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was ist der Mensch
quarta-feira 24 de janeiro de 2024
Quando se põe aquela questão das três perguntas fundamentais [Grundfrage] de Kant : “o que posso saber?” [was kann ich wissen?] “o que devo fazer?” [was soll ich tun?] “o que me é permitido esperar?” [was darf ich hoffen?], quando essas três perguntas são remetidas por Kant à solução de uma quarta, “que é o homem?”, temos de perceber que as três perguntas são feitas no âmbito transcendental, portanto, no âmbito da solução das ciências da natureza [Naturwissenschaft], da solução das questões da ética [Ethik] e das soluções das ideias regulativas transcendentais [Transzendenz]. Ora, se a solução para essas três perguntas transcendentais depende da pergunta que é o homem?, esta só pode ter um caráter transcendental. Então, que é o homem? não deveria permitir aos neokantianos fazerem, de um lado, uma problematização puramente epistemológica da proposta de Kant e, também, não poderia permitir a outros, sobretudo neokantianos também, buscarem uma solução antropológica. Porque nem a solução epistemológica, nem a antropológica, são soluções transcendentais daquele problema que nos levaria para fora da antinomia cartesianismo/empirismo. E, justamente, a leitura de Heidegger vai ser nessa direção: que é o homem? é uma pergunta transcendental que já tem esse sentido em Kant . Kant não quer saber do homem enquanto objeto da antropologia [Anthropologie], ele quer saber do homem enquanto o homem é a base do método [Methode]. É uma pergunta essencialmente metodológica. Assim, a pergunta que é o homem? é uma pergunta que é uma construção kantiana em função da solução do problema do conhecimento [Kenntnis], ou melhor, da antinomia fundamental do problema do conhecimento, racionalidade [Rationalität] e empirismo [Empirismus], cartesianismo [Kartesianismus] versus empirismo.
Se olharmos a coisa assim, veremos que a pergunta que é o homem? de Kant é que vai facultar a construção de uma expressão em Heidegger como a palavra Dasein. O Dasein, portanto, não remete nem a um sujeito transcendental [transzendentale Subjektivität], nem a um sujeito empírico. O Dasein é construído de uma maneira que se fuja de uma espécie de antinomia que sobra em Kant ainda, que é o eu [Ich] transcendental e o eu empírico. O eu transcendental e o eu empírico devem receber, em Kant , elemento que produza a unidade dos dois - e esse elemento é o esquematismo [Schematismus], quer dizer, é a imaginação [Vorstellung], é o tempo [Zeit]. Então, o Dasein é propriamente aquilo que Heidegger põe entre o eu transcendental e o eu empírico, no sentido comumente aceito. [ESVerdade:36]