Eis o que só dificilmente se pode reconhecer quando, com Kant, se mensura a verdade do conhecimento com o conceito do conhecimento da ciência e com o conceito de realidade da ciência da natureza. É necessário entender o conceito da experiência com mais amplidão do que Kant o fez, a fim de que se possa entender também, como experiência, a experiência da obra de arte. Com relação a essa tarefa, podemos nos reportar às admiráveis preleções de Hegel sobre a estética. Nelas, de uma forma (…)
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Gadamer / Hans-Georg Gadamer / HGG2007
HANS-GEORG GADAMER (1900-2002)
OBRA NA INTERNET: LIBRARY GENESIS
GADAMER, H.-G. Gesammelte Werke, Bd. 3, Neuere Philosophie I: Hegel / Husserl / Heidegger (Tübingen, Mohr Siebeck, 1987). / La dialéctica de Hegel . Cinco ensayos hermenéuticos. Tr. Teresa Orduña y Manuel Garrido. Madrid: Cátedra, 1994
GADAMER, H.-G.. Hermeneutik I, Wahrheit und Methode: Grundzüge einer philosophischen Hermeneutik (Tübingen: Mohr Siebeck, 1986). / Verdade e Método I. Tr. Flávio Paulo Meurer. Petrópolis: Vozes, 1999 / Wahrheit und Methode II. Tübingen: Mohr Siebeck, 1993 [VM1] / Verdade e Método II. Tr. Enio Paulo Giachini. Petrópolis: Vozes, 2002 [VM2]
GADAMER, H.-G.. Gesammelte Werke, Bd. 3, Neuere Philosophie I: Hegel / Husserl / Heidegger (Tübingen, Mohr Siebeck, 1987). / Heidegger’s ways. Tr. John W Stanley. New York: SUNY, 1994 / Los caminos de Heidegger. Tr. Angela Ackermann Pilári. Barcelona: Herder, 2002
GADAMER, Hans-Georg. Über die Verborgenheit der Gesundheit (Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1993) / O caráter oculto da saúde. Tr. Antônio Luz Costa. Petrópolis: Vozes, 2006
Gesammelte Werke, Bd. 10: Hermeneutik im Rückblick (Tübingen, Mohr Siebeck, 1995) / Subjectivity and Intersubjectivity, Subject and Person (2000)
Gesammelte Werke, Bd. 6, Griechische Philosophie II (Tübingen: Mohr Siebeck, 1985). / Hacia una prehistoria de la metafísica (1994)
Matérias
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Gadamer (VM): conhecimento da verdade
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de Castro -
Gadamer (VM): estrutura hermenêutica
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroNaturalmente que a demonstração husserliana da idealidade do significado era o resultado de investigações puramente lógicas. O que Dilthey faz disso é algo completamente diferente. Para ele o significado não é um conceito lógico, mas é entendido como expressão da vida. A própria vida, essa temporalidade em constante fluir, está voltada à configuração de unidades de significado duradouras. A própria vida se auto-interpreta. Tem estrutura hermenêutica. É dessa forma que a vida constitui a (…)
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Gadamer (VM): formação natural
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroPara o conteúdo da palavra "formação", que nos é familiar, a primeira importante constatação é a de que o antigo conceito de uma "formação natural", que se refere à aparência externa (a formação dos membros, uma figura bem formada), e sobretudo à configuração produzida pela natureza (p. ex., "formação de montanha"), foi naquela época quase inteiramente desvinculado do novo conceito. Formação integra agora, estreitamente, o conceito de cultura, e designa, antes de tudo, especificamente, a (…)
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Gadamer (VM): neoplatonismo
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroEmbora ambos os conceitos, símbolo e alegoria, pertençam a esferas diferentes, estão um próximo do outro, não somente através de sua estrutura comum da representação de algo através de um outro, mas também pelo fato de que ambos encontram sua aplicação preferencial no âmbito religioso. A alegoria surge da necessidade teológica de eliminar o escândalo na tradição religiosa — como se fez originariamente em Homero, e, ademais, reconhecer por trás disso verdades válidas. Uma função (…)
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Gadamer (VM): capacidade de compreensão
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroAqui vem à tona o mais próprio de Kant. Não é, de forma alguma, como seria de esperar, a arte, devido à qual Kant vai além "do prazer desinteressado" e indaga do interesse pelo belo. Tínhamos, a partir da doutrina do ideal da beleza, descoberto apenas uma vantagem da arte com relação ao belo natural: a vantagem de ser linguagem imediata da expressão do ético. Kant, ao contrário, acentua de início (no parágrafo 42) a vantagem do belo natural com relação ao belo artístico. A beleza natural não (…)
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Gadamer (VM): epocal
