Quem presenciou a enorme repercussão que causou o aparecimento do artigo programático de Rudolf Bultmann sobre a desmitologização do Novo Testamento e analisa a influência que continua exercendo até hoje sabe muito bem que ali estão em jogo problemas teológicos e sobretudo dogmáticos. Quem conhece o trabalho teológico de Bultmann sabe também que aquele artigo nada tem a ver com sensacionalismo. O artigo apenas formulou o que de há muito já vinha acontecendo no trabalho exegético do teólogo. (…)
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Gadamer / Hans-Georg Gadamer / HGG2007
HANS-GEORG GADAMER (1900-2002)
OBRA NA INTERNET: LIBRARY GENESIS
GADAMER, H.-G. Gesammelte Werke, Bd. 3, Neuere Philosophie I: Hegel / Husserl / Heidegger (Tübingen, Mohr Siebeck, 1987). / La dialéctica de Hegel . Cinco ensayos hermenéuticos. Tr. Teresa Orduña y Manuel Garrido. Madrid: Cátedra, 1994
GADAMER, H.-G.. Hermeneutik I, Wahrheit und Methode: Grundzüge einer philosophischen Hermeneutik (Tübingen: Mohr Siebeck, 1986). / Verdade e Método I. Tr. Flávio Paulo Meurer. Petrópolis: Vozes, 1999 / Wahrheit und Methode II. Tübingen: Mohr Siebeck, 1993 [VM1] / Verdade e Método II. Tr. Enio Paulo Giachini. Petrópolis: Vozes, 2002 [VM2]
GADAMER, H.-G.. Gesammelte Werke, Bd. 3, Neuere Philosophie I: Hegel / Husserl / Heidegger (Tübingen, Mohr Siebeck, 1987). / Heidegger’s ways. Tr. John W Stanley. New York: SUNY, 1994 / Los caminos de Heidegger. Tr. Angela Ackermann Pilári. Barcelona: Herder, 2002
GADAMER, Hans-Georg. Über die Verborgenheit der Gesundheit (Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1993) / O caráter oculto da saúde. Tr. Antônio Luz Costa. Petrópolis: Vozes, 2006
Gesammelte Werke, Bd. 10: Hermeneutik im Rückblick (Tübingen, Mohr Siebeck, 1995) / Subjectivity and Intersubjectivity, Subject and Person (2000)
Gesammelte Werke, Bd. 6, Griechische Philosophie II (Tübingen: Mohr Siebeck, 1985). / Hacia una prehistoria de la metafísica (1994)
Matérias
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Gadamer (VM): aspecto hermenêutico
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de Castro -
Gadamer (VM): cânon hermenêutico
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroÀ primeira vista, o fato de que não se deva introduzir num texto nada que não pudesse ter tido em mente o autor e o leitor, soa como um cânon hermenêutico da razão, que, enquanto tal, também é reconhecido geralmente. E, no entanto, somente nos casos mais extremos pode-se realmente aplicá-lo. Os textos não querem ser entendidos como expressão vital da [399] subjetividade de seu autor. Por consequência, não é a partir daí que podem ser traçados os limites de seu sentido. Todavia, o duvidoso (…)
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Gadamer (VM): aletheia
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroMas também o limite da teoria da semelhança é claro: não se pode criticar a linguagem por referência às coisas, no sentido de que as palavras não as reproduziram corretamente. A linguagem não está aí como um simples instrumento de que lançamos mão, ou que construímos para nós, com o fim de comunicar e fazer distinções com ele. Ambas as interpretações das palavras partem de sua existência e de sua manualidade e deixam estar as coisas como o que é conhecido de antemão. Justamente por isso, (…)
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Gadamer (VM): conceito de conhecimento
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroAs pesquisas a seguir, portanto, iniciam-se com uma crítica da consciência estética, a fim de defenderem a experiência da verdade, que nos é proporcionada pela obra de arte, contra a teoria estética, que se deixa limitar pelo conceito de verdade da ciência. Elas, porém, não se contentam somente com a justificação da verdade da arte. Antes, procuram, desse ponto de partida, um conceito de conhecimento e de verdade, que corresponde ao todo de nossa experiência hermenêutica. Tal como na (…)
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Gadamer (VM): princípio da hermenêutica
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroDilthey refletiu incansavelmente sobre esse problema. Sua reflexão tinha sempre como meta legitimar o conhecimento do que é condicionado historicamente como desempenho da ciência objetiva, apesar do próprio condicionamento. A isso devia ser a teoria da estrutura, que constrói sua unidade a partir de seu próprio centro. O fato de que se compreenda um nexo estrutural a partir do próprio centro é algo que corresponde ao velho princípio da hermenêutica e da exigência do pensamento histórico, (…)
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Gadamer (VM): essência da hermenêutica
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de Castro1.1.1. A transformação da essência da hermenêutica entre o Aufklärung e o Romantismo 943 VERDADE E MÉTODO SEGUNDA PARTE 1.
