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denken …
denken / pensar / penser / think / Denkwürdigen / digno de ser pensado / digno de pensar / erdenken / erdichten / inventer / forger / Nachdenken / reflexão / rechnende Denken / pensamento calculador / Andenken / remémoration / rememoração / anfängliche Denken / pensar inicial / inceptual thinking / gedanken-los / carentes de pensamentos / sem-pensamentos / Gedankenlosigkeit / carência de pensamentos / ausência-de-pensamentos / gedanken-arm / pobres de pensamento / pobres-em-pensamento / Gedanke-flucht / fuga-aos-pensamentos / Bedenkliche / grave / pensable / Bedenklichste / gravíssimo / ce qui donne le plus à penser
Termos de muito difícil tradução, sobretudo se se quiser respeitar o seu paralelismo. Globalmente, pode dizer-se que o Andenken é memória ou comemoração, quer dizer pensamento que se volta para trás num movimento retrospectivo, enquanto o Vordenken é avanço ou preparação, quer dizer pensamento que caminha para diante num movimento prospectivo. Convém no entanto não interpretar mal a singularidade deste duplo movimento. A retrospecção característica do Andenken não é olhar incidente sobre um passado revoluto, mas olhar dirigido em direcção ao que, na medida em que ainda não pensado, continua proposto ao nosso futuro — mesmo se não podemos esperar atingir esse futuro senão pelo «passo atrás» [1]. Inversamente, a prospecção característica do Vordenken não é um avanço livre, desligado de todo o passado, mas uma penetração em direcção ao futuro, ela própria apenas tornada possível a partir do Andenken — mesmo se deve passar resolutamente para lá dele [2]. Andenken e Vordenken constituem de facto os dois pólos de uma oposição, mas esta não pode em caso algum ser reduzida à oposição estática do passado e do futuro. Na realidade, ambos pertencem, segundo modalidades diferentes, à dimensão do futuro, e só se opõem no pano de fundo de uma troca ou de uma participação recíproca [3]. [MZHPO:34]
DENKEN E CORRELATOS
Matérias
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Gadamer (VM): pensamento
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de Castro
Quem suporta realmente esse "pensamento"? O que são os suportes da história, em cujo pensamento devemos penetrar? O que um homem persegue com sua ação será a intenção determinada? Collingwood parece pensar assim: "Sem esse pressuposto, a história de seus atos não é possível" (324). Mas será que reconstruir as intenções significa realmente compreender a história? Vemos [397] assim como Collingwood se enreda, contra sua vontade, na particularidade psicológica. Sem uma teoria dos "que sustentam (…)
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Gadamer (VM): pensamento ocidental
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de Castro
Era claro, portanto, que o projeto heideggeriano de uma ontologia fundamental tinha como pano de fundo o problema da história. Todavia, em breve se perceberia que, nem a solução do problema do historicismo, nem uma fundamentação originária das ciências, e até nem mesmo uma autofundamentação ultra-radical da filosofia de Husserl corresponderiam ao sentido dessa ontologia fundamental; é a própria idéia da fundamentação que experimenta agora uma inversão total. O questionamento já não é mais (…)
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Chassard (1988:44-46) – pensar e poetizar
30 de setembro de 2024, por Cardoso de Castro
Nessas origens, o pensamento, de certa forma, é a episteme logike, o compreender que se relaciona com logos, o substantivo cujo verbo correspondente é legein. A lógica, que determina o pensamento e depois se torna dialética, depois logística, nem sempre foi esse rigor sem contradição do pensar e do dizer corretos. Anteriormente, em Parmênides, diz Heidegger, legein e noein tinham um significado diferente daquele que damos a eles hoje. O legein do logos não era a enunciação e o dizer, e o (…)
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Trawny (2015) – errância
2 de fevereiro de 2024, por Cardoso de Castro
destaque
Aqui temos de estar atentos, bem como de exercer o nosso discernimento. Porque quando um filósofo começa a misturar o que aparentemente se opõe à verdade, isto é, a mentira, com a verdade, a perverter uma na outra, então o sofista não está longe. Será possível que Heidegger seja o sofista da modernidade? Quem poderia negar que esta questão é sugerida precisamente pela publicação das Schwarze Hefte? Heidegger liberta nelas a sua ira. Surge um pensador que lança os seus raios sobre (…)
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Dreyfus & Kelly (2011:62-64) – gratidão
3 de novembro de 2024, por Cardoso de Castro
Os deuses são essenciais para a compreensão grega homérica do que é ser um ser humano. Como Peisistratus — o filho do velho e sábio Nestor — diz no início da Odisseia: “Todos os homens precisam dos deuses.” Os gregos estavam profundamente conscientes das maneiras pelas quais nossos sucessos e fracassos — na verdade, nossas próprias ações — nunca estão completamente sob nosso controle. Eles eram constantemente sensíveis, maravilhados e gratos por aquelas ações que não se pode realizar por (…)
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Fink (1966b:9-12) – objetos dignos da filosofia
29 de novembro de 2023, por Cardoso de Castro
destaque traduzido
[…] Mas quando o pensamento filosófico desperta, não assume, como algo indiscutível, a hierarquia da interpretação mítica do universo. Os deuses, a terra e o mar, os homens, os animais, as plantas e os objectos artificiais fabricados pelo homem, tudo isso se confunde; cada uma dessas coisas é um ente. Todas as diferenças de poder têm em comum este traço fundamental que se encontra por toda parte. O deus radiante que, como Phoebus Apollo, ilumina o universo e o preenche (…)
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Carneiro Leão (2015:551-553) – o que é o sentido de ser?
