Se a partir desse pano de fundo nos aproximamos agora da disputa "sobre a correctura dos nomes", tal como se desenvolve no Crátilo, as teorias que entram em debate nele geram, de imediato, um interesse que vai muito mais além de Platão ou de sua própria intenção. Pois as duas teorias que o Sócrates platônico reduz ao fracasso não aparecem sopesadas com todo o peso de sua verdade. A teoria convencionalista reconduz a "correctura" das palavras a um dar nome, que é como batizar as coisas com um (…)
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Gadamer / Hans-Georg Gadamer / HGG2007
HANS-GEORG GADAMER (1900-2002)
OBRA NA INTERNET: LIBRARY GENESIS
GADAMER, H.-G. Gesammelte Werke, Bd. 3, Neuere Philosophie I: Hegel / Husserl / Heidegger (Tübingen, Mohr Siebeck, 1987). / La dialéctica de Hegel . Cinco ensayos hermenéuticos. Tr. Teresa Orduña y Manuel Garrido. Madrid: Cátedra, 1994
GADAMER, H.-G.. Hermeneutik I, Wahrheit und Methode: Grundzüge einer philosophischen Hermeneutik (Tübingen: Mohr Siebeck, 1986). / Verdade e Método I. Tr. Flávio Paulo Meurer. Petrópolis: Vozes, 1999 / Wahrheit und Methode II. Tübingen: Mohr Siebeck, 1993 [VM1] / Verdade e Método II. Tr. Enio Paulo Giachini. Petrópolis: Vozes, 2002 [VM2]
GADAMER, H.-G.. Gesammelte Werke, Bd. 3, Neuere Philosophie I: Hegel / Husserl / Heidegger (Tübingen, Mohr Siebeck, 1987). / Heidegger’s ways. Tr. John W Stanley. New York: SUNY, 1994 / Los caminos de Heidegger. Tr. Angela Ackermann Pilári. Barcelona: Herder, 2002
GADAMER, Hans-Georg. Über die Verborgenheit der Gesundheit (Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1993) / O caráter oculto da saúde. Tr. Antônio Luz Costa. Petrópolis: Vozes, 2006
Gesammelte Werke, Bd. 10: Hermeneutik im Rückblick (Tübingen, Mohr Siebeck, 1995) / Subjectivity and Intersubjectivity, Subject and Person (2000)
Gesammelte Werke, Bd. 6, Griechische Philosophie II (Tübingen: Mohr Siebeck, 1985). / Hacia una prehistoria de la metafísica (1994)
Matérias
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Gadamer (VM): ousia
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de Castro -
Gadamer (VM): polis
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroO que existe propriamente é o perihodos, o "período", as mudanças do céu dentro de uma ordem. O que existe propriamente são as verdades permanentes da convivência humana, as ordenações morais, as ordenações estatais, as ordens das nações e coisas similares. Nenhum pensador pode ver o ser da existência humana de outro modo a não ser à luz das constantes humanas. A historia é o desvio de tais ordens permanentes: a tabela dos conceitos de virtude da ética antiga, os ideais de um Estado (…)
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Gadamer (VM): filosofia da linguagem
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroSob esse aspecto, o problema da linguagem não nos é colocado, desde o princípio, no mesmo sentido em que é apresentado na FILOSOFIA DA LINGUAGEM. É verdade que a multiplicidade das línguas, por cuja diversidade a ciência linguística se interessa, nos coloca também uma pergunta. Mas essa é unicamente a de como pode estar cada língua em condições de dizer tudo o que queira, apesar de sua diversidade com respeito às demais línguas. A linguística nos ensina que cada língua realiza isso à sua (…)
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Gadamer (VM): tradição da hermenêutica
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroNa velha tradição da hermenêutica, que se perdeu completamente na autoconsciência histórica da teoria pós-romântica da ciência, este problema ainda ocupava um lugar sistemático. O problema hermenêutico se dividia como segue: distingue-se uma subtilitas intelligendi, compreensão, de uma subtilitas explicandi, a interpretação, e, durante o pietismo, se acrescentou como terceiro componente a subtilitas applicandi, a aplicação (por exemplo, em J.J. Rambach). Esses três momentos deviam perfazer o (…)
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Gadamer (VM): ciência da hermenêutica
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroA formação de uma ciência da hermenêutica, como foi desenvolvida por Schleiermacher na confrontação como os filólogos RA. Wolf e F. Ast, e em continuação à hermenêutica teológica de Ersnesti, não representa, pois, um mero passo adiante na história da arte da própria compreensão. Em si mesma, essa história da compreensão tem estado acompanhada pela reflexão teórica desde os tempos da filologia antiga. Essas reflexões, porém, têm o caráter de uma "doutrina da arte", isto é, pretendem servir à (…)
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Gadamer (VM): leitor