Mesmo assim, a tarefa que ele se impõe é, precisamente, a de separar o procedimento do compreender. Trata-se de torná-lo autônomo, como uma metodologia própria. A isso estará unida também, para Schleiermacher, a necessidade de libertar-se das proposições de tarefas redutoras, que tinham determinado em seus predecessores, Wolf e Ast, a essência da hermenêutica. Não (…) -
Gadamer (VM): fenomenologia
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroPhänomenologie
Semelhantemente universal é a função epistemológica que possui o conceito de vivência na fenomenologia de Husserl. Na 5â investigação lógica (22 capítulo) diferencia-se expressamente o conceito de vivência fenomenológica da popular. A unidade da vivência não é entendida como uma parte da corrente real da experiência de um eu, mas como uma relação intencional. A unidade de sentido chamada "vivência" é também aqui uma unidade teleológica. Somente existem vivências na medida em (…) -
Gadamer (VM): ordem judicial
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroA tarefa da interpretação consiste em concretizar a lei em cada caso, isto é, em sua aplicação. A complementação produtiva do direito, que ocorre com isso, está obviamente reservada ao juiz, mas este encontra-se por sua vez sujeito à lei, exatamente como qualquer outro membro da comunidade jurídica. Na idéia de uma ordem judicial supõe-se o fato de que a sentença do juiz não surja de arbitrariedades imprevisíveis, mas de uma ponderação justa do conjunto. A pessoa que se tenha aprofundado em (…)
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Gadamer (VM): compreensão dos textos
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroDaí procede a muito marcante consciência que possui a filosofia dos nossos dias. Mas há uma outra pergunta, bem diferente: até que ponto a reivindicação da verdade de tais formas de conhecimento, situadas fora do âmbito da ciência, podem ser filosoficamente legitimadas? A atualidade do fenômeno hermenêutico repousa, ao meu ver, no fato de que apenas um aprofundamento no fenômeno da compreensão pode trazer uma tal legitimação. Não foi apenas em última instância que essa convicção veio a se (…)
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Gadamer (VM): problemática da compreensão
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroJá na análise da hermenêutica romântica tivemos ocasião de ver que a compreensão não se baseia em um deslocar-se para o interior do outro, em uma participação imediata de um no outro. Compreender o que alguém diz é, como já vimos, pôr-se de acordo sobre a coisa, não deslocar-se para dentro do outro e reproduzir suas vivências. Já destacamos que a experiência de sentido, que ocorre desse modo na compreensão, encerra sempre um momento de aplicação. Percebemos agora que todo este processo é um (…)
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Gadamer (VM): condicionamento hermenêutico
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroCom efeito, devemos perguntar como legitimar o condicionamento hermenêutico de nosso ser frente à existência da ciência moderna, uma vez que esta se baseia totalmente no princípio da imparcialidade e na ausência de preconceitos. Não se trata de dar normas à ciência e recomendar-lhe moderação — isso, sem mencionar que esse tipo de sermão sempre contém algo de cômico. A ciência não fará nossa vontade. Seguirá seu caminho movida por uma necessidade interna, que não depende de seu arbítrio, (…)
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Gadamer: Reflection and Self-consciousness
30 de abril de 2017, por Cardoso de CastroExtract p. 277-279, translated by Peter Adamson and David Vessey, from Continental Philosophy Review 33: 275-287, 2000
Thus the structure of reflexivity returned to center stage in philosophy. “Reflection” and “reflexivity” are etymologically derived from the Latin expression reflexio, a familiar term in optics and mirroring. It could not have developed to its newer meaning, its natural meaning for us, before the emergence of the scholastic sciences. Originally it referred merely to the (…) -
Gadamer (VM): filosofia moral
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroNa filosofia do escocês, o conceito de common sense encontrou uma função realmente central e sistemática, que polemiza tanto contra a metafísica, como contra sua cética solução, e sobre o fundamento de juízos originários e naturais do common sense, elabora seu novo sistema (Thomas Reid). Sem dúvida que nisso encontra-se atuante a tradição conceitual aristotélico-escolástica do sensus communis. A pesquisa dos sentidos e do seu desempenho cognitivo é haurida dessa tradição e, em última (…)
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Gadamer (VM): Adorno
