É evidente que propor tais questões apresenta certas dificuldades. À primeira vista, elas parecem pertencer ao que se costuma chamar “filosofia” ou “metafísica”, dois termos e dois campos de investigação que, como todos sabemos, caíram em descrédito. Se isso se devesse meramente aos ataques do positivismo moderno e do neopositivismo, talvez não precisássemos nos preocupar. A afirmação de Carnap segundo a qual a metafísica deveria ser vista como poesia certamente choca-se com as pretensões (…)
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Arendt / Hannah Arendt
Johanna "Hannah" Cohn Arendt (1906-1975)
Condição Humana e Vida do Espírito, índice de excertos
ARENDT, H. The Life of the Mind: the Groundbreaking Investigation on How We Think. Boston: Houghton Mifflin Harcourt, 1981. [LM]
ARENDT, Hannah. A Vida do Espírito. Tr. Antônio Abranches e Cesar Augusto R. de Almeida e Helena Martins. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2000
ARENDT, H. Between past and future. New York: Penguin Books, 2014 [BPF] / ARENDT, Hannah. Entre o Passado e o Futuro. Tr. Mauro W. Barbosa. São Paulo: Perspectiva, 1992/2016
ARENDT, H. The Jewish writings. New York: Schocken Books, 2013 [JW]
ARENDT, Hannah. Crises of the Republic. New York: Harcourt, Brace & Co., 1972 [CR]
ARENDT, Hannah. Da Violência. Tr. Maria Claudia Drummond.
ARENDT, Hannah. Lições sobre a filosofia política de Kant . Tr. André Duarte de Macedo. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1993 [LFPK]
ARENDT, Hannah. Liberdade para ser livre. Tr. Pedro Duarte. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2018, p. 13-16.
ARENDT, Hannah. The Freedom to Be Free. New York: Vintage Books, 2018.
Matérias
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Arendt (LM): mundo das aparências
25 de janeiro de 2024, por Cardoso de Castro -
Arendt (CH:§11) – produção
5 de fevereiro de 2022, por Cardoso de CastroRoberto Raposo
À primeira vista, porém, é surpreendente que a era moderna – tendo invertido todas as tradições, tanto a posição tradicional da ação e da contemplação como a tradicional hierarquia dentro da vita activa, com sua glorificação do trabalho como fonte de todos os valores e sua elevação do animal laborans à posição tradicionalmente ocupada pelo animal rationale – não tenha engendrado uma única teoria que distinguisse claramente entre o animal laborans e o homo faber, entre “o (…) -
Arendt (LM): aparências
25 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroVisto a partir daí, o modo ativo de vida é “laborioso”, o modo contemplativo é pura quietude; o modo de vida ativo dá-se em público, o contemplativo, no “deserto”; o modo ativo é devotado às “necessidades do próximo”, o modo contemplativo, à “visão de Deus”. (Duae sunt vitae, activa et contemplativa. Activa est in labore, contemplativa in requie. Activa in publico, contemplativa in deserto. Activa in necessitate proximi, contemplativa in visioni Dei.) Citei um autor medieval [Hugo de São (…)
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Arendt (LM:26-30) – o valor da superfície
13 de março de 2020, por Cardoso de CastroAbranches, Almeida & Martins
O mundo cotidiano do senso comum, do qual não se podem furtar nem o filósofo nem o cientista, conhece tanto o erro quanto a ilusão. E, no entanto, nem a eliminação de erros, nem a dissipação de ilusões pode levar a uma região que esteja além da aparência. “Pois quando se dissipa uma ilusão, quando se rompe subitamente uma aparência, é sempre em proveito de uma nova aparência que retoma, por sua própria conta, a função ontológica da primeira… A des-ilusão é (…) -
Arendt (RJ:143-145) – regras de comportamento
21 de julho de 2020, por Cardoso de CastroRosaura Eichenberg
Quando voltamos a pensar nos padrões e regras objetivos de comportamento segundo os quais agimos na vida cotidiana, sem pensar muito e sem julgar muito no sentido de Kant, isto é, quando de fato subordinamos os casos particulares às regras gerais sem jamais questioná-las, surge a questão de saber se não há realmente nada a que se agarrar quando somos solicitados a decidir que isto é certo e isto é errado, assim como decidimos que isto é belo e isto é feio. E a resposta a (…) -
Arendt (LM): consciência
25 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroFoi essa ausência de pensamento — uma experiência tão comum em nossa vida cotidiana, em que dificilmente temos tempo e muito menos desejo de parar e pensar — que despertou meu interesse. Será o fazer-o-mal (pecados por ação e omissão) possível não apenas na ausência de “motivos torpes” (como a lei os denomina), mas de quaisquer outros motivos, na ausência de qualquer estímulo particular ao interesse ou à volição? Será que a maldade — como quer que se defina esse estar “determinado a ser (…)
