Partindo do pensamento comum de Descartes e Locke, dada a distinção entre subjetividade e mundo, fica aberta a possibilidade de várias direções, conforme a ênfase atribuída a um dos membros da oposição. Nesse sentido, podemos distinguir o idealismo e o realismo.
O idealismo ressalta muito a consciência, sua prioridade, sua espontaneidade, sua atividade. Descartes, contudo, ainda ligara a consciência ao mundo, embora sem conseguir justificar o modo como o fez. O idealismo tomou a si superar (…)
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Luijpen
LUIJPEN, W.. Introdução à fenomenologia existencial. São Paulo: EDUSP, 1973.
Matérias
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Luijpen (1973:93-95) – Dupla possibilidade: realismo e idealismo
19 de novembro de 2024, por Cardoso de Castro -
Luijpen (1973:96-98) – Uma árvore florida no prado
19 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroDesde Descartes e Locke acreditava-se ser objetivo só o mundo-para-o-físico. O passo seguinte foi que também no ato de perceber o mundo se designava como objetivo unicamente o que as ciências podiam dizer sobre ele.
Mas o que há propriamente a esse respeito ? Parece a coisa mais trivial do mundo "pretender" falar, p. ex., de uma árvore florida no prado ! Tratando-se da percepção de uma árvore, a física, a fisiologia e a psicologia podem falar tanto da árvore como da percepção dela. (…) -
Luijpen (IFE:37-42) – a absoluta prioridade: espiritualismo
24 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroLUIJPEN, Wilhelmus Antonius Maria. Introdução à fenomenologia existencial. Tr. Carlos Lopes de Mattos. São Paulo: EDUSP, 1973, p. 37-42
O “nada” como o ser do sujeito
A análise do que Heidegger chama o “nada” (Nichts) leva-nos à mesma conclusão.
As ciências, diz ela, ocupam-se com o Sendo e, fora disso, com mais “nada”. De um ponto de vista livremente escolhido, interrogam o Sendo; este adquire a primeira e a última palavra; exatamente por isso o homem garante seu domínio sobre o (…) -
Luijpen (IFE:48-51) – ideia cartesiana de homem
24 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroLUIJPEN, Wilhelmus Antonius Maria. Introdução à fenomenologia existencial. Tr. Carlos Lopes de Mattos. São Paulo: EDUSP, 1973, p. 48-51
Na opinião de Descartes, temos só uma ideia da matéria que obedece ao critério da “clareza” e “distinção”, a saber, o conceito da “extensão”, aplicando-se tanto ao corpo humano como às coisas do mundo. Tudo o que for material será, pois, para Descartes, essencialmente extenso, quantitativo e nada mais. São, porém, só as ciências naturais que operam com a (…) -
Luijpen (IFE:44-48) – o cogito cartesiano
22 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroLUIJPEN, Wilhelmus Antonius Maria. Introdução à fenomenologia existencial. Tr. Carlos Lopes de Mattos. São Paulo: EDUSP, 1973, p. 44-48
O “cogito”
O caminho de um incontrastável ponto de partida para a “ciência admirável”, que há de conter a verdade e a certeza, leva Descartes à necessidade da dúvida metódica. Tudo o que, de qualquer modo, pode ser sujeito a dúvidas, será posto entre parênteses, o que não quer dizer que Descartes seja cético ou agnóstico. Para ele só importa a verdade e (…) -
Luijpen (1973:395-397) – Ser para Deus?
19 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroEntre os comentaristas de Heidegger, perdurou por longo tempo a incerteza quanto a saber-se se o filósofo, de acordo com seu sistema, deve ser chamado ateísta ou não. Sartre denomina-o representante do existencialismo ateu, mas não se dá ao trabalho de indicar as razões que o induziram a resolver uma questão que tanto preocupou a muitos comentadores. Porém, as obras de Heidegger posteriores ao Ser e Tempo mostram que Sartre não tem razão.
