Excertos do livro "Aprendendo a Pensar", Tomo I.
Devido ao modo estranho de seu vigor a filosofia se vê relegada, na idade da ciência mais do que em qualquer outra idade, a uma posição marginal. Por isso se torna imperiosa a necessidade de se discutirem as relações entre filosofia e ciência. Pois só discussões dessa natureza poderão preparar o espírito do homem moderno para a grande decisão. A decisão sobre o sentido de sua existência, que toda época histórica sempre de novo impõe ao homem (…)
João Cardoso de Castro (doutor Bioética - UFRJ) e Murilo Cardoso de Castro (doutor Filosofia - UFRJ)
Matérias mais recentes
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Carneiro Leão – saber
18 de março, por Cardoso de Castro -
Carneiro Leão – arte
18 de março, por Cardoso de CastroExcertos do livro "Aprendendo a Pensar", Tomo I.
As mais das vezes esse acúmulo de conhecimentos periféricos só nos cega para a presença extraordinária da filosofia na existência. A fim de identificá-la, não basta conhecer a historiografia filosófica e abstrair dos grandes pensadores um traço que seja comum a todos. Desde o fim da antiguidade nos foram transmitidos seis conceitos abstratos de filosofia: 1. conhecimento das coisas enquanto são; 2. conhecimento das coisas divinas e humanas; (…) -
Carneiro Leão – coisa-em-si
18 de março, por Cardoso de CastroExcertos do ensaio "Onipotência e coisa em si", da Coleção Diagrama
"E o vigor do homem, poderás compreendê-lo condignamente sem o vigor do todo?" PLATÃO, Fedro, 270 c.
Com simplesmente ser, a psicanálise está sempre em crise. A crise é crítica por ser clínica. Em crise, a psicanálise nos fala de outro Freud. De um Freud, que não conhecemos mas somos em tudo que de Freud temos consciência de saber. É que, na própria consciência de nossos conhecimentos, ele mostra o espelho do (…) -
Carneiro Leão – crítica
18 de março, por Cardoso de CastroExcertos do livro "Aprendendo a Pensar", Tomo I.
Da palavra Crítica , geralmente só costumamos ouvir os acentos negativos. Toda atividade de crítica , criticar e fazer crítica é logo entendida no sentido de corrigir: constatar e suprir erros e deficiências. É esse sentido de nosso modo comum de ouvir a palavra que temos de afastar do primeiro plano da Crítica Literária. Pois não corresponde nem ao significado etimológico nem à origem histórica da palavra nem tampouco à vigência, isto é, (…) -
Carneiro Leão – ciência
18 de março, por Cardoso de CastroEsta de-cisão metafísica não é um presente para sempre passado nem se reduz a simples fato de um passado encoberto pela poeira de dois mil e quatrocentos anos. É mais do que objeto de curiosidade historiográfica. Mais do que uma relíquia no museu do Ocidente. É um passado tão vigente que constitui a fonte donde vivemos hoje, a tradição, que nos sustenta. Seu vigor Histórico promoveu as transformações, as experiências e as interpretações de quase 25 séculos. Deu lugar a motivos orientais. (…)
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Bornheim (1989) – O Existencialismo de Sartre (Marxismo)
17 de março, por Cardoso de Castro(Bornheim1989)
Na sua primeira fase, Sartre fala em ontologia e pretende dar conta da condição humana como tal; a partir dos anos 60 prefere a palavra antropologia, publica a Crítica da razão dialética e pergunta pela condição humana tal como ela se manifesta hoje. A grande virada concentra-se toda na descoberta da história, entendida através dos contornos bem definidos do marxismo. A análise dos fatos cede o seu lugar à interpretação dos acontecimentos.
De um lado, Sartre faz o elogio (…) -
Bornheim (1989) – O Existencialismo de Sartre (Liberdade)
17 de março, por Cardoso de Castro(Bornheim1989)
O tema da liberdade é o núcleo central do pensamento sartriano e como que resume toda a sua doutrina. Sua tese é insólita: a liberdade é absoluta ou não existe. Sartre recusa todo determinismo e mesmo qualquer forma de condicionamento. Assim, ele recusa Deus e inverte a tese de Lutero; para este, a liberdade não existe justamente porque Deus tudo sabe e tudo prevê. Mas como deus não existe, a liberdade é absoluta. E recusa também o determinismo materialista: se tudo se (…) -
Bornheim (1989) – O Existencialismo de Sartre (Intersubjetividade)
17 de março, por Cardoso de Castro(Bornheim1989)
O grande desbravador de caminhos, nesta questão, foi Hegel. A sua intuição genial, expressa na dialética do mestre e do escravo, foi mostrar que a consciência depende, em seu próprio cerne, para ser, do reconhecimento de outra consciência: eu só sou na medida em que o outro me reconhece como tal. Heidegger não é menos incisivo: o homem é, originariamente, ser-com, a relação eu-tu é compreendida a partir do nós; a dimensão "coletiva" do homem não se acrescenta a um eu (…) -
Bornheim (1989) – O Existencialismo de Sartre (Teses)
17 de março, por Cardoso de Castro(Bornheim1989)
A experiência da náusea põe de manifesto ao menos três coisas. Em primeiro lugar, a necessidade de converter a revelação do absurdo em um sentido que justifique a existência humana: o existencialismo deve ser um Humanismo. Em segundo lugar, a náusea revela, para mim mesmo, que eu sou consciência - a consciência é o "núcleo instantâneo" de minha existência. E em terceiro, essa consciência não pode ser sem o outro que não ela mesma, ela só existe por aquilo do qual ela tem (…) -
Bornheim (1989) – O Existencialismo de Sartre (Método)
17 de março, por Cardoso de Castro(Bornheim1989)
A questão do método é muito ampla, mesmo porque o pensamento de Sartre se desdobra em três fases fundamentais. A primeira, em que se constitui o existencialismo propriamente dito, dominada pela principal obra de Sartre, O ser e o nada (1943), adota o método fenomenológico. A Segunda, inspirada por preocupações de ordem marxista, assimila também a sua metodologia, e condensa-se no livro Crítica da razão dialética (1960). Finalmente, na terceira fase, volta a acentuar-se a (…)