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroCremos haver compreendido melhor o que é a leitura de um texto. Na verdade, jamais existirá um leitor ante o qual se encontre simplesmente aberto o grande livro da história do mundo mas também não deverá nunca um leitor que, com um texto ante seus olhos, leia simplesmente o que está nele. Em toda leitura tem lugar uma aplicação, e aquele que lê um texto se encontra, também ele, dentro do sentido que percebe. Ele mesmo pertence também ao texto que entende. E sempre há de ocorrer que a linha (…)
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Gadamer (VM): princípio hermenêutico
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroNo entanto, Schleiermacher declara que esses fios condutores dogmáticos não podem reivindicar nenhuma validez prévia, e por isso, são apenas restrições relativas do círculo. Em princípio, compreender é sempre um mover-se nesse círculo, e por isso é essencial o constante retorno do todo às partes e vice-versa. A isso se acrescenta que esse círculo está sempre se ampliando, já que o conceito do todo é relativo, e a integração em contextos cada vez maiores afeta sempre também a compreensão do (…)
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Gadamer (VM): arte da compreensão
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroA doutrina da arte da compreensão e da interpretação havia se desenvolvido por dois caminhos diversos, o teológico e o filológico, a partir de um estímulo análogo: a hermenêutica teológica, como mostrou Dilthey muito bem, a partir da autodefesa da compreensão reformista da Bíblia contra o ataque dos teólogos tridentinos e seu apelo ao caráter indispensável da tradição; a hermenêutica filológica apareceu como instrumentaria para as tentativas humanísticas de redescobrir a literatura clássica. (…)
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Gadamer (VM): sinal
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de Castroum sinal não é nada mais do que aquilo que exige a sua função; e essa é a de referir de si para outra coisa. Para poder preencher essa função, é preciso que, de início, ele atraia a atenção para si. Tem de chamar a atenção, ou seja, tem de destacar-se nitidamente e apresentar-se no seu conteúdo referencial — como um cartaz. No entanto, nem um sinal e nem um cartaz são um quadro. Não irá atrair a si, a ponto que alguém se demore olhando-o, pois deve proporcionar apenas algo momentaneamente, (…)
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Gadamer (VM): símbolo
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroA distinção do símbolo frente ao sinal, que o conduz à proximidade do quadro, está à mão. A função de representação do símbolo não é a de uma mera referência a algo não-presente. Mais do que isso, o símbolo deixa sobressair como presente, algo que, no fundo, está sempre presente. Isso já se mostra no sentido original do "símbolo". Se denominarmos de "símbolo" o sinal de reconhecimento entre amigos afastados ou membros espalhados de uma comunidade religiosa, no qual demonstra-se uma pertença (…)
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Gadamer (VM): conhecimento conceitual
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroQuando mostramos a insuficiência de uma tal auto-interpretação das ciências do espírito e queremos lhes abrir possibilidades adequadas, teremos de trilhar o caminho que passa pelos problemas da estética. A função transcendental, que Kant atribui ao juízo estético, é bastante para satisfazer à delimitação contra o conhecimento conceitual e, como tal, à função dos fenômenos do belo e da arte. Mas a questão será a de salvaguardar o conceito da verdade do conhecimento conceitual? Não se tem (…)
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Gadamer (VM): condição hermenêutica
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroIniciemos imediatamente com uma pergunta: Como se começa o esforço hermenêutico? Que consequências tem para a compreensão a condição hermenêutica da pertença a uma tradição? Recordamos aqui a regra hermenêutica, segundo a qual tem-se de compreender o todo a partir do individual e o individual a partir do todo. É uma regra que procede da antiga retórica e que a hermenêutica moderna transferiu da arte de falar para a arte de compreender. Aqui como lá subjaz uma relação circular. A antecipação (…)
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Gadamer (VM): objetividade da linguagem
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroDa relação mundana da linguagem, segue-se seu caráter peculiar de coisa. O que vem à fala são conjunturas. Uma coisa que se comporta desse modo ou de outro. Nisso estriba-se o reconhecimento da alteridade autônoma, que pressupõe por parte do falante uma distância própria com respeito à coisa. Sobre essa distância repousa o fato de que algo possa destacar-se como conjuntura própria e converter-se em conteúdo de uma proposição, suscetível de ser entendida pelos demais. Na estrutura da (…)
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Gadamer (VM): perspectiva hermenêutica
