O tratamento mais extenso de Heidegger sobre a liberação diz respeito à liberação do indivíduo da vontade própria e do pensamento objetivante. Essa discussão é encontrada em seu ensaio “Towards the Elucidation of Releasement: From a Dialogue on a Country Path about Thinking” (1944-1945) [GA77]. Esse diálogo entre um cientista, um acadêmico e um professor (que parece representar Heidegger) argumenta que o “pensamento” genuíno começa somente quando o indivíduo é liberado da intencionalidade (…)
Página inicial > Palavras-chave > Autores - Obras > Zimmerman / Michael Zimmerman
Zimmerman / Michael Zimmerman
Michael E. Zimmerman (1946), filósofo americano, professor na Universidade de Colorado em Boulder.
ZIMMERMAN, Michael. Eclipse of the Self. The Development of Heidegger’s Concept of Authenticity. Athens: Ohio University Press, 1982
ZIMMERMAN, Michael. Heidegger’s Confrontation With Modernity : Technology, Politics, and Art. Bloomington: Indiana University Press, 1990
ZIMMERMAN, Michael. "Heidegger Buddhism and deep ecology", in Guignon, Charles (org.) (1998), The Cambridge Companion to Heidegger. Cambridge University Press, Cambridge.
Matérias
-
Zimmerman (1982:244-246) – liberação
30 de setembro de 2024, por Cardoso de Castro -
Zimmerman (1982:203-204) – o jogo cósmico de revelação/velação
30 de setembro de 2024, por Cardoso de CastroPelo fato de o jogo cósmico de revelação/velação ter se tornado cada vez mais oculto para a humanidade, houve diferenças importantes nos mundos antigo, medieval e moderno. Heidegger está dizendo em sua linguagem ontológica o que outras pessoas vêm dizendo há muito tempo: o homem moderno tornou-se arrogante e egocêntrico; portanto, se esqueceu de que tem certas obrigações para com o universo que lhe deu origem. Para Platão, “Ser” significava presença permanente: ideia, eidos, o reino imutável (…)
-
Zimmerman (1982:133-135) – a temporalidade autêntica é um acontecimento ontológico
14 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
Autenticidade significa um Ser-no-mundo, autopossuído, temporal-histórico, que se preocupa consigo mesmo. Na resolução antecipatória, o indivíduo revela a sua finitude e apropria-se das suas próprias possibilidades. Estas possibilidades estão ligadas à herança em que se deve enraizar. A herança, paradoxalmente, não está atrás de nós; está diante de nós como o nosso futuro. Existir autenticamente para o futuro significa liberar a herança para uma mudança proporcional às exigências (…) -
Zimmerman (1982:238-240) – jogo cósmico
30 de setembro de 2024, por Cardoso de CastroMais uma vez, Heidegger recorre a Heráclito para dizer que o jogo cósmico (logos, Ereignis) inclui o tempo-mundo que torna possível a temporalidade humana. Ele explica:
Heráclito nomeia aquilo que se dirige a ele como logos, como a mesmidade do Ser e do fundamento: aeon. A palavra é difícil de traduzir. Diz-se: tempo-mundo. É o mundo que mundifica e temporaliza. Pois, como cosmos, ele traz a estruturação do Ser a um brilho clarificador. De acordo com o que é dito nas palavras logos, (…) -
Zimmerman (1982:141-144) – agora e instante
14 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
Foi sem dúvida, S. Kierkegaard quem viu com a maior profundidade o fenômeno existenciário do instante, o que não significa que ele tenha logrado uma correspondente interpretação existencial. Ele permanece preso ao conceito vulgar de tempo que determina o instante com o auxilio do agora e da eternidade. Quando K. fala de “temporalidade”, ele quer referir-se ao “ser e estar-no-tempo” do homem. O tempo como intratemporalidade conhece apenas o agora e nunca o instante experimentado (…) -
Zimmerman (1982:233-236) – Logos
30 de setembro de 2024, por Cardoso de CastroHeidegger interpreta Logos como sendo tanto o Ser quanto a verdade. Como Ser, Logos se refere à presença ou à auto-manifestação dos entes. Como verdade, o Logos se refere à atividade de coleta que clareia o lugar necessário para essa presença. O Logos, então, desempenha o papel dos êxtases temporais descritos em Ser e Tempo. Naquele livro, entretanto, a temporalidade foi atribuída apenas à existência humana. Por isso, Heidegger concluiu que os entes só poderiam estar presentes ou se (…)
-
Zimmerman (1990:60-62) – A era do trabalhador
18 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroEmbora, às vezes, Jünger falasse como se a era do trabalhador fosse totalmente dedicada aos meios, em outras ocasiões ele reconhecia que essa era contém seu próprio objetivo: a dominação mundial pela raça mestra dos trabalhadores. No entanto, para atingir esse objetivo, foi necessário um período de instabilidade e niilismo:
Nosso mundo técnico não é uma área de possibilidades ilimitadas; ao contrário, ele possui um caráter embrionário que leva a uma maturidade predeterminada. Assim, nosso (…) -
Zimmerman (1990:150-153) – Ontologia instrumentalista
20 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroA orientação instrumentalista de Ser e Tempo pode ser facilmente observada na seguinte afirmação: “A prontidão à mão é a maneira pela qual as entidades, como são ’em si mesmas’, são definidas ontologicamente e categorialmente.” [SZ: 71/100] Já observamos alguns problemas inerentes a essa afirmação de que as ferramentas são realmente instrumentos para uso humano. Expandindo essa atitude instrumentalista, Heidegger observou, aparentemente com aprovação, que para o camponês e o trabalhador na (…)
-
Zimmerman (2001:33-34) – Heidegger e Jünger
18 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroO mais importante desses modernistas reacionários foi Ernst Jünger. A descoberta dos seus escritos foi o terceiro factor que moldou a mudança da minha abordagem histórica e contextual ao conceito de tecnologia moderna de Heidegger. Enguanto Herf aborda brevemente quanto Heidegger é tributário de Jünger e de outros modernistas reacionários, eu analiso em pormenor essa tributação, enquanto ela se me afigura como crucial, tanto no concernente à compreensão da evolução da perspectiva de (…)
-
Zimmerman (1990:241-244) – Heidegger e a Ecologia Profunda (Deep Ecology)
20 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroA crítica de Heidegger à tendência da tecnologia moderna de tratar a Terra como uma máquina ou como matéria-prima para exploração levou algumas pessoas a interpretar seu pensamento como sendo coerente com o ambientalismo contemporâneo. Nesta seção, quero examinar brevemente até que ponto o pensamento de Heidegger pode ser “aplicado” ao movimento ambiental chamado “ecologia profunda”.