18 de novembro de 2024, por Cardoso de Castro
Mas o que é o sentido de ser?
Sempre procuramos responder a esta pergunta dando uma definição direta e cabal do ser; sempre nos esforçamos por apreender-lhe o sentido, dentro de uma determinação imediata e exaustiva de seu uso e de sua significação. Mas todas estas tentativas e esforços terminam num fracasso. Por isso, tentamos sempre de novo, buscando caminhos indiretos através da filosofia, da ciência, da arte e da religião, ou mediante as ordens do conhecimento com seus modelos, da ação (…)
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Gadamer (VM): pensamento artístico
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de Castro
Porém, uma tal descrição da compreensão que separa, significa que a configuração das idéias que procuramos compreender como discurso ou como texto não é compreendida com referência ao seu conteúdo objetivo, mas como uma configuração estética, como obra de arte ou "pensamento artístico". Se afirmarmos isso entenderemos por que aqui não se trata da relação com a coisa (em Schleiermacher "o ser"). Schleiermacher segue as determinações fundamentais de Kant, quando diz que o "pensamento (…)
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Gadamer (VM): pensamento filosófico
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de Castro
Daí procede a muito marcante consciência que possui a filosofia dos nossos dias. Mas há uma outra pergunta, bem diferente: até que ponto a reivindicação da verdade de tais formas de conhecimento, situadas fora do âmbito da ciência, podem ser filosoficamente legitimadas? A atualidade do fenômeno hermenêutico repousa, ao meu ver, no fato de que apenas um aprofundamento no fenômeno da compreensão pode trazer uma tal legitimação. Não foi apenas em última instância que essa convicção veio a se (…)
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Gadamer (VM): pensamento lógico
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de Castro
Nessa tentativa de contrapor, assim, "palavra" e "enunciado", torna-se claro também o sentido de enunciado. Costumamos falar [193] de "enunciados" na constringência da lógica, do cálculo das proposições e da moderna formalização matemática da lógica. Esse modo de expressar-se, que nos parece natural, remonta em última instância a uma das opções mais decisivas de nossa cultura ocidental, isto é, a construção da lógica a partir do enunciado. Aristóteles, o fundador dessa parte da lógica, o (…)
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Gadamer (VM): pensamento histórico
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de Castro
A crítica da Bíblia, que conseguiu se impor amplamente no século XVIII, como mostra essa indicação a Spinoza, possui, em caráter absoluto, um fundamento dogmático na fé na razão do Aufklärung, e, de um modo semelhante, existe toda uma outra série de precursores que preparam o pensamento histórico, entre os quais há, no século XVIII, nomes esquecidos há muito tempo, que procuram oferecer diretivas para a compreensão e interpretação de livros históricos. Entre eles se encontra particularmente (…)
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Zarader (2000:86-88) – o pensamento
30 de outubro de 2024, por Cardoso de Castro
A segunda parte da aula O que chamamos pensar? [GA8] — que pode aqui ser considerada como texto de referência — segue um movimento de conjunto especialmente revelador. Desde a primeira aula, estamos confrontados com a «clivagem»: apresentando os múltiplos sentidos da sua interrogação, Heidegger distingue logo entre a determinação do pensamento que tem, desde sempre, força de lei («como é que aquilo que é aqui nomeado pensamento está circunscrito na doutrina tradicional do pensamento?») e a (…)
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Arendt (LM:3-5) – banalidade do mal
20 de fevereiro de 2018, por Cardoso de Castro
Abranches & Almeida
Minha preocupação com as atividades espirituais tem origem em duas fontes bastante distintas. O impulso imediato derivou do fato de eu ter assistido ao julgamento de Eichmann em Jerusalém. Em meu relato , mencionei a “banalidade do mal”. Por trás desta expressão não procurei sustentar nenhuma tese ou doutrina, muito embora estivesse vagamente consciente de que ela se opunha à nossa tradição de pensamento — literário, teológico ou filosófico — sobre o fenômeno do (…)
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Macquarrie (1994:50-54) – Posfácio e Introdução a "O que é metafísica?"