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Arendt (LM:3-5) – banalidade do mal
20 de fevereiro de 2018, por Cardoso de CastroAbranches & Almeida
Minha preocupação com as atividades espirituais tem origem em duas fontes bastante distintas. O impulso imediato derivou do fato de eu ter assistido ao julgamento de Eichmann em Jerusalém. Em meu relato , mencionei a “banalidade do mal”. Por trás desta expressão não procurei sustentar nenhuma tese ou doutrina, muito embora estivesse vagamente consciente de que ela se opunha à nossa tradição de pensamento — literário, teológico ou filosófico — sobre o fenômeno do (…) -
Arendt (LM): querer
25 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroPensar, QUERER e julgar são as três atividades espirituais básicas. Não podem ser derivadas umas das outras e, embora tenham certas características comuns, não podem ser reduzidas a um denominador comum. Para a pergunta “O que nos faz pensar?” não há, em última instância, outra resposta senão a que Kant chamava de “a necessidade da razão”, o impulso interno dessa faculdade para se realizar na especulação. Algo semelhante pode ser dito da vontade, que não pode ser movida nem pela razão nem (…)
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Arendt (LM): morte
25 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroO que chegou a um fim foi a distinção básica entre o sensorial e o suprassensorial, juntamente com a noção pelo menos tão antiga quanto Parmênides de que o que quer que não seja dado aos sentidos — Deus, ou o Ser, ou os Primeiros Princípios e Causas (archai), ou as Ideias — é mais real, mais verdadeiro, mais significativo do que aquilo que aparece, que está não apenas além da percepção sensorial, mas acima do mundo dos sentidos. O que está “morto” não é apenas a localização de tais “verdades (…)
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Arendt (LM): mal
25 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroDe fato, minha preocupação com as atividades espirituais tem origem em duas fontes bastante distintas. O impulso imediato derivou de eu ter assistido ao julgamento de Eichmann em Jerusalém. Em meu relato, [Eichmann in Jerusalem, Nova York, 1963.] mencionei a “banalidade do MAL”. Por trás desta expressão não procurei sustentar nenhuma tese ou doutrina, muito embora estivesse vagamente consciente de que ela se opunha à nossa tradição de pensamento — literário, teológico ou filosófico — sobre o (…)
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Arendt (LM2:17-18) – onde estamos quando pensamos?
1º de janeiro de 2020, por Cardoso de CastroJoão Duarte
Concluí o primeiro volume de A vida do Espírito com certas especulações sobre o tempo. Isso era uma tentativa para clarificar uma questão muito antiga, levantada pela primeira vez por Platão, mas nunca respondida por ele: onde é o topos noetos, a região do espírito em que o filósofo habita? Reformulei esta pergunta no decurso da investigação para a seguinte: Onde estamos quando pensamos? Para onde nos afastamos quando nos alheamos do mundo das aparências, cessamos todas as (…) -
Jonas (Arendt:89-91) – natalidade e mortalidade
16 de maio de 2024, por Cardoso de Castrodestaque
O nascimento (Gebürtlichkeit) é, juntamente com a morte (Sterblichkeit), a categoria que define a existência humana para Hannah Arendt ou, em suas palavras, a "natalidade" (Natalität) que contrabalança a "mortalidade" (Mortalität). Sejamos claros. Com "natalidade", Hannah Arendt não está apenas cunhando uma nova palavra, ela está, na verdade, introduzindo uma nova categoria na doutrina filosófica do homem. Até agora, a morte tem estado no centro da reflexão, e a meditatio mortis, (…) -
Arendt (LM): intelecto
25 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroA distinção que Kant faz entre Vernunft e Verstand, “razão” e “INTELECTO” (e não “entendimento”, o que me parece uma tradução equivocada; Kant usava o alemão Verstand para traduzir o latim intellectus, e, embora Verstand seja o substantivo de verstehen, o “entendimento” das traduções usuais não tem nenhuma das conotações inerentes ao alemão das Verstehen) é crucial para nossa empreitada. Kant traçou essa distinção entre as duas faculdades espirituais após haver descoberto o “escândalo da (…)
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Arendt (LM:10-11) – sensorial e o supra-sensorial
15 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroAbranches, Almeida e Martins
