A originalidade da intuição heideggeriana, quando introduz a compreensão do ser, consiste no fato de introduzir na Filosofia um terceiro nível de problematização nas questões da ontologia, por meio do ser-aí que tem um modo privilegiado de ser. Já em Aristóteles temos o nível do ser enquanto ser e o nível do ser do ente. Questões avulsas em Aristóteles apontam para um terceiro nível que também é de [168] caráter ontológico e que não é simplesmente empírico. Quando este filósofo observa que (…)
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Ernildo Stein
ERNILDO STEIN (1934)
HEIDEGGER, Martin. Ensaios. Coleção Pensadores. Tr. Ernildo Stein. São Paulo: Nova Cultural, 1973/1999.
Compreensão e Finitude. Ijuí: Unijuí, 2001
Uma breve introdução à filosofia. Ijuí: Unijuí, 2002
Nas proximidades da antropologia : ensaios e conferências filosóficas. Ijuí: Unijuí, 2003
Diferença e metafísica : ensaios sobre a desconstrução. Ijuí: Ed. Unijuí, 2008
Apresentação da obra: STRECK, Lenio. Verdade e Consenso. Rio de Janeiro: Saraiva, 2011
As ilusões da transparência: Dificuldades com o conceito de mundo da vida. Ijuí: Editora Unijuí, 2012
Analítica Existencial e Psicanálise. Freud — Binswanger — Lacan — Boss. Ijuí: Editora Unijuí, 2012b
Às voltas com a Metafísica e a Fenomenologia. Ijuí: Unijuí, 2014
Pensar e Errar. Um Ajuste com Heidegger. Ijuí: Editora Unijuí, 2015
Matérias
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Ernildo Stein (2012b:167-169) – A alma é de algum modo todas as coisas
16 de novembro de 2024, por Cardoso de Castro -
Ernildo Stein (2008:13-15) – Qual é a estrutura sistemática de ST?
13 de novembro de 2023, por Cardoso de CastroA estrutura fundamental de ST pode também ser descrita a partir de uma sequência de regras de predicadores ou de definições que correspondem às seis teses centrais do livro.
Qual é a estrutura sistemática de ST? As teses centrais são seis.
1) No início da obra Heidegger situa a questão da ontologia fundamental, do sentido do ser.
2) A clarificação desta questão somente pode resultar do recurso ao único ente que compreende ser — o homem (Dasein), o estar-aí.
3) O estar-aí é (…) -
Beneval de Oliveira: Ernildo Stein - uma ontologia da finitude
5 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroA Fenomenologia no Brasil, Beneval de Oliveira, Pallas, 1983 O presente trabalho tem como objetivo enfocar a temática do existencialismo brasileiro. Neste sentido, procuramos pesquisar as origens dessa temática, a partir de uma reinterpretação da filosofia grega, dando ênfase, sobretudo, à ontologia de Martin Heidegger, justamente por ter esse filósofo despertado maior atenção que os demais filósofos existencialistas entre os nossos estudiosos da matéria.
De outro lado, procuramos (…) -
Ernildo Stein (2008:136-137) – desconstrução
9 de junho de 2023, por Cardoso de CastroA desconstrução situa-se para além da intenção da analítica existencial. Ela se insere, assim, na história do ser, isto é, ela se aproxima da crítica da metafísica como logocentrismo.
A teoria da desconstrução não se refere, em primeiro lugar, ao campo da semântica e da semiótica, mas sua meta é uma tarefa do pensamento e nesse sentido a desconstrução tem uma raiz filosófica que aponta para o lugar ocupado pela hermenêutica. A desconstrução é precisamente possível porque ela nos situa no (…) -
Ernildo Stein (1983:30-52) – As intuições heideggerianas e o movimento fenomenológico (6)
6 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroO que se realiza para a fenomenologia dos atos conscientes, como o auto-mostrar-se dos fenômenos, é mais originariamente pensado por Aristóteles e por todo o pensamento e existência dos gregos como aletheia, como desvelamento do que se presenta, seu desocultamento, seu mostrar-se. O que as investigações fenomenológicas re-descobriram como a atitude básica do pensamento se apresenta como o traço nodal do pensamento grego e talvez mesmo da filosofia enquanto tal. Quanto mais isto se (…)
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Ernildo Stein (2012b:158-160) – interpretação em Heidegger e na psicanálise
17 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroAqui, eu gostaria de iniciar o terceiro item da minha exposição, que é o enigma da interpretação . A hermenêutica reconhece que eu não posso despedaçar o mundo e recompô-lo a partir de critérios de racionalidade, como se faz no campo das ciências empírico-matemáticas. No paradigma hermenêutico, somos obrigados a reconhecer que somente podemos conquistar certas “fatias” da realidade para interpretá-las, mas o todo disso tudo permanece enigmático. Do mesmo modo, em relação ao sujeito, nós (…)
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Ernildo Stein (2015:80-82) – divergência Husserl-Heidegger
8 de junho de 2023, por Cardoso de CastroHeidegger se pergunta se essa ideia da constituição transcendental de mundo exige esse recuo ao Eu transcendental, à consciência e à representação. Por que não descobrir a constituição transcendental de mundo em um ente do mesmo nível do próprio conceito de mundo?