Neste ponto, Heidegger precisa defender-se contra (…) -
Luijpen: Existencialismo, fenomenologia, fenomenologia existencial
31 de maio de 2017, por Cardoso de CastroTr. Carlos Lopes de Mattos, pp. 28-32
Do que dissemos sobre a autenticidade do filosofar infere-se facilmente que até mesmo a filosofia de nossos dias, a fenomenologia existencial, não pode ser chamada a filosofia. Também ela precisa ser superada, visto a contínua possibilidade de se exprimir melhor o último sentido da vida e do real. Não queremos, todavia, adivinhar o futuro da filosofia. É bom, em todo caso, lançar um olhar sobre o passado recente da fenomenologia existencial, para que (…) -
Luijpen (1973:109-114) – A redução fenomenológica e o "mundo vivido"
19 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroA intenção de Husserl com a fenomenologia foi sempre a de encontrar uma base, um fundamento, para qualquer enunciado das ciências positivas. Esse desiderato implica a convicção de que as afirmações das ciências precisam de um fundamento, ou seja, que não o possuem em si mesmas. Tal coisa não quer dizer, para Husserl, que as ciências devem ser rejeitadas, mas que no cultivo delas se acham latentes e estão, em princípio, já respondidas muitíssimas questões, se bem que as ciências, em si, nem (…)
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Luijpen (1973:44-46) – O "cogito"
19 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroO caminho de um incontrastável ponto de partida para a "ciência admirável", que há de conter a verdade e a certeza, leva Descartes à necessidade da dúvida metódica. Tudo o que, de qualquer modo, pode ser sujeito a dúvidas, será posto entre parênteses, o que não quer dizer que Descartes seja cético ou agnóstico. Para ele só importa a verdade e certeza da "ciência admirável". A fim de encontrá-la, porém, precisa demolir primeiro, até os alicerces, suas "opiniões antigas", pois viu como era (…)
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Luijpen (1973:15-17) – Filosofia e Ciência
19 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroHá vinte e cinco séculos se filosofou e o resultado foi o surgimento de inumeráveis sistemas contraditórios. Conquanto o pensamento filosófico seja muito mais antigo do que a ciência positiva que conhecemos hoje, não há nem sequer um reduzido número de proposições sobre as quais os filósofos estejam de acordo. Pode-se mesmo dizer que talvez não exista uma só afirmativa que não seja negada por um ou outro filósofo do presente, passado ou futuro. Mas enquanto o especialista, admirado da (…)
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Luijpen (IFE:98-114) – o conhecimento humano como intencionalidade
22 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroLUIJPEN, Wilhelmus Antonius Maria. Introdução à fenomenologia existencial. Tr. Carlos Lopes de Mattos. São Paulo: EDUSP, 1973, p. 98-114
A fenomenologia denomina o sujeito-como-cogito, o conhecimento humano, “intencionalidade”. Quando Husserl usou esse termo pela primeira vez, referiu-se expressamente a Brentano. O certo, porém, é que Husserl não tomou de Brentano senão a palavra, visto que lhe deu um significado inteiramente diverso do que o de Brentano. Na escolástica também ocorre a (…) -
Luijpen (IFE:15-17) – Filosofia e Ciência
24 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroLUIJPEN, Wilhelmus Antonius Maria. Introdução à fenomenologia existencial. Tr. Carlos Lopes de Mattos. São Paulo: EDUSP, 1973, p. 15-17
Há vinte e cinco séculos se filosofou e o resultado foi o surgimento de inumeráveis sistemas contraditórios. Conquanto o pensamento filosófico seja muito mais antigo do que a ciência positiva que conhecemos hoje, não há nem sequer um reduzido número de proposições sobre as quais os filósofos estejam de acordo. Pode-se mesmo dizer que talvez não exista uma (…) -
Luijpen (1973:88-91) – A consciência pré-reflexiva e o "irrefletido"
19 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroAgora aparece com clareza a diferença entre as duas formas de "saber", de que acima falamos. Existe uma consciência implícita, não-expressa, não-temática, não-tética, não-reflexiva, que consiste na simples presença a meu existir. Chama-se "consciência-conta", "consciência-prazer", "consciência-amor", "consciência-percepção", "consciência-ação", e assim por diante, sem ser a consciência de contar, de prazer, de amor, de percepção, de ação. Originalmente não há consciência de si, mas a (…)
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Luijpen (1973:34-37) – O materialismo como "destotalização da realidade"
19 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroA tentativa do materialismo de exprimir a realidade do ser do homem malogra, porque aduz só um aspecto da totalidade do ser humano, embora essencial. É, conforme uma expressão de Le Senne, uma espécie de "destotalização da realidade". O materialismo redunda num monismo para o qual na totalidade só existe um tipo de ser, a saber, o das coisas materiais. Até o homem é uma coisa e sua vida um encadeamento de processos.