Antes, portanto, de começarmos aespecular sobre as possíveis vantagens de nossa atual situação, seria prudente refletir sobre o que realmente queremos dizer quando observamos que a teologia, a filosofia e a metafísica chegaram a um fim. Certamente não é que Deus esteja morto, algo sobre o qual o nosso conhecimento é tão pequeno quanto o que temos sobre a própria existência de Deus (tão pequeno, de fato, que mesmo a palavra “existência” está mal empregada); mas (…) -
Arendt (CH:§6) – estatística
15 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroRoberto Raposo
As leis da estatística são válidas somente quando se lida com grandes números e longos períodos de tempo, e os atos ou eventos só podem aparecer estatisticamente como desvios ou flutuações. A justificativa da estatística é a de que os feitos e eventos são ocorrências raras na vida cotidiana e na história. Contudo, o pleno significado das relações cotidianas revela-se não na vida do dia-a-dia, mas em feitos raros, tal como a importância de um período histórico é percebida (…) -
Arendt (LM): corpo
25 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroO vislumbre de Nietzsche de que “a eliminação do suprassensível elimina também o meramente sensível, e, portanto, a diferença entre eles” (Heidegger) [“Nietzsches Wort ‘Gott ist tot’”, in Holzwege, Frankfurt, 1962, p. 193] é tão óbvia que desafia qualquer tentativa de datá-la historicamente; qualquer pensamento que se construa em termos de dois mundos já implica que esses dois mundos estejam inseparavelmente ligados entre si. Assim, todos os modernos e elaborados argumentos contra o (…)
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Arendt (CR:10-12) – os problem-solvers
14 de outubro de 2021, por Cardoso de Castrodestaque
Os "problem-solvers" foram caracterizados como homens de grande autoconfiança, que "raramente parecem duvidar de sua capacidade de fazer prevalecer", e trabalharam junto com os militares dos quais "a história mostra que eram ’homens acostumados a vencer.’” [Documentos do Pentágono] Não devemos esquecer que devemos ao esforço dos problem-solvers de auto-exame imparcial, raro entre estas pessoas, que as tentativas dos atores de esconder seu papel atrás de uma tela de sigilo (…) -
Arendt (LM): ego
25 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroO grande obstáculo que a razão (Vernunft) põe em seu próprio caminho origina-se no intelecto (Verstand) e nos critérios, de resto inteiramente justificados, que ele estabeleceu para seus propósitos, ou seja, para saciar nossa sede e fazer face à nossa necessidade de conhecimento e de cognição. O motivo por que nem Kant nem seus sucessores prestaram muita atenção ao pensamento como uma atividade e ainda menos às experiências do EGO pensante é que, apesar de todas as distinções, eles estavam (…)
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Arendt (LM:182-187) o conceito de Eu em Heidegger
2 de maio de 2017, por Cardoso de CastroHelena Martins
Finalmente, há o conceito de Eu, e é este o conceito cuja mudança na "reviravolta" é a mais inesperada e também a que tem maiores consequências. Em Ser e Tempo, o termo "Eu" é "a resposta para a questão Quem [é o homem] ?", em oposição à questão "O que ele é "; o Eu é o termo para a existência do homem em oposição a qualquer qualidade que ele possa ter. Essa existência, o "autêntico ser um Eu", é extraída polemicamente do "Eles". ("Mit dem Ausdruck ’Selbst’ antworten wir auf (…) -
Arendt (CH:§20) – automação
15 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroRoberto Raposo
Como tão frequentemente ocorre com os desdobramentos históricos, parece que as verdadeiras implicações da tecnologia, isto é, da substituição de ferramentas e utensílios pela maquinaria, só vieram à luz em seu derradeiro estágio, com o advento da automação. Para nossos propósitos talvez seja útil lembrar, mesmo brevemente, os principais estágios do desenvolvimento da moderna tecnologia desde o início da era moderna. O primeiro estágio, a invenção da máquina a vapor, que (…)
Notas
- Arendt (RJ:125-127) – "há que haver escândalos…"
- Arendt (RJ:162) – supra-sensual
- Arendt (RJ:162-164) – conhecer e pensar
- Arendt (RJ:165) – objeto do pensar
- Arendt (RJ:166-168) – conexão pensar e moralidade
- Arendt (RJ:19-21) – o medo de julgar
- Arendt (RJ:22-23) – a conduta moral é algo natural?
- Arendt (T:III.12.3) – “mal radical”
- Arendt (T:III.2.1) – propaganda totalitária
- Arendt (T:III.4) – isolamento e solidão
- Mattéi (1989:157-158) – O mundo é sempre a pátria dos homens [Arendt]
- Mattéi (1989:158-159) – Os Divinos
- Mattéi (1989:159-160) – vita activa em Arendt