[…] Vou começar com uma discussão sobre práticas em geral. Em expressões como “habilidades e práticas”, o uso da palavra “práticas” por Dreyfus pode soar pleonástico — como se a palavra “prática” fosse sinônima de “habilidade”. E, às vezes, ele usa as palavras de forma intercambiável. Mas há uma distinção a ser feita entre habilidades e práticas — uma distinção que Dreyfus geralmente respeita. Pode-se dizer que as habilidades nos permitem participar de uma prática com fluidez. Mas uma (…)
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Dreyfus / Hubert Dreyfus
Hubert Dreyfus (1929-2017)
Obra na Internet: Internet Archive; Library Genesis
DREYFUS, Hubert. Being-in-the-World. A Commentary on Heidegger’s Being and Time , Division I. Cambridge: MIT Press, 1991 / Ser-en-el-mundo. Tr. Francisco Huneeus y Héctor Orrego. Santiago de Chile: Editorial Cuatro Vientos, 2003.
DREYFUS, Hubert L. Background practices: essays on the understanding of being. First edition ed. Oxford ; New York: Oxford University Press, 2017.
Matérias
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Wrathall (2017:4-7) – práticas
18 de outubro de 2024, por Cardoso de Castro -
Kevin Aho – Realismo e Idealismo
22 de novembro de 2024, por Cardoso de Castro -
Dreyfus & Kelly (2011:72-74) – respeito aos deuses e sacrifícios
3 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroNO MUNDO DE HOMERO, a falta de gratidão é um dos sinais mais seguros de que um personagem é deficiente. Já vimos que Homero explica a morte de Ajax em termos de sua autossatisfação e falta de gratidão, mas esse tema retorna várias vezes nas obras homéricas. Talvez o exemplo mais importante seja encontrado no comportamento dos pretendentes de Penélope.
Enquanto Odisseu está longe de casa, vários príncipes itacenses estão determinados a se casar com sua esposa Penélope e, assim, tomar posse (…) -
Dreyfus (1991) – Individualismo metodológico
19 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroOriginal
5. Methodological Individualism. Heidegger follows Wilhelm Dilthey in emphasizing that the meaning and organization of a culture must be taken as the basic given in the social sciences and philosophy and cannot be traced back to the activity of individual subjects. Thus Heidegger rejects the methodological individualism that extends from Descartes to Husserl to existentialists such as the pre-Marxist Sartre and many contemporary American social philosophers. In his emphasis on the (…) -
Wrathall (2017:10-12) – o impessoal [das Man] e autenticidade
19 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroUma vez que reconheçamos como as práticas de fundo desempenham um papel constitutivo na fundamentação de uma compreensão do ser, abrem-se várias questões importantes. Por exemplo, já vimos como as práticas de fundo são totalmente sociais. Nossa compreensão do mundo é articulada por essas práticas e, portanto, crescemos, em primeiro lugar, em uma forma compartilhada de compreender tudo. “Não dizemos o que vemos”, explica Heidegger sobre nossa experiência cotidiana imediata da palavra, “mas (…)
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Dreyfus (1991) – Representação mental
19 de novembro de 2024, por Cardoso de Castro2. Mental Representation. To the classic assumption that beliefs and desires underlie and explain human behavior, Descartes adds that in order for us to perceive, act, and, in general, relate to objects, there must be some content in our minds — some internal representation — that enables us to direct our minds toward each object. This "intentional content" of consciousness has been investigated in the first half of this century by Husserl and more recently by John Searle.
