Encontramos no autor da Fenomenologia da Percepção (à qual nos limitaremos aqui) , as três teses, ligeiramente modificadas, embora consideravelmente mais complexas, que expusemos no início deste capítulo, e que conduzem de novo à desvalorização da sensibilidade e, em última análise, à negação da sua essência.
A estrutura relacional da sensibilidade, que é identicamente a sua redução à sensação — a que M. Henry, nos textos em que denuncia o conceito tradicional do sensível dado, chama (…)
Página inicial > Palavras-chave > Temas > Empfindung / empfangen …
Empfindung / empfangen …
Empfindung / empfangen / Empfängnis / Empfindungsdaten / empfunden
Empfindung / sensação / sensación / sensation
A palavra «sensação», tal como a palavra «representação», começa por ser ambígua: por um lado, significa o sentido, o vermelho que é percebido, o som, a sensação de vermelho, a sensação de som. Ao mesmo tempo, significa o sentir, como atitude nossa. (GA41 §27)
O que é nomeado pela palavra «sensação» tem esta ambiguidade porque ocupa uma peculiar posição intermédia, que medeia entre as coisas e os homens, entre objeto e sujeito. Conforme interpretarmos o que é objetivo e de acordo com o conceito de subjetivo, modifica-se a concepção e a interpretação da essência e do papel da sensação. (GA41 §27)
Matérias
-
Dufour-Kowalska (1996:21-24) – sensibilidade em Merleau-Ponty
2 de dezembro de 2024, por Cardoso de Castro -
Merleau-Ponty (1945/2006:40-44) – juízo
23 de setembro de 2023, por Cardoso de CastroRibeiro de Moura
O intelectualismo propunha-se a descobrir a estrutura da percepção por reflexão, em lugar de explicá-la pelo jogo combinado entre forças associativas e a atenção, mas seu olhar sobre a percepção ainda não é direto. Nós o veremos melhor examinando o papel que a noção de juízo desempenha em sua análise. O juízo é frequentemente introduzido como aquilo que falta à sensação para tornar possível uma percepção. A sensação não é mais suposta como elemento real da consciência. (…) -
Dufour-Kowalska (1996:41-44) – sensibilidade e imaginação
2 de dezembro de 2024, por Cardoso de CastroNo caminho para a essência interior da sensibilidade e da , o que Heidegger descobriu foi a estrutura última do conhecimento objetivo, o fundamento das condições da tal como Kant as tinha estabelecido. Mas o objeto da sua busca continua a ser esta , como mostra uma das intuições fundamentais do seu pensamento, tão próxima do objetivo, a intuição do ato essencial do fundamento: o auto-afetar-se. Porque é que esta intuição acabou por não determinar o seu objeto? Esta questão foi (…)
-
Dufour-Kowalska (1996:34-37) – imaginação, Kant-Heidegger
2 de dezembro de 2024, por Cardoso de Castro[…] Qual é, então, a faculdade originária que desdobra o horizonte ontológico que torna possível toda a manifestação ôntica, que forma, como diz Heidegger, o campo da nossa “abertura” ao ente enquanto tal?
Para descobrir este fundamento primário, temos de nos elevar a partir das condições a priori de todo o conhecimento, entrando na interação das faculdades que o põem em jogo. Kant distingue três faculdades do conhecimento: 1. a , que recebe o ente através dos sentidos como matéria (…) -
Patocka (2015:C3) – mundo não dado como reunião de coisas
12 de junho de 2023, por Cardoso de Castro1) El mundo no está dado primariamente como una reunión de cosas. No está dado, pues, en el modo de la conciencia que intiende y a la cual se dan los seres individuales y las totalidades que forman. Existe, antes bien, una conciencia más originaria de los todos y del todo más abarcador, omniabarcador: una conciencia del mundo. Es preciso analizar este modo especial de conciencia, así como el origen del correlato de significado que lleva aparejado: sólo así se dilucidará el significado (…)
-
Barbaras (2016) – afeto e sentimento
7 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroPortanto, encontramos, na caracterização de Heidegger da afetividade como uma disposição, características comparáveis àquelas que atribuímos ao sentimento: Befindlichkeit é indiscriminadamente uma abertura para si mesmo que é mais radical do que o simples experienciar de um conteúdo afetivo e uma abertura para o mundo que é mais original do que o simples conhecimento de estados intramundanos, uma vez que é de fato o que condiciona o acesso original aos estados, um acesso que sabemos, além (…)
-
Barbaras (1991:273-276) – o invisível
19 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
O propósito de Merleau-Ponty é pôr em evidência uma articulação original e, em última análise, uma quase-identidade do visível e do invisível. O invisível não é o outro de um visível concebido como inerentemente positivo, mas aquilo que, para preservar a sua distância, o seu poder significante, se torna visível; o visível, por sua vez, não é a negação do invisível, mas o elemento da sua manifestação e, neste sentido, um modo primitivo de idealidade. O visível é, de fato, a (…) -
Barbaras (2016) – afeto em Heidegger
7 de outubro de 2024, por Cardoso de Castro[…] É indiscutível que Heidegger reserva um lugar importante para a dimensão afetiva da existência, pois, como sabemos, a análise do ser-em tal começa com a descoberta desses dois existenciais fundamentais originalmente articulados, a saber, afeto (Befindlichkeit, disposição) e compreensão (Verstehen), que correspondem à versão heideggeriana da distinção entre matéria e forma, entre sensível e sentido. A ideia aqui é, obviamente, que a sensibilidade no sentido de sentir, ou seja, de se (…)
-
Edith Stein (2000:II § 1) – consciência e senciência
4 de março de 2024, por Cardoso de Castrodestaque
As determinações de uma realidade, os seus estados e propriedades, manifestam-se como conteúdos imanentes nos sentimentos de vida — tal como nos dados extra-egóicos. A cor de uma coisa manifesta-se nas sensações de cor como o seu estado ótico momentâneo e, por sua vez, esses estados manifestam a propriedade ótica duradoura. Da mesma forma, uma determinação momentânea do meu ego — o seu estatuto de vida — manifesta-se no sentimento de vida e, por sua vez, tais determinações (…) -
Barbaras (1991:176-179) – o visível
19 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
[…] Que significação conceder a este primado da visão? É certo que "o nosso mundo é principalmente e essencialmente visual; não se faria um mundo com perfumes ou sons"; no entanto, esta preeminência não se limita a esta constatação factual. Refere-se sobretudo ao fato de ser apenas através da visão que temos acesso ao mundo enquanto mundo. Como diz Merleau-Ponty em L’œil et l’esprit: "Le ’quale visuel’ me donne et me donne seul la présence de ce qui n’est pas moi, de ce qui est (…) -
Dufour-Kowalska (1996:39-40) – filosofia da imaginação
2 de dezembro de 2024, por Cardoso de CastroCom a determinação da subjetividade como temporalidade ek-estática, o princípio do conhecimento ontológico que determina todo o conhecimento de algo, o projeto filosófico de Heidegger em Kant e o Problema da Metafísica [GA3] chega ao fim. Qual é, no entanto, o significado do projeto de Heidegger no que diz respeito ao conceito de ? É isto que temos agora de examinar. E veremos que a imaginação, ao deixar de “cair no corpo”, como diz Alain, ao ser elevada ao cume da vida do espírito, não (…)