Mas esse duplo desdobramento do ser e do ente como sobrevir descobridor e surgir encobridor, esse movimento da diferença que é a própria diferença em movimento, a diferenciação dos dois, tem, a partir de então, a consequência de que não é apenas o ser que, como uma passagem "em direção" ao ente, é pensado como um evento; é o ente que é compreendido e determinado segundo o gesto do diferenciar-se do ser. Não é apenas o ser, então, mas o próprio ente que, pensado a partir da "mobilidade" mais (…)
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Claude Romano
CLAUDE ROMANO (Paris IV)
Matérias
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Romano (1999:25-28) – Ereignis
17 de setembro de 2024, por Cardoso de Castro -
Romano (1999:63-69) – Impossibildade de datação do evento
26 de outubro, por Cardoso de Castro#### As Diferenças Fenomenológicas entre o Fato Intramundano e o Evento no Sentido Eventual
* Diferença 1: O Substrato de Atribuição Ôntica * O fato intramundano que aparece desprovido de todo substrato de atribuição ôntica unívoca. * O evento que é sempre suscetível de uma atribuição determinada, sobrevivendo a mim mesmo, a ti mesmo, e nunca chegando sem mais. * Diferença 2: O Horizonte do Mundo e a Reconfiguração do Contexto * O fato intramundano, desprovido de todo substrato (…) -
Romano (2018) – Ser si mesmo
26 de outubro, por Cardoso de Castro#### A Trajetória de Ulisses: Do Anônimo à Existência em Pessoa
* A Condição Inicial de Ulisses no Retorno * O herói que erra, em presa às angústias e aos lamentos, sobre a mar inumerável que apaga toda lembrança. * O último (ou quase) entre os grandes guerreiros da Ilíada a não ter perdido a vida sob os muros de Ilion ou durante seu retorno à pátria. * A cessação de ser o herói glorioso cuja astúcia e sagacidade permitiram aos Aqueus vencerem. * O estar entregue aos (…) -
Romano (1999:56-63) – Causalidade e origem
26 de outubro, por Cardoso de Castro#### A Explicação Causal de Todo Fato Intramundano
* A suscetibilidade de todo fato intramundano, que se anuncia sob o horizonte do mundo, a uma explicação causal. * A ação que possui uma finalidade remetendo à totalidade dos fins efetivos ou possíveis de um indivíduo dado. * O evento que sobrevém e deve ter necessariamente suas causas, que remetem a outras causas encadeadas em um contexto significante. * O questionamento não pertinente de uma causa primeira, de uma arkhe, de um (…) -
Romano (1999:35-40) – o evento enquanto fato intramundano
25 de outubro, por Cardoso de Castro* A questão fundamental de uma fenomenologia do evento, que toma o aparecer mesmo como fonte de todo direito, sobre o modo como o evento se mostra a partir de si mesmo. * O questionamento sobre o que, no evento, é propriamente fenômeno e se sua fenomenalidade se declina segundo um modo único ou múltiplos modos. * A tarefa de pôr em luz as maneiras diversificadas segundo as quais, cada vez, o evento se declara.
* A dificuldade de apreensão fenomenológica do que pode receber (…) -
Romano (1999:40-46) – o fato intramundano e o evento no sentido "evenemencial"
26 de outubro, por Cardoso de Castro* O aprofundamento do primeiro traço fenomênico do evento: a incapacidade de atribuição de seu suporte ôntico e a questão de sua determinação universal. * O reconhecimento do caráter preliminar, ingênuo e unilateral das análises anteriores sobre a incapacidade de atribuição ôntica. * A delimitação desta característica aos "fatos intramundanos", como o relâmpago ou a chegada do trem, que "não sobrevêm propriamente a ninguém, ou antes, a ninguém em particular". * A (…)
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Romano (1999:19-21) – diferença ontológica
17 de setembro de 2024, por Cardoso de CastroFoi Levinas quem primeiro chamou a atenção para o que ele considera ser a principal inovação de Sein und Zeit, o fato de que o ser recebe um significado verbal e transitivo, o de uma maneira de ser ou um modo de ser: "Penso", escreve ele, "que a nova ’emoção’ filosófica trazida pela filosofia de Heidegger consiste em distinguir entre ser e ente, e em transportar para o ser a relação, o movimento, a eficácia que até então residia no existente. O existencialismo [com o qual Levinas quer dizer (…)
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Romano (2018) – Uma arqueologia da autenticidade
26 de outubro, por Cardoso de Castro* A constatação de uma revolução nas mentalidades e modos de vida desde o final da Segunda Guerra Mundial, levando ao aparecimento de um novo tipo de relação consigo caracterizado pela aspiração a dar à sua vida uma forma que reflita as suas próprias particularidades individuais. * A democratização desta aspiração, outrora apanágio de uma elite, que se tornou um fenômeno de massa a partir do final dos anos 1960. * A designação desta aspiração como "autenticidade pessoal", (…)
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Romano (1999:21-23) – existência
2 de março de 2024, por Cardoso de Castrodestaque
Mas o que significa propriamente "existir" para o Dasein, se a existência já não é o que permite responder à pergunta: an sit? por oposição à pergunta sobre a essência: quid sit? se já não é o quodditas por oposição ao quidditas? O existir é uma maneira de ser de um ente, o Dasein, cuja própria natureza é ser transitivamente o seu ser em o existindo em primeira pessoa. Compreender o ser, para um tal ente, é relacionar-se ao ser como seu, em outras palavras, ser si mesmo em jogo em (…) -