Heidegger (…) -
Dreyfus & Kelly (2011:61-63) – arete (excelência) e os deuses homéricos
3 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroOs poemas épicos de Homero trouxeram à tona uma noção de arete, ou excelência na vida, que estava no centro da compreensão grega do ser humano. Muitos admiradores da cultura grega tentaram definir essa noção, mas para ter sucesso aqui é preciso evitar duas tentações importantes. Há a tentação de ser condescendente, que já mencionamos. Mas há também a tentação de ler uma sensibilidade moderna na época de Homero. Uma tradução padrão da palavra grega arete como “virtude” corre o risco desse (…)
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Dreyfus (1975:21-23) – Do analógico ao digital, a máquina se torna universal
19 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroDestarte, enquanto os computadores analógicos operam com quantidades contínuas, todos os computadores digitais são máquinas de função descontínua. Como estabelece A. M. Turing, famoso por suas definições a respeito da essência de um computador digital: (As máquinas de função descontínua) movem-se aos saltos ou a cliques, de um estado bem definido para outro. Esses estados são suficientemente diferentes para que se ignore a possibilidade de confusão entre si. Rigorosamente falando, não (…)
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Dreyfus & Kelly (2011:62-64) – gratidão
3 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroOs deuses são essenciais para a compreensão grega homérica do que é ser um ser humano. Como Peisistratus — o filho do velho e sábio Nestor — diz no início da Odisseia: “Todos os homens precisam dos deuses.” Os gregos estavam profundamente conscientes das maneiras pelas quais nossos sucessos e fracassos — na verdade, nossas próprias ações — nunca estão completamente sob nosso controle. Eles eram constantemente sensíveis, maravilhados e gratos por aquelas ações que não se pode realizar por (…)
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Dreyfus (Internet) – Howard Rheingold
19 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroIt should thus be clear that tools are not neutral, and that using the Net diminishes one’s involvement in the physical and social world. This, in turn, diminishes one’s sense of reality and of the meaning in one’s life. Indeed, it seems that, the more we use the Net, the more it will tend to draw us into the unreal, lonely, and meaningless world of those who want to flee all the ills that flesh is heir to.
If, however, one is already committed to a cause, the World Wide Web can increase (…) -
Dreyfus (1991) – Holismo teórico
19 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroOriginal
3. Theoretical Holism. Plato’s view that everything human beings do that makes any sense at all is based on an implicit theory, combined with the Descartes/Husserl view that this theory is represented in our minds as intentional states and rules for relating them, leads to the view that even if a background of shared practices is necessary for intelligibility, one can rest assured that one will be able to analyze that background in terms of further mental states. Insofar as (…) -
Dreyfus & Kelly (2011:74-76) – daquilo a ser admirado e grato
3 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroO FENÔMENO DA GRATIDÃO e a admiração formam o pano de fundo de toda a compreensão de Homero sobre a existência humana: Homero encontra coisas pelas quais se maravilhar e ser grato que nossas teorias modernas quase sempre encobrem. Veja um dos exemplos mais simples: o sono. Na Ilíada, o próprio Sono é um deus — pelo menos uma vez é mencionado como o “senhor de todos os deuses e de todos os homens” (Hom. Il. 14.230ss). Na Odisseia, entretanto, como vimos, o sono é principalmente um poder que (…)
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Dreyfus (1991) – Ser-no-Mundo. Comentário à Divisão I de Ser e Tempo de Martin Heidegger
19 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroThis commentary has been circulating in gradually changing versions for over twenty years. It started in 1968 as a set of “Fybate Lecture Notes” transcribed from my course on Being and Time at the University of California, Berkeley. In 1975 I started circulating my updated lecture notes to students and anyone else who was interested. For a decade thereafter I revised the notes each year, incorporating and responding to what I learned from my students and teaching assistants. By 1985 there (…)
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Dreyfus & Taylor (2015:1-4) – sujeito-objeto
16 de dezembro de 2019, por Cardoso de CastroNossa tradução
“UMA IMAGEM NOS MANTÉM CATIVOS” (Ein Bild hielt uns gefangen). É o que Wittgenstein fala no parágrafo 115 das Investigações Filosóficas. O que ele se refere é a poderosa imagem da mente-no-mundo que habita e subjaz ao que poderíamos chamar de moderna tradição epistemológica, que começa com Descartes. O ponto que ele quer transmitir com o uso da palavra “imagem” (Bild) é que há algo aqui diferente e mais profundo do que uma teoria. É um entendimento de fundo amplamente não (…) -
Dreyfus (1991) – A linguagem de Heidegger para descrever o "ser" humano
19 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroOriginal
At this point someone is sure to object that in spite of his interest in our shared, everyday practices, Heidegger, unlike Wittgenstein, uses very unordinary language. Why does Heidegger need a special, technical language to talk about common sense? The answer is illuminating.
