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Spiel / spielen / Spielraum / Zuspiel
Spiel / jogo / juego / jeu / game / Spielraum / leeway / Zuspiel / conexão de jogo / sugerencia / playing-forth
O correlato alemão do termo “jogo" é a palavra Spiel. Essa palavra possui um campo semântico muito mais amplo do que o campo semântico do termo “jogo” em português. Em verdade, os alemães utilizam a palavra Spiel para designar tanto o que denominamos jogo, quanto o que compreendemos simplesmente por brincadeira. Além disso, Spiel também se refere a algumas atividades em que a atividade lúdica se acha presente. Assim, o ato de tocar um instrumento musical [Klavier spielen] e mesmo uma peça teatral [Theaterspiel] se mostram como modos específicos de “jogar". No presente contexto, o termo “jogo” é a tradução já sedimentada para Spiel e nós optamos por ela. No entanto, para acompanhar as nuanças do texto, nos vimos obrigados em algumas passagens a inserir o termo "brincadeira" para não produzir frases sem sentido. [Casanova , nota de tradução de GA27MAC:329]
Matérias
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Zimmerman (1982:203-204) – o jogo cósmico de revelação/velação
30 de setembro de 2024, por Cardoso de Castro
Pelo fato de o jogo cósmico de revelação/velação ter se tornado cada vez mais oculto para a humanidade, houve diferenças importantes nos mundos antigo, medieval e moderno. Heidegger está dizendo em sua linguagem ontológica o que outras pessoas vêm dizendo há muito tempo: o homem moderno tornou-se arrogante e egocêntrico; portanto, se esqueceu de que tem certas obrigações para com o universo que lhe deu origem. Para Platão, “Ser” significava presença permanente: ideia, eidos, o reino imutável (…)
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Fink (1966b:237-239) – Mas será que há alguém que joga?
11 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castro
destaque
Mas será que há alguém que joga? A metáfora do jogo recusa-se a servir-nos como metáfora cósmica, a menos que abandonemos a nossa crença na personalidade de um jogador e no caráter de aparência da cena do mundo lúdico. Só podemos falar de um jogo do mundo numa "equação" que foi decisivamente alterada e que, por isso, está quebrada. O jogo do mundo não é o jogo de ninguém, porque é só nele que há pessoas, homens e deuses; e o mundo lúdico do jogo do mundo não é uma "aparência", mas (…)
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Zimmerman (1982:238-240) – jogo cósmico
30 de setembro de 2024, por Cardoso de Castro
Mais uma vez, Heidegger recorre a Heráclito para dizer que o jogo cósmico (logos, Ereignis) inclui o tempo-mundo que torna possível a temporalidade humana. Ele explica:
Heráclito nomeia aquilo que se dirige a ele como logos, como a mesmidade do Ser e do fundamento: aeon. A palavra é difícil de traduzir. Diz-se: tempo-mundo. É o mundo que mundifica e temporaliza. Pois, como cosmos, ele traz a estruturação do Ser a um brilho clarificador. De acordo com o que é dito nas palavras logos, (…)
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Fink (1966b:228-230) – O homem sempre escolhe a si próprio
11 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castro
destaque
[…] O homem realiza-se escolhendo-se a si próprio de muitas maneiras diferentes ao longo da sua vida: sempre que escolhe, acaba por escolher apenas a si próprio. Nas decisões da sua liberdade, ele determina a sua individualidade. Ignoramos aqui o fato de a ação da liberdade humana pressupor uma base que não pode ser escolhida, que é, por assim dizer, irrigada pela herança que nos foi legada pela natureza e que temos de aceitar. De fato, não podemos entrar em disputa com a natureza (…)
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Depraz (1994:17-20) – Eugen Fink
11 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castro
destaque
Fink refletiu principalmente sobre a questão da origem do mundo, que lhe parecia ser a questão fenomenológica fundamental. Embora a sua interrogação ontológica estivesse inicialmente na linha da de Heidegger, Fink desenvolveu uma abordagem original: o seu objetivo mais radical era redescobrir o mundo na sua imediatez original, relativizando assim a questão do ser em relação à do mundo. A abordagem de Heidegger, pelo contrário, que tematiza o esquecimento do ser na metafísica, (…)
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Stakland (2024) – jogo "no" mundo
18 de novembro de 2024, por Cardoso de Castro
Os assuntos sérios da vida são uma chatice. Somos arrastados para a frente, impelidos para o futuro em um esforço incansável em busca da felicidade. Vale a pena considerar aqui a metáfora que Fink usa em seu ensaio programático “Oasis of Happiness” (Oásis da Felicidade) para enquadrar nossa compreensão do jogo no mundo. A seriedade da vida e nosso movimento incansável de uma tarefa para outra, tentando garantir uma existência próspera para nós mesmos, é comparada à jornada por um deserto e (…)
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Fink (1966b:232-234) – uma metáfora cósmica para compreensão do mundo?
11 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castro
destaque
Como é que o mundo pode se mostrar numa coisa? É claro que temos de nos ater à impossibilidade de comparar o mundo e a coisa e, sobretudo, temos de evitar pensar no mundo como algo gigantesco e de enorme poder, algo que seria como a montanha em relação às suas rochas ou o mar em relação às gotas de água. A rocha inclui também a natureza rochosa de toda a montanha; a gota, a natureza aquática de todo o mar. A coisa finita não é uma partícula do mundo que está na mesma relação com o (…)
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Gadamer (VM:176-179) – o jogo
22 de fevereiro de 2021, por Cardoso de Castro
[GADAMER, Hans-Georg. Verdade e Método I. Tr. Flávio Paulo Meurer. Petrópolis: Vozes, 1999, p. 176-179]
[GADAMER, Hans-Georg. Vérité et Méthode. Tr. Pierre Fruchon, Jean Grondin et Gilbert Merlio. Paris: Seuil, 1996, p. 121-123]
Meurer (com ajustes)
Se considerarmos o uso da palavra jogo, dando preferência ao chamado significado figurado, resultará o seguinte: falamos do jogo das luzes, do jogo das ondas, do jogo da peça da máquina no rolamento, do jogo entrosado dos membros, do jogo (…)
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Gadamer (GW10:325-327) – não fazemos, tudo sucede
25 de junho de 2023, por Cardoso de Castro
El «derecho» es, en el fondo, el gran ordenamiento creado por los hombres que nos pone límites, pero también nos permite superar la discordia y, cuando no nos entendemos, nos malinterpretamos o incluso maltratamos, nos permite reordenar todo de nuevo e insertarlo en una realidad común. Nosotros no «hacemos» todo esto, sino que todo esto nos sucede.
Faustino Oncina
Apenas cabe esperar que hoy consiga expresarme clara y brevemente acerca de los fundamentos de esta verdad. Pretender (…)
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Zimmerman (1982:200-202) – niilismo
30 de setembro de 2024, por Cardoso de Castro
Embora geralmente insista que a humanidade foi destinada a se tornar o Sujeito auto-assertivo, Heidegger ocasionalmente fala como se a vontade humana tivesse desempenhado um papel na criação da era atual. No entanto, critica o humanismo que acredita que a razão capacita o homem a determinar seu próprio destino e permite que tome o lugar de Deus, não apenas como objeto de adoração (Feuerbach), mas também como fonte de valor (Marx, Nietzsche). Do ponto de vista do homem ocidental, a luta para (…)