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroCada época representada na Filosofia com uma determinada concepção de ser como um ente faz desse ente um princípio epocal. E desse princípio epocal — que pode ser, entre outros, a ideia de Platão, a substância de Aristóteles, o actus medieval da Filosofia, o cogito de Descartes, o eu penso de Kant, o sujeito absoluto de Hegel, a vontade de poder de Nietzsche, a transformação de tudo pela técnica — que cada época extrai os elementos de suas formações históricas e culturais. E um princípio (…)
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Gadamer (VM): acontecimento do ser
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroEm contrapartida ao modo de pensar da mais recente estética, tínhamos desenvolvido acima o conceito do jogo como o genuino acontecimento da arte. Essa tentativa veio agora a se confirmar no fato de que, também o quadro — e com isso o conjunto da arte não dependente de re-produção — é um acontecimento do ser e, por isso, não pode ser adequadamente entendido como objeto de uma consciência estética, mas, antes, [149] pode ser compreendido em sua estrutura ontológica, a partir de fenômenos como (…)
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Gadamer (VM): acontecimento comunicativo
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroAté que ponto o outro compreende o que eu quero dizer, demonstra-se pelo modo como ele prossegue a conversa. Com isso, o compreendido passa da indeterminação de sua direção de sentido para uma nova determinação, que permite ser compreendida ou mal-entendida. E isto o que acontece verdadeiramente no diálogo: O que se tem em mente articula-se, à medida que se torna algo [19] comura. A enunciação individual, portanto, está sempre inserida num acontecimento comunicativo, não podendo ser (…)
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Gadamer (VM): ontologia
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de Castro[107] A ontologia da obra de arte e seu significado hermenêutico VERDADE E MÉTODO PRIMEIRA PARTE 2.
O fato de que o encanto mágico do quadro se encontra somente nos primórdios da história da imagem, por assim dizer no que faz parte de sua pré-história, encanto que repousa na identidade e na não-diferenciação entre o quadro e o copiado, não significa que uma consciência do quadro que se torna cada vez mais diferenciada, que se afasta cada vez mais da identidade mágica, possa se liberar (…) -
Gadamer (VM): prazer
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroMas o preço que ele paga, por essa justificação da crítica no terreno do gosto, reside em que nega ao gosto qualquer significado cognocitivo. E um princípio subjetivo, ao qual ele reduz o senso comum. Nele nada se reconhece dos objetos que vêm a ser julgados de belos, apenas se afirma, porém, que a eles corresponde a priori um sentimento de prazer no sujeito. É conhecido que esse sentimento é fundamentado por Kant, na conveniência que a representação do objeto possui, como tal, para a nossa (…)
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Vilhauer (G1975:26-29) – método cartesiano de conhecimento
22 de fevereiro de 2021, por Cardoso de CastroVILHAUER, Monica. Gadamer’s ethics of play : hermeneutics and the other. London: Lexington Books, 2010, p. 26-29
Tradução
O MODELO CARTESIANO
Dualismo mente / corpo
O modelo cartesiano começa com um dualismo entre mente e corpo, que também se manifesta como uma dicotomia mente / mundo, sujeito / objeto, dentro / fora ou Eu / Isto. Nesta dicotomia, presume-se que o "eu", o sujeito humano ou mente, está fundamentalmente separado e se opõe a "isto", os objetos estranhos ou coisas do (…) -
Gadamer (VM): Agostinho
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroMas tampouco o lado objetivo desse círculo, tal como o descreve Schleiermacher, atinge o cerne da questão. Já vimos que o objetivo de todo acordo e de toda compreensão é o entendimento sobre a própria coisa. A hermenêutica sempre se propôs como tarefa restabelecer o entendimento alterado ou inexistente. A história da hermenêutica é um bom testemunho disso; por exemplo, se se pensa em Santo AGOSTINHO, onde o Antigo Testamento deve ser mediado através da mensagem cristã222, ou no (…)
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Gadamer (VM): ontológico
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroO conceito da realidade, ao qual Schiller opõe a poesia, já não é mais, certamente, kantiano. Porque Kant parte sempre, como vimos, do belo natural. Mas na medida em que Kant, devido à sua crítica da metafísica dogmática, restringe o conceito do conhecimento inteiramente à possibilidade da "pura ciência da natureza", tornando assim indiscutivelmente válido o conceito da realidade nominalística, no final das contas o constrangimento ontológico em que veio a se encontrar a estética do século (…)
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Gadamer (VM): perfeição
