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Contrariamente a todas as filosofias da natureza e da vida, nomeadamente as de Bergson e Dilthey, a fenomenologia do Dasein rejeita a evidência de um parentesco primordial ou de uma fusão do homem com a "substância viva". A partir de que princípio? A natureza e a vida só são acessíveis num mundo, o do Dasein. A vida é um tipo particular de ser", reconhece Sein und Zeit, "mas que é essencialmente acessível apenas no Dasein". O que é este "ser particular" da vida, nós não sabemos; e (…)
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Zeug / Zeughaftigkeit / Zeugganzes
Zeug / outil / ustensile / instrumento / utensílio / pragma / useful thing / o útil / Zeughaftigkeit / ustensilité / instrumentalidade / instrumental / pragmaticidad / Zeugganzheit / totalité d’outils / totalidade-instrumental / totality of useful things / totalidad de útiles / Zeugganzes / complexe d’outils / todo-instrumental / totality of useful things
Heidegger recupera o sentido mais antigo de "material, instrumento, utensílio", coisas que possuem o caráter de Um-zu, o "a-fim-de" (SZ 68).
Zeug est plus vaste que Werkzeug (SZ 74). Zeug já significou "meios, equipamentos, material, etc.", desde XVII passou a significar "troço, lixo".
ZEUG E DERIVADOS
Matérias
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Haar (1987/1993:45-50) – Primado da utilidade sobre o "ente-subsistente-natureza"
5 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castro -
Flusser (2018:45-50) – mundo das coisas reais = teia das nossas frases
14 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroTomemos como exemplo a frase: “O homem lava o carro”. Nessa frase “o homem” é sujeito, “o carro” é objeto e “lava” é predicado. O sujeito “o homem” irradia o predicado “lava” em direção ao objeto “o carro”. A frase tem, portanto, a forma (Gestalt) de um tiro ao alvo. O sujeito (“o homem”) é o fuzil, o predicado (“lava”) é a bala, o objeto (“o carro”) é o alvo. Podemos ainda visualizar a situação comparando-a com uma projeção cinematográfica. O sujeito (“o homem”) é o projetor, o predicado (…)
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Graham Harman (2002:§1) – império-utilitário global
22 de fevereiro de 2024, por Cardoso de Castrodestaque
A próxima caraterística importante do equipamento é a sua totalidade. O utensílio nunca se encontra isolado, mas pertence a um sistema: "Em sentido estrito, não existe um equipamento. Ao ser de qualquer equipamento pertence sempre uma totalidade de equipamentos, na qual ele pode ser o equipamento que é." Mais uma vez, há o perigo de nos precipitarmos num acordo fácil com Heidegger. O cerne da questão não reside na observação de que o equipamento se encontra sempre em conjunto com (…) -
Brague (1988:198-199) – o instrumento [organon, Zeug]
31 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroPodemos encontrar traços desse tema [o instrumento] em outro lugar? Se minha perspectiva geral for esclarecedora, eles devem ser encontrados onde a redescoberta do Dasein por trás do “homem” leva, em outras palavras, na forma como Heidegger caracteriza o que o Dasein tem a ver com uma “ferramenta” ou “instrumento” (Zeug). É possível identificar passagens em Aristóteles nas quais esse fenômeno tenha sido, se não explicitamente compreendido, pelo menos vislumbrado? Parece que sim, se nos (…)
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Graham Harman (2002:44-46) – ferramenta e ferramenta quebrada
25 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroOs ser-ferramentas (ou seja, todos os entes) recolhem-se ao trabalho de um fundo despercebido; sua fachada sensível não é o que é primário. Na medida em que o contexto referencial domina, o ente não tem regiões. Dissolvidas em um efeito geral de utensílio, os entes desaparecem em um sistema único de referência, perdendo sua singularidade. A ferramenta-sistema é uma totalidade, a totalidade conhecida como mundo. Mas agora nos lembramos de que isso representa apenas metade da história. Apesar (…)