As consequências de tratar a Terra como uma máquina, ou como uma mercadoria infinitamente explorável, (…) -
Zimmerman (1990) – Movimentos modeladores das épocas
20 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroΟ entendimento de Heidegger, de que a moderna tecnologia é um meio de revelação das coisas, pode ser clarificado quando inserido no contexto da história da filosofia alemã. Do mesmo modo que Kant, Heidegger acreditava que a tarefa do filósofo era a de descobrir as condições transcendentais que tornaram viável o conhecimento e a acção humanos. Estas condições não são «coisas» em si próprias, mas antes tornam possível a nossa «experiência» objectiva das coisas. Na sua análise à tecnologia (…)
-
Zimmerman (1990) – Confrontação com a Modernidade (Introdução)
20 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroResumo desta excelente análise da questão da técnica em Heidegger, contextualizada na sua constituição de questionamento relevante a nossa época. Para Heidegger a técnica moderna tem três significados inter-relacionados: primeiro, as técnicas, dispositivos, sistemas, e processos de produção usualmente associados com o industrialismo; segundo, a visão de mundo racionalista, científica, mercantilista, utilitária, antropocêntrica, usualmente associada com a Modernidade; terceiro, o modo de (…)
-
Zimmerman (1990:57-59) – O conceito de Jünger da Gestalt do Trabalhador
18 de novembro de 2024, por Cardoso de CastroEm O Trabalhador [Der Arbeiter], Jünger definiu esse novo tipo de humanidade, que foi compelida pela Gestalt do trabalhador a produzir dispositivos tecnológicos cada vez mais poderosos a serviço da dominação planetária. O que Jünger quis dizer com Gestalt não está totalmente claro. Em termos psicológicos, significa uma forma ou um formato que é mais do que a soma dos elementos perceptivos organizados por essa forma. Jünger muitas vezes permite que a palavra seja definida negativamente, por (…)
-
Zimmerman (1982:231-233) – Ser e Dasein
30 de setembro de 2024, por Cardoso de CastroEmbora Heidegger tenha desenvolvido o conceito de Ereignis entre 1936 e 1938, as sementes dessa ideia foram plantadas em Ser e Tempo e começaram a brotar em seu ensaio de 1930, “Sobre a essência da verdade”. Aqui nos é dito que a liberdade constitui a essência da verdade ou da revelação. A liberdade não é um poder humano arbitrário.
O homem não “possui” a liberdade como uma propriedade [Eigenschaft]. Na melhor das hipóteses, o inverso se sustenta: a liberdade, ek-sistente, Da-sein (…) -
Zimmerman (1982:200-202) – niilismo
30 de setembro de 2024, por Cardoso de CastroEmbora geralmente insista que a humanidade foi destinada a se tornar o Sujeito auto-assertivo, Heidegger ocasionalmente fala como se a vontade humana tivesse desempenhado um papel na criação da era atual. No entanto, critica o humanismo que acredita que a razão capacita o homem a determinar seu próprio destino e permite que tome o lugar de Deus, não apenas como objeto de adoração (Feuerbach), mas também como fonte de valor (Marx, Nietzsche). Do ponto de vista do homem ocidental, a luta para (…)
Notas
- Zimmerman (1982:102-103) – eu e temporalidade
- Zimmerman (1982:236-237) – Mundo enquanto espelhamento mútuo
- Zimmerman (1982:237-238) – a rosa é sem porquê
- Zimmerman (1982:241) – Ereignis
- Zimmerman (1982:241-242) – Dizer [Sage]
- Zimmerman (1990) – Confrontação com a Modernidade
- Zimmerman (1990) – Heidegger, Nacional Socialismo e Técnica Moderna
- Zimmerman (1990) – Jünger e a Gestalt do Trabalhador
- Zimmerman (1990:211-212) – A concepção moderna de trabalho como função
- Zimmerman (1990:59-60) – linguagem de Jünger sobre o "trabalhador"
- Zimmerman – Ecologia Integral