[…] Levinas retoma a ideia platônica de um tempo perdido que nunca será encontrado enquanto tal, e que só ele nos envia e nos destina, só ele nos dá o ser por vir. Este imemorial do envio, onde o que nos envia nos precede, é uma perda que funda o dom. Este esquecimento antes do esquecimento é profundamente diferente do esquecimento de si mesmo tal como Heidegger o medita, embora este último tenha também um carácter inicial. Tanto em Ser e Tempo como na sua conferência sobre os Problemas (…)
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vergessen / Vergessenheit / Vergesslichkeit / Vergessung
vergessen / oublier / esquecer / forget / Vergessenheit / oubli / esquecimento / forgottenness / olvidar / forgetting / forgetfulness / olvido / Vergesslichkeit
Esse encobrimento mostra uma irradiação toda própria. Para o evento de um tal encobrimento temos apenas a palavra “esquecimento”, a qual diz realmente aquilo no que o esquecido afunda – como a ocorrência que exclui o homem do esquecido. Em geral concebemos a ação de esquecer como o comportamento de um “sujeito”: nós o compreendemos como quem não retém a coisa e falamos então de “esquecimento” como aquilo pelo que algo nos “escapa” quando, por causa de uma coisa, esquecemos a outra. A tendência de esquecer, aqui, significa pouca capacidade de atenção. Ao lado disso, existe o esquecimento, que explicamos como consequência de “distúrbios de memória”. A psicopatologia chama isso de “amnésia”. Mas a palavra “esquecimento” é por demais fraca para nomear o esquecimento que pode atingir o homem; pois esquecimento é somente a inclinação para a distração. Se acontece que esquecemos o que é essencial e o deixamos de lado, o perdemos e o riscamos de nossa mente, então não podemos mais falar de “esquecimento” [Vergesslichkeit] mas de “obliteração” [Vergessenheit]. [GA54 ]
Um nome mais apropriado para o evento da obliteração é a palavra obsoleta Vergessung: algo cai na obliteração. Na maioria das vezes andamos tão apressados que deveríamos parar para perguntar que relação “a obliteração” tem com esquecimento. Seria a obliteração “algo” que sucede e sobrevêm, somente em consequência do fato de um número de homens não mais pensar neste “algo”? O fato de os homens não mais pensarem nisso já não seria somente a consequência de que os próprios homens foram golpeados por uma obliteração e, por isso, não podem mais saber nem o que eles possuem nem o que eles perdem? O que é, então, a obliteração? Não é nenhuma mera produção humana nem, simplesmente, uma negligência humana. [GA54 ]
LÉXICO DE FILOSOFIA