To begin with, Heidegger and Wittgenstein have a very different understanding of the background of everyday activity. Wittgenstein is convinced that the practices that make up the human form of life are a (…) -
Dreyfus (1991) – Reflexão crítica
19 de novembro de 2024, por Cardoso de Castro1. Explicitness. Western thinkers from Socrates to Kant to Jürgen Habermas have assumed that we know and act by applying principles and have concluded that we should get clear about these presuppositions so that we can gain enlightened control of our lives. Heidegger questions both the possibility and the desirability of making our everyday understanding totally explicit. He introduces the idea that the shared everyday skills, discriminations, and practices into which we are socialized (…)
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Dreyfus (1991) – Neutralidade científica
19 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroOriginal
4. Detachment and Objectivity. From the Greeks we inherit not only our assumption that we can obtain theoretical knowledge of every domain, even human activities, but also our assumption that the detached theoretical viewpoint is superior to the involved practical viewpoint. According to the philosophical tradition, whether rationalist or empiricist, it is only by means of detached contemplation that we discover reality. From Plato’s theoretical dialectic, which turns the mind (…) -
Dreyfus & Taylor (2015:34-37) – coisas, correlatos do envolvimento preocupante
3 de novembro de 2024, por Cardoso de Castro[…] Em Sein und Zeit, Heidegger argumenta que as coisas são reveladas primeiramente como parte de um mundo, ou seja, como correlatos do envolvimento preocupante, e dentro de um todo de tais envolvimentos. Isso desmascara certas características básicas da imagem desvinculada. Primeiro, seguindo Kant, o atomismo da entrada é negado pela noção de um todo de envolvimentos. Mas isso também anula outra característica básica da imagem clássica: que a entrada primária é neutra e somente em um (…)
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Dreyfus (OQC): Introdução
1º de novembro de 2021, por Cardoso de CastroExcelente reflexão sobre as possibilidades concretas da informática, em particular a concretude das promessas da inteligência artificial. Segue um excerto da introdução à primeira edição (MIT), What Computers Can’t Do.
Esta [nova] edição de What Computers Can’t Do marca não apenas uma mudança de editor e uma ligeira mudança de título; também marca uma mudança de status. O livro agora oferece não uma posição controversa em um debate em andamento, mas uma visão de um período passado da (…) -
Malpas (2006:67-68, 77-78) – ser-em
2 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroSer e Tempo [SZ] contém muitos elementos da análise preliminar que já encontramos em seu pensamento anterior. Ele começa com a questão do ser, mas rapidamente passa a demonstrar a maneira pela qual essa questão já está implicada com a questão do ser daquele modo de ser que é o ser-aí e com o caráter de seu ser como ser-no-mundo. De uma perspectiva topológica, é notável, no entanto, que a análise substantiva da divisão I de Ser e Tempo comece com o problema de como entender a noção de (…)
Notas
- Dreyfus & Kelly (2011:60-61) – a presença dos deuses
- Dreyfus & Kelly (2011:60-61) – deuses sintonizadores
- Dreyfus & Kelly (2011:77-78) – o fenômeno grego do verbo em "voz média"
- Dreyfus & Kelly (2011:81) – excelência
- Dreyfus & Kelly (2011:85-86) – beleza
- Dreyfus & Taylor (2015:18-19) – teoria do contato
- Dreyfus & Taylor (2015:23) – o particular no geral
- Dreyfus (1991:4) – explicitude
- Dreyfus (1991:5) – cognitivismo
- Dreyfus (1991:5-6) – holismo teorético
- Dreyfus (1991:6) – desprendimento e objetividade
- Dreyfus (1991:7) – individualismo metodológico
- Dreyfus (1991:7-8) – linguagem de Heidegger
- Wrathall (2017:14-15) – niilismo
- Wrathall (2017:4-7) – práticas científicas