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McNeill (2006:6-8) – órgãos - instrumentos - telos
4 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
Mas o que é que significa "ter" olhos? E será que ver é simplesmente o resultado de ter olhos? No curso de 1929-30, Heidegger começa a sua elucidação da essência do organismo tentando libertar a nossa compreensão do organismo e dos seus órgãos de qualquer concepção instrumental. No entanto, a própria palavra órgão, derivada do grego organon ("instrumento de trabalho", ou Werkzeug, como Heidegger a traduz), e relacionada com ergon ("trabalho", em alemão: Werk), sugere ela própria (…) -
Arendt (CH:§20) – automação
15 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroRoberto Raposo
Como tão frequentemente ocorre com os desdobramentos históricos, parece que as verdadeiras implicações da tecnologia, isto é, da substituição de ferramentas e utensílios pela maquinaria, só vieram à luz em seu derradeiro estágio, com o advento da automação. Para nossos propósitos talvez seja útil lembrar, mesmo brevemente, os principais estágios do desenvolvimento da moderna tecnologia desde o início da era moderna. O primeiro estágio, a invenção da máquina a vapor, que (…) -
Zimmerman (1990:150-153) – Ontologia instrumentalista
20 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroA orientação instrumentalista de Ser e Tempo pode ser facilmente observada na seguinte afirmação: “A prontidão à mão é a maneira pela qual as entidades, como são ’em si mesmas’, são definidas ontologicamente e categorialmente.” [SZ: 71/100] Já observamos alguns problemas inerentes a essa afirmação de que as ferramentas são realmente instrumentos para uso humano. Expandindo essa atitude instrumentalista, Heidegger observou, aparentemente com aprovação, que para o camponês e o trabalhador na (…)
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McNeill (2006:8-11) – ser do equipamento e ser do órgão
5 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
[…] devido à sua capacidade de auto-produção, auto-renovação e autorregulação, o organismo deve ter dentro de si uma força ativa específica ou um agente vital, uma "entelequia". Esta conclusão, insiste Heidegger, encerra o problema da essência da vida. Pois implica algum tipo de causa eficiente que origina e controla o movimento e o desenvolvimento do organismo, produzindo os seus órgãos (Heidegger fala de uma "agência eficaz" ou "fator causal", um Wirken ou Wirkungsmoment (…) -
Graham Harman (2002:80-83) – dá-se [es gibt]
25 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroSomente reconhecendo o domínio mais extremo da oposição ‘ferramenta X ferramenta quebrada’ no pensamento de Heidegger é que ganhamos uma ânsia genuína por qualquer coisa que possa escapar dela. Essa é a razão pela qual os comentaristas anteriores ignoraram o tema que será discutido agora. Até agora, apresentei Heidegger como incapaz de romper o monopólio sufocante da estrutura-como]. Foi demonstrado repetidamente que todas as entidades são “utensílios” no sentido mais amplo do termo. Por sua (…)
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Arendt (CH:§16) – Trabalho, Intrumentos e Ferramentas
15 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroTradução
É verdade que o enorme aperfeiçoamento de nossas ferramentas de trabalho – os robôs mudos com os quais o homo faber acorreu em auxílio do animal laborans, em contraposição aos instrumentos humanos dotados de fala (o instrumentum vocale, como eram chamados os escravos no lar, entre os antigos), os quais o homem de ação tinha de dominar e oprimir sempre que desejava liberar o animal laborans de sua sujeição – tornou o duplo trabalho da vida, o esforço de sua manutenção e a dor de (…)
Notas
- Boutot (1993:33) – Zeug - utensílio
- Don Ihde (1991) – Realismo Instrumental
- Graham Harman (2002:Intro) – análise da ferramenta
- Graham Harman (2002:Intro) – ôntico, “pertencente à presença-à-mão”
- Graham Harman (2002:Intro) – ser-utensílio
- Graham Harman (2002:Intro) – Zuhandenheit
- Greisch (1994:§17) – Verweisung - referência
- Lovitt: ENRICHTUNG - INSTRUMENTUM