Heidegger interpreta Logos como sendo tanto o Ser quanto a verdade. Como Ser, Logos se refere à presença ou à auto-manifestação dos entes. Como verdade, o Logos se refere à atividade de coleta que clareia o lugar necessário para essa presença. O Logos, então, desempenha o papel dos êxtases temporais descritos em Ser e Tempo. Naquele livro, entretanto, a temporalidade foi atribuída apenas à existência humana. Por isso, Heidegger concluiu que os entes só poderiam estar presentes ou se (…)
João Cardoso de Castro (doutor Bioética - UFRJ) e Murilo Cardoso de Castro (doutor Filosofia - UFRJ)
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Zimmerman (1982:233-236) – Logos
30 de setembro de 2024, por Cardoso de Castro -
Zimmerman (1982:231-233) – Ser e Dasein
30 de setembro de 2024, por Cardoso de CastroEmbora Heidegger tenha desenvolvido o conceito de Ereignis entre 1936 e 1938, as sementes dessa ideia foram plantadas em Ser e Tempo e começaram a brotar em seu ensaio de 1930, “Sobre a essência da verdade”. Aqui nos é dito que a liberdade constitui a essência da verdade ou da revelação. A liberdade não é um poder humano arbitrário.
O homem não “possui” a liberdade como uma propriedade [Eigenschaft]. Na melhor das hipóteses, o inverso se sustenta: a liberdade, ek-sistente, Da-sein (…) -
Zimmerman (1982:244-246) – liberação
30 de setembro de 2024, por Cardoso de CastroO tratamento mais extenso de Heidegger sobre a liberação diz respeito à liberação do indivíduo da vontade própria e do pensamento objetivante. Essa discussão é encontrada em seu ensaio “Towards the Elucidation of Releasement: From a Dialogue on a Country Path about Thinking” (1944-1945) [GA77]. Esse diálogo entre um cientista, um acadêmico e um professor (que parece representar Heidegger) argumenta que o “pensamento” genuíno começa somente quando o indivíduo é liberado da intencionalidade (…)
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Chassard (1988:44-46) – pensar e poetizar
30 de setembro de 2024, por Cardoso de CastroNessas origens, o pensamento, de certa forma, é a episteme logike, o compreender que se relaciona com logos, o substantivo cujo verbo correspondente é legein. A lógica, que determina o pensamento e depois se torna dialética, depois logística, nem sempre foi esse rigor sem contradição do pensar e do dizer corretos. Anteriormente, em Parmênides, diz Heidegger, legein e noein tinham um significado diferente daquele que damos a eles hoje. O legein do logos não era a enunciação e o dizer, e o (…)
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Birault (1978:134-137) – o ser em termos da ideia platônica
29 de setembro de 2024, por Cardoso de CastroO ser de todo ente, o que pode ser chamado de sua entidade — die Seiendheit, os gregos o chamavam de οὐσία. Sabemos que Platão determina οὐσία em termos de εἶδος ou ἰδέα. Também sabemos que a palavra ideia designa, antes de tudo, a face, a forma ou o tipo de todas as coisas. Por fim, sabemos que essa determinação do ser em termos de uma ideia faz parte do conhecido privilégio do olho, do ver ou da visão na existência, no pensamento e na arte dos helenos. E quando se trata do privilégio da (…)
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Birault (1978:132-134) – valor
29 de setembro de 2024, por Cardoso de CastroValor (latim valere) refere-se, em primeiro lugar, à valentia e ao poder, à saúde e à integridade de uma coisa ou de um ser. O valor ainda está livre de qualquer avaliação ou estimativa: ele é pensado em termos de ser ou perfeição.
Valor sem avaliação, estima sem estimativa, é o que a palavra grega ἀξίωμα também diz, e melhor ainda. “A “destruição” heideggeriana da moderna concepção “axiomática” ou “axiológica” da noção de valor. “O grego ἀξίωμα”, lembra Heidegger, ‘é derivado de ἀξιόω, eu (…) -
Birault (1978:38-39) – finitude e morte
29 de setembro de 2024, por Cardoso de CastroUma tese de Heidegger, aparentemente negligenciada atualmente, aprofunda o abismo que separa os dois modos ou níveis de temporalidade. Em sua forma lábil ou evanescente, o tempo derivado é ilimitado. O infinito e a inautenticidade andam juntos. O finito, por outro lado, é o tempo da temporalidade original. Esse ser-finito ou finitude não resulta de nenhum início ou fim do tempo ou de nosso próprio tempo. O finito é, antes de tudo, aquilo que participa de alguma forma do nada. Já sabemos que (…)
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Birault (1978:33-35) – o tempo mais próximo, a presença [Anwesen]
29 de setembro de 2024, por Cardoso de CastroAs várias características da temporalidade derivada manifestam um contraste com as características da temporalidade original. Não vamos catalogá-las. Vamos apenas enfatizar a novidade devastadora da invenção de Heidegger. Heidegger, de fato, inventa um novo tempo, ou melhor, um novo sentido de tempo. Nunca, jamais, se pensou no tempo dessa maneira. Heidegger pode se debruçar sobre toda a história da filosofia, mas não a encontrará, exceto por um breve momento, em um lugar muito estreito , e (…)
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Birault (1978:31-33) – tempo no horizonte do tempo
29 de setembro de 2024, por Cardoso de CastroEntre uma definição tautológica e uma interpretação distorcida do tempo, Heidegger corajosamente escolhe a primeira. No entanto, essa escolha só é possível porque a definição aristotélica não é mais entendida como uma definição no sentido escolástico do termo: ela não define o tempo como tal, mas apenas uma maneira de abordar o tempo para que ele se torne acessível a nós. Significação fenomenológica e não mais lógica da definição: o tempo sempre precede a si mesmo. Portanto, o relógio só nos (…)
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Birault (1978:16-17) – Amplitude da temporalidade derivada
29 de setembro de 2024, por Cardoso de CastroAmplitude da temporalidade derivada. Estreiteza da temporalidade original. Tudo no mundo, tudo o que é de qualquer natureza e de qualquer forma, está inscrito no tempo do mundo: o físico não menos que o psíquico, o objetivo não menos que o subjetivo, o transcendente não menos que o imanente. Além disso, o atemporal, por sua vez, não é menos temporal do que o temporal; na verdade, é ainda mais. Pensado em sua própria verdade, o atemporal é o onitemporal. Eternas, nesse aspecto, não são, por (…)