dentro do outro e reproduzir suas vivências. Já destacamos que a experiência de sentido, que ocorre desse modo na compreensão, encerra sempre um momento de aplicação. Percebemos agora que todo este processo é um (…)
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Gadamer (VM): representação
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroA historia do significado deste termo é muito instrutiva. Um termo familiar aos romanos adquire uma mudança semântica completamente nova, à luz da ideia cristã da encarnação e do corpus mysticum. Representatio já não significa somente cópia ou representação plástica, nem mesmo "representação", no sentido comercial de satisfazer o valor de compra, já que significa agora "representação" (Vertretung) (no sentido de ser representante). O termo pode adotar este significado porque o copiado está (…)
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Gadamer (VM): hermenêutica filológica
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroA doutrina da arte da compreensão e da interpretação havia se desenvolvido por dois caminhos diversos, o teológico e o filológico, a partir de um estímulo análogo: a hermenêutica teológica, como mostrou Dilthey muito bem, a partir da autodefesa da compreensão reformista da Bíblia contra o ataque dos teólogos tridentinos e seu apelo ao caráter indispensável da tradição; a hermenêutica filológica apareceu como instrumentaria para as tentativas humanísticas de redescobrir a literatura clássica. (…)
Notas
- Ernildo Stein (2003:67) – da reflexão à compreensão
- Figal (2015) – Beleza [Heidegger e Gadamer]
- Gadamer (1987) – ser e não-ser
- Gadamer (1993:C1) – o domínio da ciência moderna
- Gadamer (1993:C1) – práxis
- Gadamer (1993:Prefácio) – Saúde não é algo que se possa fazer
- Gadamer (1995) – Hacia una prehistoria de la metafísica
- Gadamer (1995/2000:276-277) – Sujeito
- Gadamer (1999:25) – hermenêutica, como teoria da experiência real
- Gadamer (VM1:16-17) – compreensão, modo de ser próprio do Dasein
- Gadamer (VM2:361-362) – destruição e desconstrução
- Gadamer (VM2:384-385) – sentido do ser
- Gadamer (VM2:428) – Wesen (essência)
- Leo Strauss - Gadamer Correspondence