A concepção de Filosofia e fenomenologia, afirma Heidegger, escrevendo para Husserl, se distinguirá ou se aproximará conforme a justificação ou a descrição do conceito de mundo nos dois filósofos. O importante e revolucionário (…) -
Ernildo Stein (2015:83-85) – a fenomenologia hermenêutica
8 de junho de 2023, por Cardoso de CastroA fenomenologia hermenêutica não cai nem no impasse de quem quer recuperar a totalidade do mundo vivido, porque aceita a faticidade, nem cai também num impasse de pretender um sistema absoluto, como Husserl o ambicionava.
[…] No momento em que se quer pensar a totalidade não reduzida do mundo, quer se pensar o mundo na medida em que ele é; nós nos confrontamos [84] com o problema da compreensão do ser. Essa compreensão do ser, por sua vez, dá-se no Dasein, e, por isso, ela não é uma (…) -
Ernildo Stein (2012b:170-171) – Compreensão do ser em companhia do acontecer
17 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroO cuidado se constitui como ser do ser-aí porque nele se estabelece uma relação circular entre afecção e compreensão , na medida em que é eliminada a ideia de representação e substituída por um modo de ser-em , de ser-no-mundo e de relação do ser-aí consigo mesmo , como ter-que-ser e ser-para-a-morte (faticidade e existência). O cuidado é o ser do ser-aí porque o ser-aí tem nele o horizonte de seu sentido: a temporalidade . Então o cuidado, com sua tríplice estrutura temporal de futuro, (…)
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Ernildo Stein (2012:27-29) – de onde se dá o discurso filosófico?
6 de fevereiro de 2024, por Cardoso de CastroEntão qual é a base do discurso filosófico? Se ele se manifesta, perguntaríamos de que lugar? Wittgenstein dirá que são as formas da vida, são os jogos de linguagem. Heidegger dirá que são os modos de ser do ser-aí, que podemos descrever formalmente. A Filosofia tem isso como campo de operação. Wittgenstein vai dizer: “Os limites do meu mundo são os limites da minha linguagem”. Quando, porém, ele usa a palavra “mundo” não é o “mundo físico” que posso esgotar empirica-mente, mas o meu mundo (…)
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Ernildo Stein (2012b:154-156) – polissemia e disseminação de significados
17 de novembro de 2024, por Cardoso de Castro[…] enquanto a polissemia fala em origem do significado pela significância , na qual esta é o ponto que se multiplica e se dissemina em múltiplos significados, [por outro lado,] partindo de um ponto que se multiplica e se dissemina, a disseminação afirma que, na origem, temos múltiplos elementos disseminados e, por meio deles, podemos descobrir como algo se constitui, isto é, significa. A primeira posição, da polissemia, é a de Heidegger; a segunda, da disseminação, é a de Freud.
Em (…) -
Ernildo Stein (2012b:154-156) – hermenêutica da facticidade
17 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroA segunda parte que eu gostaria de iniciar, agora, trata da hermenêutica da faticidade ou da teoria da compreensão heideggeriana. O que Heidegger tenta elaborar é um novo método para a compreensão do ser humano, mas não desde fora, desde um grande significante. Quando temos o ser humano situado apenas no universo da temporalidade , temos como hipótese uma interpretação por meio da analítica existencial ou, como ele chamou inicialmente, de hermenêutica da faticidade. Esta tem como meta, (…)
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Ernildo Stein (2012:27-29) – Lebenswelt e unidade da experiência
5 de fevereiro de 2024, por Cardoso de CastroPor um lado, ao ouvirmos o termo Lebenswelt e, de outro, ao pensarmos no rigor com que Husserl procedia em sua Filosofia poderíamos concluir que este termo origina um certo mal-estar. Este mal-estar, entretanto, é mais de Husserl do que nosso, porque nós já estamos com muitos elementos novos no caminho, enquanto que, em Husserl, era a tentativa de denominar algo que certamente não era determinado, não era definido, não era circunscrito. O mundo da vida se apresentava como indefinido, mas, ao (…)
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Ernildo Stein (2003:17-18) – Dasein e Antropologia
13 de novembro de 2023, por Cardoso de CastroEm Heidegger há mais um nível: o aí-do-ser, o Dasein. Estabelecemos, assim, um novo plano em que se dão ente e ser, no nível do ente privilegiado.
