(RMAP:200-203)
[…] preencher com conteúdo fenomenológico os dois aspectos que a meditação de ontem nos indicou como características da realidade pessoal: a subjetividade e a individualidade essencial.
De fato, se essas duas categorias abarcam respectivamente, por assim dizer, a aparência e a essência, o rosto e a alma do que somos, elas devem conter o alfa e o ômega de um percurso de conhecimento pessoal: o dado inicial, o de um "encontro", e o termo ideal do "percurso". Em suma, o dado (…)
João Cardoso de Castro (doutor Bioética - UFRJ) e Murilo Cardoso de Castro (doutor Filosofia - UFRJ)
Matérias mais recentes
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Percepção psicológica e conhecimento pessoal
18 de março, por Cardoso de Castro -
Bios e Zoe (Monticelli)
18 de março, por Cardoso de Castro(Monticelli1997:199-203)
"Uma vida mais vasta e mais plena"… Que significado podem ter para nós essas palavras do jovem filósofo a quem o estudo anterior foi dedicado? Podemos lhes atribuir um sentido que não seja meramente retórico?
O sopro da vida é a alma: tal é o significado originário da palavra grega psyché, assim como da latina anima, que preserva a raiz do grego anemos (vento). Esta reflexão parte do seguinte fato: não é verdade que tudo o que vive deva morrer. Pode parecer (…) -
Padecer (Monticelli)
18 de março, por Cardoso de Castro(Monticelli1997:207-208)
Deveríamos ter usado, em vez de "sofrer", a palavra que o Petit Robert considera arcaica - "padecer" - que expressa com muito mais abrangência um dos dois traços relevantes das vivências originárias do ser próprio: a afetividade.
"Originárias" no sentido de que estas vivências são a fonte (origem) do conteúdo intuitivo da ideia de "selfhood" [ipseidade]: ou seja, não existe primeiro um "si mesmo" que seria dado independentemente destas vivências, e ao qual depois (…) -
Ipseidade (Monticelli)
18 de março, por Cardoso de Castro(Monticelli1997:208)
O outro traço fundamental da noção de autos é aquele que se opõe ao caráter do hetero, manifestando-se na oposição entre autonomia e heteronomia. As vivências que constituem este outro aspecto do ser-sujeito — que "preenchem" este significado fundamental do termo — são as ações através das quais nos experimentamos como causa dos efeitos produzidos, ou seja, como agentes. O conteúdo determinado da selfhood [autoconsciência] manifestada no agir é a espontaneidade. (…) -
Kelkel & Scherer – Liberar-se do psicologismo
18 de março, por Cardoso de Castro(AKRS)
Era preciso, primeiramente, libertar-se abertamente da hipoteca ao «psicologismo» e é a essa tarefa que o primeiro tomo das Investigações Lógicas, Prolegômenos à Lógica Pura, será consagrado, apresentando o segundo tomo um estudo dos «vividos» actuantes na lógica e no conhecimento, ou ainda os modos de consciência ou atos correlativos às «objetividades ideais da lógica».
Os Prolegômenos aplicam-se, primeiramente, a inventariar os erros e contradições do psicologismo (bem como das (…) -
Fragata (1961) – A Filosofia de Edmund Husserl
18 de março, por Cardoso de CastroEdições da Revista "Filosofia" Lisboa, 1961
Apresentamos aqui um resumo geral, quase esquemático, dos traços fundamentais do pensamento filosófico de Husserl. O motivo que nos levou a esta elaboração foi o fato de termos verificado que, mesmo atualmente, é raro encontrar-se, nos compêndios de História da Filosofia, uma exposição que tenha suficientemente em conta os recentes estudos sobre Husserl à luz da publicação das suas obras completas, muitas delas póstumas, iniciada pelos «Arquivos (…) -
Carneiro Leão – verdade
18 de março, por Cardoso de CastroExcertos do livro "Aprendendo a Pensar", Tomo I.
Nessas questões milenárias a filosofia se essencializa como ontologia, articulando a pré-compreensão do Ser no sistema dos conceitos transcendentais, que instauram na totalidade dos entes as regiões de objeto e os projetos de constituição das pesquisas científicas. Pois nas categorias ontológicas se desenvolve a interpretação do sentido da realidade e a concepção da essência da verdade, que empurram o dinamismo de sucessão das épocas (…) -
Carneiro Leão – A experiência grega da Verdade
18 de março, por Cardoso de CastroUma das expressões da Experiência grega da Verdade deve-se a Platão. Encontra-se no Livro VII do grande diálogo intitulado (514a-517a). Geralmente se conhece com o nome de República da tradução latina. A importância deste mito é fundamental para toda a evolução posterior, não apenas da filosofia mas do mundo e da história Ocidental. Platão nos apresenta, no sentido de nos tornar e fazer presente, a questão da verdade, como a questão matricial do mundo, do ser e realizar-se do homem. Por isso (…)
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Carneiro Leão – representação
18 de março, por Cardoso de CastroExcertos do livro "Aprendendo a Pensar", Tomo I.
A existência presentifica os sentidos de toda hominização. Redige o processo em que algo presente se dá a si mesmo numa evidência. Instaura o advento de uma coisa que não se apresenta em virtude da representação humana mas por si mesma em virtude de sua própria presença. Na vigência desse vigor originário a existência reflete e assim promove as vicissitudes do processo Histórico em que se pro-duz a verdade. Aprendendo a pensar I: O Problema (…) -
Carneiro Leão – poesia
18 de março, por Cardoso de CastroExcertos do livro "Aprendendo a Pensar", Tomo I.
Talvez nos acenem as palavras da poesia : sentados nos ouvidos, escutamos um verdadeiro vazio — a estranheza do poder. O mar ecoa no ondear das ondas. O som ressoa no coro das águas. Aqui e agora, nada sobre nada. Nem mesmo um buraco. Somente a fossa da angústia. Aprendendo a pensar I: Filosofia e Psicanálise
2. Num painel fronteiriço, para se discutir, é preciso não saber mas pensar. De Hölderlin vararam até nós as palavras, pensadas num (…)