10 de outubro de 2024, por Cardoso de Castro
Há várias obscuridades nessa palestra [O que é Metafísica (GA9) ], especialmente nos últimos parágrafos. Heidegger deve ter se dado conta disso, porque quatorze anos após a palestra ter sido proferida, ele escreveu um posfácio, no qual tentou esclarecer “equívocos” e “dúvidas”. Por exemplo, a palestra (como alguns supunham) reforça as tendências niilistas de seu pensamento inicial ou nos leva a uma direção diferente? Então, seis anos após o Pósfacio e, portanto, vinte anos após a palestra (…)
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Deleuze (1988:238-240) – o pensar
26 de outubro de 2024, por Cardoso de Castro
Nosso tema não é aqui o estabelecimento de uma tal doutrina das faculdades. Procuramos apenas determinar a natureza de suas exigências. A este respeito, porém, as determinações platônicas não podem ser satisfatórias. Com efeito, não são figuras já mediatizadas e referidas à representação, mas, ao contrário, estados livres ou selvagens da diferença em si mesma que são capazes de levar as faculdades a seus limites respectivos. Não é a oposição qualitativa no sensível, mas um elemento que é em (…)
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Arendt (LM2:17-18) – onde estamos quando pensamos?
1º de janeiro de 2020, por Cardoso de Castro
João Duarte
Concluí o primeiro volume de A vida do Espírito com certas especulações sobre o tempo. Isso era uma tentativa para clarificar uma questão muito antiga, levantada pela primeira vez por Platão, mas nunca respondida por ele: onde é o topos noetos, a região do espírito em que o filósofo habita? Reformulei esta pergunta no decurso da investigação para a seguinte: Onde estamos quando pensamos? Para onde nos afastamos quando nos alheamos do mundo das aparências, cessamos todas as (…)
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Deleuze (1988:413-414) – O pensamento é a mais elevada determinação
26 de outubro de 2024, por Cardoso de Castro
É que fundar é determinar o indeterminado. Mas esta operação não é simples. Quando “a” determinação se exerce, ela não se contenta em dar uma forma, de informar matérias sob a condição de categorias. Alguma coisa do fundo sobe à superfície, e sobe sem tomar forma, insinuando-se, antes de tudo, entre as formas, existência autônoma sem rosto, base informal. Na medida em que ele se encontra agora na superfície, este fundo chama-se profundo, sem-fundo. Inversamente, as formas se decompõem quando (…)
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Gadamer (VM): pensamento metafísico
24 de janeiro de 2024, por Cardoso de Castro
Na realidade, o conteúdo especulativo do conceito de vida, em ambos os autores, fica sem ser desenvolvido. Dilthey objetiva somente opor polemicamente o ponto de vista ao pensamento metafísico, e Husserl não possui a mínima noção da conexão desse conceito com a tradição metafísica, em particular com o idealismo especulativo. VERDADE E MÉTODO SEGUNDA PARTE 1.
Dessa forma, também a herança cristã da metafísica grega, a escolástica medieval, concebe a palavra a partir da species, como sua (…)
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Merleau-Ponty (1945/2006:182-183) – sedimentação
17 de junho de 2023, por Cardoso de Castro
Ribeiro de Moura
[…] O sujeito kantiano põe um mundo, mas, para poder afirmar uma verdade, o sujeito efetivo precisa primeiramente ter um mundo ou ser no mundo, quer dizer, manter em torno de si um [182] sistema de significações cujas correspondências, relações e participações não precisem ser explicitadas para ser utilizadas. Quando me desloco em minha casa, sei imediatamente e sem nenhum discurso que caminhar para o banheiro significa passar perto do quarto, que olhar a janela significa (…)
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Zarader (2000:221-223) – pensamento e linguagem
30 de outubro de 2024, por Cardoso de Castro
No caso do pensamento, a situação inverte-se. De facto, Heidegger parte bem, num primeiro tempo, do pensamento (visto metafisicamente como lógico) ao logos inicial; e desvia-se de facto, num segundo tempo (nem que fosse apresentado como provisório) da meditação do logos para se deixar conduzir no sítio original do [221] pensamento através do Gedanc alemão. Mas a relação entre aquilo que é dito no Gedanc e aquilo que está reservado no logos permanece indecidido: Heidegger não afirma em parte (…)
[1] EHD [GA4], p. 95 (127) : «Se o pensamento, lembrando-se daquilo que foi (das Gewesene), lhe deixa a sua essência e não altera o seu reino usando-o apressadamente como presente, descobrimos então que o que foi, pelo seu retorno no Andenken, se estende para lá do nosso presente (Gegenwart) e vem até nós como um futuro (ein Zukunftiges). Bruscamente, o Andenken deve pensar o que foi como algo de ainda-não-desdobrado (als ein Nochnicht-Entfaltetes)». Cf. também SvG [GA10], p. 107 (147).
[2] Cf. IuD [GA11], p. 34 (Qu. I [Q12], p. 276) : «O que quer que tentemos pensar, e seja qual for a maneira por que o façamos, pensamos no espaço de jogo da tradição. Ela reina quando nos liberta da reflexão (Nachdenken) para uma prospecção (Vordenken) — que não significa traçar planos. Não é senão quando, pensando, nos voltámos para o já pensado, que estamos ao serviço do que há ainda para pensar».
[3] Para uma interessante caracterização ào Andenken heideggeriano, nomeadamente na sua diferença em relação à Erinnerung hegeliana, pode consultar-se proveitosamente G. Vattimo, Le aventure della differenza, Milano, Garzanti, 1980, pp. 175 e segs.