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroMas a interpretação não se limita aos textos e à compreensão histórica que neles se deve alcançar. Todas as estruturas de sentido concebidas como textos, desde a natureza (interpretatio naturae, [435] Bacon), passando pela arte (cuja carência de conceitos [Kant] converte-se em exemplo preferencial de interpretação [Dilthey]), até as motivações conscientes ou inconscientes da ação humana, são suscetíveis de interpretação. Essa pretende mostrar não o que é óbvio mas as verdadeiras e latentes (…)
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Gadamer (VM): filosofia da história
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroMas reconhecer que a formação seja algo como um elemento do espírito, isso não está vinculado à filosofia de Hegel do espírito absoluto, e muito menos o seu juízo acerca da historicidade da consciência está vinculado à sua FILOSOFIA DA HISTÓRIA mundial. O que importa é ter claro, que também para as ciências do espírito históricas, que se derivam de Hegel, a ideia da formação plena continua sendo um ideal necessário. Porque a formação é o elemento no qual elas se movimentam. Mesmo o que o (…)
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Gadamer (VM): compreensão do texto
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroDe fato, a fórmula entendida desse modo pode ser considerada como um princípio para toda filologia, na medida em que esta é entendida como a compreensão do discurso artístico. Essa melhor compreensão, que caracteriza o intérprete face ao autor, não se refere, por exemplo, à compreensão das coisas de que fala o texto, mas meramente à compreensão do texto, isto é, do que o autor teve em mente e ao que deu expressão. VERDADE E MÉTODO SEGUNDA PARTE 1.
Essa exigência fundamental deve ser (…) -
Gadamer (VM): obra de arte
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroAlgo semelhante vale para a experiência da arte. Aqui é a pesquisa científica, que se dedica à chamada ciência da arte, que se encontra desde o princípio conscientizada de que não pode substituir nem suplantar a experiência da arte. O fato de sentirmos a verdade numa obra de arte, o que não seria alcançável por nenhum outro meio, é o que dá importância filosófica à arte, que se afirma contra todo e qualquer raciocínio. Assim, ao lado da experiência da filosofia, a experiência da arte é a (…)
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Gadamer (VM): Plutarco
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroSalta à vista a escassa clareza que tem, aqui, a relação entre experimentar, reter e a unidade da experiência que produziriam ambas as coisas. Evidentemente Aristóteles se apoia aqui num raciocínio que em seu tempo já possuía uma certa [357] cunhagem clássica. O testemunho mais antigo que nos chegou dele é de Anaxágoras, de quem Plutarco nos transmitiu, que o que caracteriza o homem face aos animais se determinaria por empeiria, mneme, sophia e techne. Um nexo parecido surge quando Esquilo (…)
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Gadamer (VM): filosofia existencial
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroE assim, surge a questão de se saber até que ponto a superioridade dialética da filosofia da reflexão corresponde a uma verdade pautada na coisa ou até que ponto gera tão-somente uma aparência formal. Pois a argumentação da filosofia da reflexão não pode acabar ocultando que a crítica contra o pensamento especulativo, que é exercida do ponto de vista da limitada consciência humana, contém algo de verdade. Isso se mostra muito particularmente nas formas epigônicas do idealismo, por exemplo, (…)
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Gadamer (VM): memória
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroAliás, a gente não consegue apreender corretamente a essência da própria memória, caso nela não vejamos nada mais do que uma disposição ou uma capacidade genérica. Reter, esquecer e voltar a lembrar pertencem à constituição histórica do homem e formam mesmo uma parte de sua história e de sua formação. Quem exercita sua memória como uma mera capacidade — e toda a técnica da memória é tal exercício — não a terá ainda como o que é o seu mais próprio. A memória tem de ser formada. Pois a memória (…)
Notas
- Ernildo Stein (2003:67) – da reflexão à compreensão
- Figal (2015) – Beleza [Heidegger e Gadamer]
- Gadamer (1987) – ser e não-ser
- Gadamer (1993:C1) – o domínio da ciência moderna
- Gadamer (1993:C1) – práxis
- Gadamer (1993:Prefácio) – Saúde não é algo que se possa fazer
- Gadamer (1995) – Hacia una prehistoria de la metafísica
- Gadamer (1995/2000:276-277) – Sujeito
- Gadamer (1999:25) – hermenêutica, como teoria da experiência real
- Gadamer (VM1:16-17) – compreensão, modo de ser próprio do Dasein
- Gadamer (VM2:361-362) – destruição e desconstrução
- Gadamer (VM2:384-385) – sentido do ser
- Gadamer (VM2:428) – Wesen (essência)
- Leo Strauss - Gadamer Correspondence