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroConseqüentemente, e por isso mesmo, é que a filosofia do Aufklärung alemão não contou o juízo como a mais elevada faculdade do espírito, mas, sim, a mais baixa faculdade do conhecimento. Com isso, ele tomou um rumo que se afasta bastante do sentido romano originário do sensus communis e que dá continuidade à tradição escolástica. Isso viria a dar à estética um significado especial. No caso de Baumgarten, p. ex., está fora de dúvida: O que o juízo reconhece é o sensorial-individual, a coisa (…)
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Gadamer (VM): conceito do nexo
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroUma reflexão clara e metódica sobre isso não se encontra expressa obviamente em Ranke, nem no arguto metodólogo que foi Droysen, mas somente em Dilthey, que toma conscientemente a hermenêutica romântica e a amplia até fazer dela uma historiografia e até uma teoria do conhecimento das ciências do espírito. A análise lógica de Dilthey do conceito do nexo na história representa, segundo a questão em causa, a aplicação do princípio hermenêutico, segundo o qual as partes individuais de um texto (…)
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Gadamer (VM): problema da compreensão
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroNeste ponto Hegel aponta para além da dimensão global em que se havia colocado o problema da compreensão em Schleiermacher. Hegel o eleva à base, sobre a qual ele fundamenta a filosofia como a forma mais alta do espírito absoluto. No saber absoluto da filosofia leva-se a cabo aquela autoconsciência do espírito que, como diz o texto, abrange, "de um modo superior", também a verdade da arte. Desse modo, para Hegel é a filosofia, isto é, a auto-imposição histórica do espírito, que domina a (…)
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Gadamer (VM): objetividade da ciência
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroCom isso, o conde Yorck eleva à categoria de um princípio metódico o que Husserl, mais tarde, irá desenvolver amplamente na sua fenomenologia. Compreende-se, dessa maneira, como foi possível que se encontrassem, no geral, dois pensadores tão diversos como Husserl e Dilthey. O retorno a posições anteriores à abstração do neokantismo torna-se comum a ambos. Yorck concorda com ambos, e no entanto, ele oferece ainda mais que isso. Pois não retrocede até a vida apenas com intenção epistemológica, (…)
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Oscar Portela: SOBRE LA CRITICA LITERARIA ( Heidegger- Gadamer)
23 de março de 2022, por Cardoso de CastroSOBRE LA CRITICA LITERARIA ( Heidegger- Gadamer)
POR OSCAR PORTELA
Los ideales estéticos-literarios frecuentemente acompañan los cambios socio-políticos de la sociedad, en la cual se encuentra inserto el “creador de que se trate”. Los cánones de las épocas cambian entonces a pesar de las protestas de objetividad de quienes a "posteriori" se dedican desde la catedra a canonizar la “esencia” de tal o cual genero de obra de arte. Así las vanguardias que ayer se conviertieron en movimientos (…) -
Gadamer (VM): nominalismo
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroA resposta a essa pergunta não é, de modo algum, evidente. Existe um grande movimento na filosofia atual, que não deve ser menosprezado em seu significado, para o qual há uma resposta segura a esta questão. Ele crê que todo o segredo e tarefa da filosofia consiste em formular o enunciado tão exato ao ponto de ele expressar inequivocamente o que se tem em mente. A filosofia deveria formular um sistema de signos que não dependesse da polissemia metafórica da linguagem natural, nem das diversas (…)
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Gadamer (VM): universo hermenêutico
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroO fato de a auto-interpretação ter alcançado em todos esses âmbitos uma primazia, injustificada do ponto de vista objetivo (sachlich), parece-me ser uma consequência do subjetivismo moderno. Na verdade, não se pode outorgar nenhum privilégio a um poeta na explicação de seus versos, tanto quanto não se pode outorgar privilégios ao homem de estado para a explicação histórica dos acontecimentos em que ele próprio participou com sua ação. O autêntico conceito de autocompreensão, o único (…)
Notas
- Ernildo Stein (2003:67) – da reflexão à compreensão
- Figal (2015) – Beleza [Heidegger e Gadamer]
- Gadamer (1987) – ser e não-ser
- Gadamer (1993:C1) – o domínio da ciência moderna
- Gadamer (1993:C1) – práxis
- Gadamer (1993:Prefácio) – Saúde não é algo que se possa fazer
- Gadamer (1995) – Hacia una prehistoria de la metafísica
- Gadamer (1995/2000:276-277) – Sujeito
- Gadamer (1999:25) – hermenêutica, como teoria da experiência real
- Gadamer (VM1:16-17) – compreensão, modo de ser próprio do Dasein
- Gadamer (VM2:361-362) – destruição e desconstrução
- Gadamer (VM2:384-385) – sentido do ser
- Gadamer (VM2:428) – Wesen (essência)
- Leo Strauss - Gadamer Correspondence