A segunda parte da aula O que chamamos pensar? [GA8] — que pode aqui ser considerada como texto de referência — segue um movimento de conjunto especialmente revelador. Desde a primeira aula, estamos confrontados com a «clivagem»: apresentando os múltiplos sentidos da sua interrogação, Heidegger distingue logo entre a determinação do pensamento que tem, desde sempre, força de lei («como é que aquilo que é aqui nomeado pensamento está circunscrito na doutrina tradicional do pensamento?») e a (…)
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Zarader / Marlène Zarader
Marlène Zarader (1949)
ZARADER, Marlène. Heidegger et les paroles de l’origine. Paris: Vrin, 1990. [MZHPO]
ZARADER, Marlène. Lire Être et temps de Heidegger. Paris: Vrin, 2012 [MZET]
ZARADER, Marlène. L’être et le neutre: à partir de Maurice Blanchot . Lagrasse: Éd. Verdier, 2001
ZARADER, Marlène. A Dívida Impensada. Heidegger e a Herança Hebraica. Lisboa: Instituto Piaget, 2000
Matérias
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Zarader (2000:86-88) – o pensamento
30 de outubro de 2024, por Cardoso de Castro -
Zarader (2000:195-197) – kairos
30 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroVoltemos então as duas aulas [GA60] de Fribourg sobre as quais detemos informações suficientemente conscientes. Quais são os conceitos do Novo Testamento que interessam então Heidegger, e no que se torna esse interesse na obra posterior?
A maior parte da aula de 1920 é consagrada a meditar duas epístolas de São Paulo: a Primeira aos Tessalónicos e a Segunda aos Coríntios. Da primeira (cujos capítulos 4, 13-18 e 5, 1-11 comenta), Heidegger retém essencialmente o conceito de kairos. (…) -
Zarader (2000:221-223) – pensamento e linguagem
30 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroNo caso do pensamento, a situação inverte-se. De facto, Heidegger parte bem, num primeiro tempo, do pensamento (visto metafisicamente como lógico) ao logos inicial; e desvia-se de facto, num segundo tempo (nem que fosse apresentado como provisório) da meditação do logos para se deixar conduzir no sítio original do [221] pensamento através do Gedanc alemão. Mas a relação entre aquilo que é dito no Gedanc e aquilo que está reservado no logos permanece indecidido: Heidegger não afirma em parte (…)
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Zarader (2001:13-16) – horizonte e mundo
17 de janeiro de 2024, por Cardoso de Castrodestaque
[…] Viver é viver num mundo, numa linguagem, num sentido. Quer este sentido seja ou não tematizado, quer este mundo seja ou não objeto de uma apreensão explícita, ambos estão sempre pressupostos em cada objetivo de conhecimento, implícitos em cada palavra — em suma, estão sempre presentes ao mesmo tempo que o ato de existir. O filósofo pode interrogar-se sobre a origem do sentido ou sobre as condições de constituição do mundo, mas tudo o que está a fazer é olhar reflexivamente (…) -
Zarader (2001:93-100) – o horizonte do mundo
17 de janeiro de 2024, por Cardoso de Castrodestaque
O que é, então, o horizonte, e porque é impossível passar sem ele? Husserl propõe uma resposta dupla que, em Ideias, pode parecer uma e a mesma, mas que se tornará dupla no resto da obra. No primeiro sentido, o horizonte é pensado como o fundo de toda a experiência: o objeto da consciência implícita ou potencial, pertence de fato à vida intencional, mas de um modo inatual. Quer se trate da experiência da coisa ou da experiência do eu, "toda a atualidade implica as suas próprias (…) -
Zarader (2000:58-61) – a linguagem
30 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroVou limitar-me a sublinhar três pontos que me parecem ser os mais significativos.
1) O primeiro é a especificidade desta essência original em relação a todas as concepções da linguagem que nos são familiares. Tudo se passa como se Heidegger, regressava neste ponto, aquém de uma das conquistas mais decisivas do pensamento ocidental: a teoria do significado, que pensa simultaneamente na separação e no laço entre a palavra enquanto signo e aquilo que significa. Teoria verdadeiramente (…) -
Zarader (2000:175-177) – "ser" em Levinas
30 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroOra é precisamente Heidegger que Lévinas coloca o mais longe possível do seu próprio pensamento e dos ensinamentos bíblicos. [175] A leitura que propõe é singular. Bem longe de distinguir entre a tradição ontológica e a crítica radical que Heidegger apresenta, ele considera pelo contrário a sua obra como o local onde se junta e agrava toda esta tradição. Heidegger «não destrói, ele resume toda uma corrente da filosofia ocidental», mas mesmo assim é insuficiente, e lemos algumas páginas mais (…)
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Zarader (2000:129-131) – Erklärung - Erläuterung - Erörterung
29 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroPrimeiro a definição. É balizada por três vocábulos chave, que só encontram a sua ressonância no alemão: die (a explicação), die (a elucidação ou o esclarecimento), die (a situação).
A explicação é o modo de pensamento dominado pelo princípio da razão, modo de pensamento que encontra o seu pleno desenvolvimento na ciência moderna, mas que já reina secretamente na metafísica. Na medida em que está como onto-teo-logia, funde o sendo no seu ser, e o ser num sendo supremo, é toda a procura (…) -
Zarader (2000:131-134) – Erörterung
30 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroO Erörterung apresenta várias características paralelas às do Ort. Já notámos na anterioridade do local, em relação a tudo aquilo que concede: o local e a origem, o aquilo a partir de onde. De facto, o primeiro traço da situação, será que ela se orienta para a condição de possibilidade. Essa linguagem — marcada pelo léxico do transcendental — é o do Princípio da Razão. Apresentando «o princípio», Heidegger escreve: «Devemos considerá-lo a bem dizer, no sentido oposto: não no sentido das suas (…)
Notas
- Zarader (2000:164-165) – Nada, o Outro de todo o sendo
- Zarader (2000:167-168) – esquecimento do ser [Seinsvergessenheit]
- Zarader (2000:200-201) – Wesen
- Zarader (2000:201-202) – kairos
- Zarader (2000:221) – Wahrnis
- Zarader (2000:224-225) – espírito [Geist]
- Zarader (2000:90-91) – o pensamento
- Zarader (2001:16-18) – onde a filosofia se fecha…