1) Esse termo — ser — é colocado desde as primeiras páginas da Filosofia [de Jaspers] e a questão do ser será, do começo ao fim, o ímpeto que impulsionará o filósofo de todas as posições que ele conquistar; no final, nem o objeto das ciências, nem mesmo a existência, será o ser em si mesmo. Isso quer dizer imediatamente que a filosofia de Jaspers não ignora o problema dos problemas, como Heidegger a censura por fazer; o sentido agudo que ela tem da existência, ou seja, do indivíduo humano, (…)
João Cardoso de Castro (doutor Bioética - UFRJ) e Murilo Cardoso de Castro (doutor Filosofia - UFRJ)
Matérias mais recentes
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Ricoeur & Dufrenne (1947) – "questão do ser" em Jaspers
14 de outubro de 2024, por Cardoso de Castro -
Kockelmans (1984:99-101) – espaço-tempo
14 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroAo enviar [Geschick] como tal, a essência do tempo se mantém. Por tempo não entendemos aqui aquele tempo com a ajuda do qual medimos o movimento e que é derivado dos entes, mas sim a temporalidade que pertence ao horizonte transcendental do sentido do Ser. Ela é meramente [100] o modo pelo qual o desvelamento vem a acontecer. Em toda a tradição metafísica, o tempo nunca foi adequadamente desdobrado ou mesmo discutido. Essa foi a razão pela qual o Ser dos entes sempre foi considerado a partir (…)
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Kockelmans (1984:96-98) – Ser aparece na forma de mundo segundo Geviert
14 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroEm cada época da história, o Ser sempre aparece concretamente na forma de mundo; o mundo é o domínio daquilo que, em cada caso, é próprio. Na visão de Heidegger, o mundo deve ser pensado como o quadrinômio [Geviert] de céu e terra, deuses e mortais. A terra é o que carrega e constrói, nutre e dá frutos, guarda águas e rochas, plantas e animais. Por outro lado, o céu é o caminho do sol, o curso da lua, o esplendor das estrelas, as estações do ano, a luz e o crepúsculo do dia, bem como a (…)
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Flusser (2018:45-50) – mundo das coisas reais = teia das nossas frases
14 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroTomemos como exemplo a frase: “O homem lava o carro”. Nessa frase “o homem” é sujeito, “o carro” é objeto e “lava” é predicado. O sujeito “o homem” irradia o predicado “lava” em direção ao objeto “o carro”. A frase tem, portanto, a forma (Gestalt) de um tiro ao alvo. O sujeito (“o homem”) é o fuzil, o predicado (“lava”) é a bala, o objeto (“o carro”) é o alvo. Podemos ainda visualizar a situação comparando-a com uma projeção cinematográfica. O sujeito (“o homem”) é o projetor, o predicado (…)
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Lima Vaz (1991:262-265) – Metafísica
14 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroSegundo Heidegger, no espaço metafísico aberto pela teoria platônica das Ideias, pode ser traçada uma linha contínua que leva pelo menos até Nietzsche. A tese heideggeriana fundamental, já presente em Ser e Tempo, ensina que, entre a ontologia clássica fundamental de proveniência grega e a ontologia moderna a partir de Descartes, verifica-se, tão-somente, a transposição das categorias do ente mundano (ousia) para a esfera do sujeito, operada dentro da mesma visão (noein) e da mesma expressão (…)
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Lima Vaz (1991:133-134) – Nietzsche
14 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroA presença de Nietzsche, como a de Marx, é uma presença difusa, mas poderosamente determinante em vários campos da cultura contemporânea. No que diz respeito à filosofia, sua obra se apresenta sobretudo como crítica da cultura e como proposição de uma nova ideia do homem. Nietzsche retoma, dando-lhes novo sentido, as questões de Kant que convergem para a interrogação “o que é o homem?” Essa interrogação, para Nietzsche, formula-se não no plano clássico da essência (Wesen) e sim na (…)
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Vattimo (2007:I.1) – interpretação
14 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroVamos começar com uma observação que pode nos ajudar a entender qual é o significado da interpretação e o papel que ela tem a desempenhar no que chamamos de conhecimento. De uma perspectiva hermenêutica, devemos dizer que o conhecimento requer uma perspectiva, que, ao conhecer qualquer coisa, devo escolher uma perspectiva. Mas alguns podem objetar: e no caso do conhecimento científico? O conhecimento científico também é perspectivista? Minha resposta é que, como os cientistas optaram por não (…)
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Xolocotzi (YouTube) – Seminários de Zollikon [GA89]
13 de outubro de 2024, por Cardoso de Castro -
Xolocotzi (2011:23-27) – nossas relações com as coisas
13 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroTomemos, então, como faz Heidegger, o ponto de partida mais regular e imediato que temos: nossas relações com as coisas. Obviamente, falar sobre coisas já apresenta um problema inicial: de que tipo de coisas estamos falando, o que é uma coisa, queremos dizer a mesa, o chão, a ideia ou a justiça? Se pretendemos realizar uma “definição” desde o início, a própria intenção já aponta em uma direção, talvez despercebida, que estabelece um certo quê como guia. E isso constituiria uma maneira (…)
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Antonio Machado (2003:163-166) – Angústia [Mairena]
13 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroEsses versos, originalmente escritos e reunidos em um volume por volta de 1907, prestam-se inequivocamente a uma interpretação heideggeriana:
É uma tarde triste e cinzenta, abandonada, como minha alma; e é essa velha angústia que habita minha hipocondria habitual. Não consigo nem mesmo entender vagamente a razão dessa angústia. nem mesmo vagamente entendê-la; mas eu me lembro e, lembrando, eu digo : Sim, eu era uma criança e você era minha companheira
A angústia, à qual Unamuno e, antes (…)