Ressaltamos que, para que uma sentença se qualifique como uma proposição sobre o mundo externo, ela deve admitir ser verdadeira ou falsa. Agora, com muita frequência, os filósofos, ao buscarem refinar a compreensão do sentido de uma proposição, referem-se às suas condições de verdade. Uma maneira de fazer essa pergunta é considerar as condições sob as quais a sentença seria falsa. (Se essas condições forem contraditórias, dizemos que a frase não pode ser considerada falsa e, portanto, é (…)
João Cardoso de Castro (doutor Bioética - UFRJ) e Murilo Cardoso de Castro (doutor Filosofia - UFRJ)
Matérias mais recentes
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Gelven (1972:177-179) – verdadeiro ou falso?
21 de outubro de 2024, por Cardoso de Castro -
Gelven (1972:175-179) – modos de existência desencobrem ou encobrem o si?
21 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroA terceira e última característica da abordagem de Heidegger ao desenvolvimento temático do sentido do Ser é que todos os [176] modos de existência sejam vistos em termos de sua capacidade de desencobrir e de encobrir a compreensão da existência. Esse requisito é de extrema importância porque, sem ele, não haveria diferença entre o fato de alguém vir a compreender sua existência e o fato de não o fazer. Além disso, a menos que a estrutura pela qual o desenvolvimento temático da (…)
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Gelven (1972:172-175) – fenomenologia hermenêutica
21 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroA insistência de Heidegger em um método adequado para esclarecer a questão do que significa ser é consistente com sua insistência na distinção crucial entre tipos de entes (Seiende) e o próprio sentido de Ser (Sinn von Sein). Os procedimentos e regras que constituem a ciência e que os homens descobriram e refinaram ao longo dos séculos não estão sendo negados ou desacreditados aqui; estão apenas sendo limitados à sua esfera apropriada. A investigação sobre a questão do Ser, entretanto, não (…)
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Gelven (1972:170-172) – O que significa ser de tal e tal maneira?
21 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroÀ primeira vista, o requisito inicial pode parecer obscuro ou redundante. Heidegger está dizendo que é preciso formular a investigação de uma maneira particular. Em vez de perguntar o que é compreensão, o que é culpa ou o que é o mundo, deve-se perguntar o que significa ser aquilo que pode compreender, o que significa ser culpado, o que significa ser em um mundo. Agora, alguém pode protestar que certamente essa exigência é artificial, que a forma gramatical da pergunta não fará tanta (…)
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Gelven (1972:168-170) – Hume e Heidegger
21 de outubro de 2024, por Cardoso de Castro[…] Certamente Kant tem uma profunda influência sobre Heidegger, e Kant admite que foi Hume quem “o despertou de seu sono dogmático”. A ascendência humeana de Heidegger — se for verdadeira — pode ser encontrada por meio de Kant? Somente em um sentido muito especial: portanto, é melhor traçar o parentesco mais diretamente. Hume é um antepassado espiritual de Heidegger porque esse escocês severo se recusava a aceitar como verdade qualquer coisa que não fosse primeiramente significativa. Os (…)
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Gelven (1972:166-167) – O que significa ser?
21 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroA principal preocupação de Heidegger em Ser e Tempo é desenvolver uma análise temática da maneira mais fundamental pela qual o homem pode pensar, tanto sobre si mesmo quanto sobre o mundo. Esse pensamento, no entanto, não pode começar com uma análise de quaisquer tipos de entes, pois tal análise pressupõe a categorização da multiplicidade e da modalidade da experiência sob o conceito de substância; além disso, esse pensamento não fornece e não pode fornecer a perspectiva para a (…)
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Gelven (1972:77-79) – O que significa ser?
21 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroÉ importante refletir sobre por que não é possível fazer a pergunta: O que significa ser uma mesa? Os infinitivos não ancorados sempre implicam uma consciência do si como participante ou possivelmente participante da ação verbal. Assim, posso perguntar: “Como é ser um mendigo?” porque é possível que eu seja um mendigo, mesmo que eu não seja um. Mas não posso perguntar como é ser uma árvore, porque não imagino uma árvore consciente de si mesma (exceto em fantasias infantis). Posso perguntar (…)
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Mitchell (2015:71-73) – Terra em "Origem da Obra de Arte"
21 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroHeidegger introduziu pela primeira vez uma nova concepção da terra () em seu ensaio “A origem da obra de arte” de 1936 [GA5]. (A primeira elaboração é datada de 1931.) Isso não quer dizer que já esteja presente no ensaio da obra de arte — não está —, mas o papel que a terra desempenha ali a prepara para uma eventual inclusão em Geviert em 1949. […]
Desde a primeira elaboração do ensaio até sua versão publicada, a terra é entendida em uma relação tensa com o mundo. A descoberta de (…) -
Mitchell (2015:40-41) – objeto perceptual da fenomenologia e Bestand
21 de outubro de 2024, por Cardoso de Castro[…] a Bestand também mostra um contraste marcante com o objeto perceptual da fenomenologia. Parte da concepção husserliana do objeto — de fato, um princípio básico da própria fenomenologia — é que o objeto não é dado de uma só vez, mas sim em perfis e perspectivas. Husserl é sempre muito claro ao dizer que “a percepção de um todo não implica a percepção de suas partes e determinações”. É verdade que o “resto” do objeto é pretendido nesses perfis, seja como retido na memória ou obtido na (…)
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Mitchell (2015:31-32) – maquinação e experiência
21 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroA posição aparentemente privilegiada do sujeito humano na representação leva a uma ênfase pessoal e social na experiência vivida (Erlebnis), que Heidegger identifica como o participante necessário da extensão da maquinação. De fato, Heidegger vincula a maquinação e a experiência vivida diretamente como a transformação da época da afiliação tradicional entre ser e pensar: “A maquinação e a experiência vivida são formalmente a versão mais originária da fórmula para a questão-guia do pensamento (…)