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroO primeiro exemplo é o que constitui a base dos estudos de Wilhelm Dilthey sobre a história da hermenêutica, aquela obra premiada da Academia das ciências de Berlim, escrita por Dilthey em sua juventude e da qual só conhecíamos alguns fragmentos e um resumo de 1900, até ser finalmente publicada em 1966 graças à redação de Martin Redekner do segundo volume inacabado da Vida de Schleiermacher, de Dilthey. Ali Dilthey faz uma apresentação magistral de Flacius documentada com inúmeras citações. (…)
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Gadamer (VM): poeta
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroO verdadeiro processo da formação, isto é, o elevar-se à universalidade, é aqui, ao mesmo tempo, uma decadência em si mesmo. A "presteza da reflexão pensadora de se movimentar em universalidades, de colocar qualquer conteúdo sob pontos de vista propostos e, assim vesti-lo com pensamentos", é, segundo Hegel, a maneira de não se deixar envolver com o verdadeiro conteúdo dos pensamentos. Immermann denomina um tal derramar-se livre do espírito em si, algo dissipador". Com isso, descreve a (…)
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Gadamer (VM): genialidade da compreensão
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroSó que, no caso de Kant, para uma tal alteração dos valores, não faltavam possibilidades de vinculação. Mesmo depois de Kant não é indiferente, para a capacidade de julgamento do gosto, que as belas artes sejam arte do gênio. É justamente isso que participa no julgamento do gosto, no sentido de se julgar se uma obra de arte possui espírito ou não. Kant disse, certa vez, a respeito da beleza artística, que, relativamente à sua possibilidade — portanto, ao gênio que aí se inclui — "tem de se (…)
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Gadamer (VM): poética
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroMesmo assim, o conceito da alegoria passou, de sua parte, por uma ampliação significativa, na medida em que a alegoria não designa apenas uma figura do discurso, e o sentido da interpretação (sensus allegoricus), mas também, representações imagéticas correspondentes, de conceitos abstratos na arte. Torna-se óbvio que, aqui, os conceitos da retórica e da poética servem também de modelo para a formação de conceitos estéticos no âmbito da arte plástica. A relação retórica do conceito alegoria (…)
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Gadamer (VM): pintor
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroAo mesmo tempo, porém, o artista, que é tão "livre como um pássaro ou peixe", é onerado com uma profissão que o torna uma figura ambígua. Pois uma sociedade instruída, despojada de suas tradições religiosas, logo espera da arte mais do que corresponde à consciência estética, sob o "critério da arte". A exigência romântica de uma nova mitologia, como é propalada por F. Schlegel, Schelling, Hölderlin e pelo jovem Hegel, mas, por exemplo e da mesma forma, presente nos ensaios e reflexões (…)
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Gadamer (VM): diálogo
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroO caso da tradução nos faz conscientes da linguisticidade como o médium do acordo, através do fato de que este meio tem de ser produzido artificialmente através de uma mediação expressa. Este agenciamento artificial não é, evidentemente, o caso normal das conversações. Tampouco a tradução é o caso normal de nosso comportamento com respeito a uma língua estrangeira. Antes, o fato de depender da tradução é como que uma renúncia da autonomia por parte do interlocutor. Quando a tradução é (…)
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Gadamer (VM): Derrida
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroOutra coisa é, porém, a questão da consistência interna da obra, do que se fez dentro de seus limites. Nesse sentido, quero que este volume, o segundo de minhas obras completas, entre como complemento. O seu conteúdo divide-se em três seções: Preliminares, que podem ser úteis à sua própria conceptibilidade prévia; Complementos, que se impuseram no decorrer dos anos (essas duas partes já foram publicadas, no essencial, em meus Kleine Schriften). A parte mais importante desse volume II contém (…)
Notas
- Ernildo Stein (2003:67) – da reflexão à compreensão
- Figal (2015) – Beleza [Heidegger e Gadamer]
- Gadamer (1987) – ser e não-ser
- Gadamer (1993:C1) – o domínio da ciência moderna
- Gadamer (1993:C1) – práxis
- Gadamer (1993:Prefácio) – Saúde não é algo que se possa fazer
- Gadamer (1995) – Hacia una prehistoria de la metafísica
- Gadamer (1995/2000:276-277) – Sujeito
- Gadamer (1999:25) – hermenêutica, como teoria da experiência real
- Gadamer (VM1:16-17) – compreensão, modo de ser próprio do Dasein
- Gadamer (VM2:361-362) – destruição e desconstrução
- Gadamer (VM2:384-385) – sentido do ser
- Gadamer (VM2:428) – Wesen (essência)
- Leo Strauss - Gadamer Correspondence