O ser dá-se a partir da compreensão do Dasein e o Dasein se dá a partir da compreensão do ser. É o ente de caráter superior entre os entes que se constitui pela compreensão do ser. Em Aristóteles temos dois níveis; ser do ente e o ente enquanto ente. Em Heidegger há mais um nível: o aí-do-ser, o Dasein. Estabelecemos, assim, um novo plano em (…) -
Beneval de Oliveira: A Questão do Método na Filosofia Heideggeriana segundo Ernildo Stein
6 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroResenha da obra de Ernildo Stein: ‘A questão do método na Filosofia. Um estudo do modelo Heideggeriano’
No parágrafo 7 de Ser e Tempo sob a epígrafe O método fenomenológico de nossa pesquisa, M. Heidegger observa que desembaraçar o ser do ente e explicitá-lo são as tarefas da ontologia. Adverte, entretanto, que o método da ontologia permanece contestável no mais alto grau tanto que não se questiona senão em torno de ontologias tradicionais.
Toma, então, o autor de Ser e Tempo uma (…) -
Ernildo Stein (2012b:128-130) – biografia psicanalítica não é uma história
17 de novembro de 2024, por Cardoso de Castro[…] “A história de uma vida, a “biografia psicanalítica”, não é propriamente uma história. No fundo, ela é uma corrente causal-naturalística, uma corrente de causas e efeitos e, ainda por cima, uma corrente construída” [GA89]. Aqui, Heidegger remete a uma parte de Ser e tempo, que trata da historicidade .
Sabemos que a analítica existencial fica de pé ou cai na possibilidade de defendermos a historicidade do ser humano. Esse tema procura, basicamente, demonstrar as diversas dimensões do (…) -
Ernildo Stein (1983:30-52) – As intuições heideggerianas e o movimento fenomenológico (7-8)
2 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castro7 A fenomenologia heideggeriana se tornaria uma meditação da finitude. A ideia de verdade e não-verdade, de velamento e desvelamento aponta para a incompletude de toda a compreensão do ser e da verdade na medida em que se dão na facticidade do ser-aí. Mas esta finitude da compreensão não é simplesmente uma limitação nas possibilidades de objetivação. Heidegger se move num terreno anterior à relação sujeito-objeto; aí nem é possível a ideia de frustração diante do todo inobjetivável. Ele (…)
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Ernildo Stein (2008:69-70) – o fundamento é sem fundo
8 de junho de 2023, por Cardoso de CastroO fundamento é sem fundo na medida em que não é nem infinito, nem é objetivo.
É exatamente isso que o filósofo faz em Ser e tempo. Introduz um novo conceito de fundamentação. Não é uma fundamentação como a moderna, nem do tipo objetivista da tradição clássica. Então, nem subjetivista nem objetivista. Assim, é uma fundamentação de caráter diferente, é uma fundamentação de caráter prévio, de caráter a priori. É uma fundamentação em que já sempre existe um compreendermos a nós mesmos. Isso é (…) -
Ernildo Stein (2001:396-399) – "Fim da Filosofia…" [GA14]
17 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroA reflexão de Heidegger, realizada nesse texto , pode ser desdobrada nos seguintes passos fundamentais:
1. liga suas afirmações ao elemento inspirador de Ser e Tempo, o problema do ser;
2. visa, entretanto, a uma superação do primeiro passo que representa essa obra básica (GA9:WiM 13);
3. verifica que a filosofia chegou a seu fim, auxiliado pelas análises de toda a história da filosofia;
4. experimenta a necessidade de estabelecer a tarefa do pensamento futuro;
5. uma tal tarefa (…) -
Ernildo Stein (2003:36-37) – transcendência do ser do Dasein
13 de novembro de 2023, por Cardoso de CastroSem entrarmos em mais detalhes podemos dizer que esse “ser do Dasein” já remete ao cuidado (Sorge) com sua tríplice estrutura e à temporalidade (Zeitlichkeit) como sentido do ser do cuidado.
É a partir do ser-em que se estabelece a receptividade e a espontaneidade da experiência que, no desenvolvimento da analítica existencial, são apresentadas como sentimento de situação (afecção — Befindlichkeit) e compreensão (entendimento — Verstehen). É assim que o ser-em do ser-no-mundo torna-se o (…)
Notas
- Ernildo Stein (1973:316) – “postura antropocêntrica” em Ser e Tempo?
- Ernildo Stein (2003:267-268) – imortalidade dos filósofos
- Ernildo Stein (2003:27-28) – Analítica Existencial e Antropologia Filosófica
- Ernildo Stein (2003:67) – da reflexão à compreensão
- Ernildo Stein (2012:33-35) – Lebenswelt enquanto antepredicativo
- Ernildo Stein (2012:35) – Lebenswelt e Urverdrängung (recalque)
- Ernildo Stein (2012:35-38) – Lebenswelt e significância (Bedeutsamkeit)
- Ernildo Stein (2012b:130-131) – Dasein importa-se consigo mesmo
- Ernildo Stein (2012b:133-134) – poder-ser-doente
- Ernildo Stein (2012b:135) – a questão do poder-ser
- Ernildo Stein (2012b:138-139) – A psicanálise vê no Dasein…
- Ernildo Stein (2012b:152-153) – Habermas e as Ciências Humanas
- Ernildo Stein (2012b:161) – a questão do intérprete em Lacan
- Ernildo Stein (2015:86) – absoluto