Em que consiste expressamente essa "destotalização"? Em termos gerais, (…) -
Luijpen (1973:39-42) – Espiritualismo
19 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroA relativa prioridade do sujeito pode também ser expressa de outro modo. O mundo das coisas revela-se, sempre e necessariamente, como o não-eu. O não-ser-eu pertence à realidade do mundo das coisas. Coisas no mundo material que não se distinguem do eu, que não se revelam como não-eu, não são coisas reais. Quem quer exprimir a realidade das coisas, portanto, vê-se obrigado implicitamente a afirmar a não-identidade delas com o eu. Nisso está contida, ao falar-se da realidade das coisas, a (…)
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Luijpen (1973:106-109) – Crítica da psicologia tradicional da percepção
19 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroUma vez vista a unidade original da estrutura figura-horizonte, dada na percepção, compreende-se sem dificuldade que a explicação psicológica da percepção pelos adeptos da psicologia de elementos não faz justiça a esse fenômeno como ocorre realmente. Tais psicólogos admitem que a percepção é construída de sensações elementares, insulares e punctiformes, causadas por estímulos físico-químicos.
Esta explicação não abre perspectivas, visto que jamais se encontraram sensações elementares. Além (…) -
Luijpen (1973:49-51) – cientismo
19 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroNo parágrafo anterior mostramos que pode existir um modo de pensar materialista que não diga expressamente ser o homem uma coisa. O cientismo é uma forma camuflada de materialismo: no cientismo o sujeito nada significa, simplesmente. O materialismo, entretanto, evoca o espiritualismo; este vive do insucesso do materialismo, e parte da primazia do sujeito. Quem (com razão, aliás) afirma a prioridade do sujeito, corre, de resto, o risco de deixar degenerar seu parecer, fazendo as coisas (…)
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Luijpen (1973:101-103) – Realismo fenomenológico
19 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroA ideia de intencionalidade da fenomenologia exclui o idealismo. O sujeito-como-cogito está, enquanto intencionalidade, dirigido àquilo que não é o próprio sujeito. Numa volta reflexiva ao conhecimento como realmente ocorre, o filósofo sempre depara com a insuperável facticidade do dado corporal. A densidade do que é dado de fato nunca pode ser anulada, pois que o sujeito-como-cogito é, por si mesmo, um modo de ser-no-mundo. O sujeito-como-cogito, por conseguinte, não é jamais mera (…)
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Luijpen (IFE:91-98) – fenomenologia do conhecimento - realismo e idealismo
22 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroLUIJPEN, Wilhelmus Antonius Maria. Introdução à fenomenologia existencial. Tr. Carlos Lopes de Mattos. São Paulo: EDUSP, 1973, p. 91-98
Anteriormente expusemos como se chegou, desde Descartes, a admitir, qual evidência subentendida, em toda a filosofia, que o conhecimento é uma representação, tomando-se o sistema das ciências naturais pelo sistema por excelência da representação objetiva. Essa concepção do conhecimento foi também o resultado da epistemologia de Locke, embora tenha partido (…) -
Luijpen (1973:91-93) – Qualidades primárias e secundárias
19 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroEnquanto para Descartes os conceitos são inatos, Locke recusa-os terminantemente. Segundo ele, a faculdade cognitiva do homem é como uma folha em branco, devendo ser toda "escrita" de fora a fim de chegar ao conhecimento. Essa "escritura", conforme Locke, acontece exclusivamente pela experiência. Ele distingue as ideias na mente e as qualidades no corpo. Àquilo que a consciência percebe em si mesma chama ideias; estas são produzidas na consciência por certas forças nas coisas, forças que (…)
Notas
- Luijpen (1973:100-101) – Exclusão do "problema critico" ?
- Luijpen (1973:27-28) – "Utilidade" da Filosofia
- Luijpen (1973:33-34) – Materialismo
- Luijpen (1973:42-44) – Descartes
- Luijpen (1973:46-47) – Consequências da primazia do "cogito"
- Luijpen (1973:47-48) – Critério da verdade e certeza
- Luijpen (1973:48-49) – O homem
- Luijpen (1973:87-88) – Explicitação
- Luijpen (1973:96) – Teoria "científica" da percepção
- Luijpen: A ideia de essência na fenomenologia
- Luijpen: Corpo e Mundo
- Luijpen: Corporalidade Humana
- Luijpen: Existir como ser-consciente-no-mundo
- Luijpen: Filosofia como tarefa social
- Luijpen: Impossibilidade de uma "prova"
- Luijpen: Intersubjetividade da verdade filosófica
- Luijpen: Monismo materialista e monismo espiritualista
- Luijpen: o legítimo filosofar