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Holzwege

quarta-feira 24 de janeiro de 2024

O termo utilizado por Heidegger para designar estes "caminhos da floresta" é o mesmo que intitulará uma de suas obras mais centrais: GA5 GA5
GA5BD
GA5CL
GA5WB
Holzwege
GA 5
GA V
HW
CF2002
CB2012
CMNP
Chm
Holzwege (1935-1946) [1977]
. Um Holzweg possui uma peculiaridade própria: ele não é um caminho (Weg WEG WEG (GA9) = Wegmarken (2aed. Frankfurt: Klostermann, 1978) (Uma coletânea de "marcos de caminho", conferências e ensaios de 1919 a 1961. Originalmente publicada em 1967, mas ampliada na segunda edição.) Atualmente está traduzida em inglês como Pathmarks, org. W. McNeill (Cambridge: Cambridge University Press, 1998). ) que leva os homens para fora da floresta, mas sim um caminho que sempre termina em uma brusca interrupção de si mesmo no interior da floresta. Heidegger vale-se deste campo semântico para descrever o sentido de sua própria filosofia. Uma filosofia que não nos conduz simplesmente para fora da coisa mesma, mas que se insere cada vez mais intensamente no modo de realização desta última. Há, portanto, uma certa dubiedade na passagem. Os desvios são, por um lado, realmente negativos, uma vez que nos afastam da tarefa de considerar a metafísica a partir dela mesma; eles possuem, por outro, uma certa positividade, à medida que através deles experimentamos a necessidade de uma tal consideração. [Casanova Casanova
Marco Antonio Casanova
Marco Casanova
CASANOVA, Marco Antonio. Filósofo e tradutor para português das obras de Heidegger.
]


Para um autor que, ao conceber o rumo da sua Edição integral [VIII], a caracterizou com o lema Wege, nicht Werke (caminhos, não obras), e que, ao longo da sua produção, dedicou amplas passagens a tematização do “caminho” e do “estar a caminho” – como sentido profundo daquilo a que a tradição, interpretando o ὁδός grego, chamou método – a escolha desta palavra composta não foi, decerto, inócua. O caminhar internando-se na floresta, como o faria um lenhador, é, sem dúvida, metáfora do que os seis textos incluídos neste volume procuram dizer, pelo que, para acentuar esse vínculo, se preferiu, neste caso, uma imersão literal: Caminhos de floresta (veja-se a explicitação heideggeriana do título, pág.3 [IV]). Com isso, oculta-se, porém, um matiz, que o termo alemão evoca imediatamente: auf dem Holzweg sein significa – como em português “meter-se por atalhos” – enganar-se, enveredar por mau caminho, perder-se. A floresta não é, no seu sentido próprio, um mero arvoredo, que a mão do homem pudesse ter plantado. Não é um parque. É selva e mato, natureza em estado puro, selvagem. Os caminhos do mato, estreitos e sinuosos, mais que atravessá-lo, levam quem o tenta fazer a descobri-lo como tal, embrenhando-se no seu interior sem saída. “Perder-se” por esses caminhos ê, pois, encontrar a floresta, encontrar-se nela. [Borges-Duarte Borges-Duarte Irene Borges-Duarte GA5 GA5
GA5BD
GA5CL
GA5WB
Holzwege
GA 5
GA V
HW
CF2002
CB2012
CMNP
Chm
Holzwege (1935-1946) [1977]
]