Romano (1999:46-56) – problema fenomenológico do "mundo"
26 de outubro, por Cardoso de Castro* A conclusão de que um evento, como o "clarão" do relâmpago, só pode ser compreendido como um fenômeno particular dentro de um mundo do qual é indissociável. * A descrição do contexto atmosférico do relâmpago: "em plena noite, à beira-mar, eu reconheço o clarão do relâmpago, e distingo-o do clarão fugaz de um farol perfurando subitamente as trevas", precedido pela "secura e calor elétrico" e seguido pelo "estrondo do trovão". * A afirmação de que estes fenômenos concomitantes (…)
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Romano (1999:69-77) – Tarefa de uma hermenêutica "eventual"
26 de outubro, por Cardoso de Castro#### A Hermenêutica Eventual: Princípios e Desdobramentos
* As Quatro Determinações Fundamentais do Evento * A atribuição unívoca que implica o próprio eu na ipseidade de todo evento. * "em todo evento, eu estou em jogo eu mesmo em minha ipseidade". * O caráter instaurador-de-mundo para o adventício. * Sua an-arquia constitutiva que, sendo inexplicável, faz não obstante sentido na aventura humana. * A impossibilidade de toda datação, segundo a qual o evento não (…) -
Greisch (2001) – A memória contra as lembranças? (C. Romano)
4 de novembro, por Cardoso de CastroAntes de voltar-me para o fenômeno (e o problema) do esquecimento, convém expor a análise dos fenômenos memoriais que Ricœur nos propõe a uma iluminação externa, levantando a seguinte questão: o que ocorre se se amputar a fenomenologia da memória de sua dimensão objetal, icônica e representacional? A esse respeito, uma comparação entre as teses de Ricœur e aquelas que Claude Romano desenvolve no quadro de sua «hermenêutica événemential» parece-me tão frutífera quanto a confrontação entre o (…)
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Romano (1999:156-158) – o luto
21 de setembro de 2024, por Cardoso de CastroO luto é a experiência absoluta da separação, não de uma separação contingente e reversível, de uma separação remediável na qual o espaço é o "meio", mas de uma separação que é em si mesma absoluta, irreversível, irremediável, que ocorre no tempo e dele tira sua marca: o absoluto da separação é temporal, porque a temporalidade é a única "dimensão" na qual a separação absoluta é possível. No luto, vivenciamos essa separação: o falecido é aquele que "nos deixou", não para ir "para outro (…)
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Romano (1999:33-34) – hermenêutica do acontecimento
23 de setembro de 2024, por Cardoso de CastroE se o próprio ser é algo que, por sua vez, acontece, ele não pode mais ser considerado originário. Preordenada a uma hermenêutica do Dasein está, portanto, a hermenêutica do adveniente. Com esse título, queremos dizer aquilo que, anterior ao Dasein, forma sua condição de possibilidade, por assim dizer. O adveniente é o título para o homem na medida em que ele está constitutivamente aberto aos acontecimentos, na medida em que a humanidade é a capacidade de ser si mesma diante do que nos (…)
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Romano (1999:159-161) – sofrimento da separação
21 de setembro de 2024, por Cardoso de CastroTalvez ninguém tenha descrito o sofrimento da separação de forma mais profunda do que Proust. Mas, como um grande escritor, ele não percebeu o significado dos acontecimentos: pois, pensando como um empirista, Proust acreditava que a experiência, por sua mera repetição, não apenas cria hábitos em nós, mas também nos ensina algo sobre o futuro: "O tempo passa e, pouco a pouco, tudo o que se diz ser mentira se torna verdade; eu havia experimentado isso demais com Gilberte; a indiferença que eu (…)
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Romano (1999:30-31) – ontologia fundamental, acontecimento e morte
21 de setembro de 2024, por Cardoso de CastroA ontologia fundamental é, portanto, estabelecida por uma redução do acontecimento, rebaixado à categoria de um mero fato intramundano, ao destaque do sentido insignificante do possível que o próprio Dasein é ao existir. Essa redução, além disso, não deveria ser uma surpresa. Como poderia ser de outra forma se o Dasein, em virtude de sua constituição ontológica, retém as prerrogativas conferidas ao sujeito moderno desde Descartes — se, em virtude de sua compreensão do ser, que, como (…)
Notas
- Romano (1999:10) – obliteração do "há" do evento
- Romano (1999:163) – não se aprende com a morte de outro?
- Romano (1999:164) – a perda
- Romano (1999:164-165) – o amor
- Romano (1999:165-166) – luto como uma amputação
- Romano (1999:23-25) – Kehre
- Romano (1999:28-29) – ser-para-morte
- Romano (1999:29) – voz da consciência
- Romano (1999:32) – nascimento
- Romano (1999:7-8) – qual a fenomenalidade do evento?
- Romano (2018) – "fazer eu", modos de ser e modos de viver
- Romano (2018) – o "eu"
- Romano (2018) – o que é o si-mesmo?
- Romano (EM:44) – acontecimento em sentido "acontecimental"
- Romano (EM:44-45) – o luto enquanto acontecimento
- Romano (EM:8-9) – o evento antes de qualquer coisa
- Romano – Onde passou o passado?