Excerto de "O Idiota e o Espírito Objetivo".
O problema de uma filosofia especificamente nacional, que encontre no caráter autóctone o seu critério de autenticidade (ia dizer validez), vem sendo reiteradamente colocado no Terceiro Mundo. Evidentemente, esse desiderato inscreve-se num complexo bem mais vasto de questões: trata-se do processo que pretende superar uma situação de inferioridade cultural através da afirmação de uma "linguagem" nacional. E nacional quer dizer, entre outras (…)
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Bornheim / Gerd Bornheim
Gerd Bornheim (1929-2002)
Obra na Internet: Internet Archive; Library Genesis
BORNHEIM, Gerd. O Idiota e o Espírito Objetivo. Porto Alegre: Editora Globo, 1980
BORNHEIM, Gerd. "Sobre o estatuto da razão", em ADAUTO NOVAES (ed.). A Crise Da Razão. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
BORNHEIM, Gerd. O sentido e a máscara. São Paulo: Perspectiva, 2007
Matérias
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Bornheim (1979) – Filosofia e Realidade Nacional
18 de março, por Cardoso de Castro -
Bornheim (1989) – O Existencialismo de Sartre (Método)
17 de março, por Cardoso de Castro(Bornheim1989)
A questão do método é muito ampla, mesmo porque o pensamento de Sartre se desdobra em três fases fundamentais. A primeira, em que se constitui o existencialismo propriamente dito, dominada pela principal obra de Sartre, O ser e o nada (1943), adota o método fenomenológico. A Segunda, inspirada por preocupações de ordem marxista, assimila também a sua metodologia, e condensa-se no livro Crítica da razão dialética (1960). Finalmente, na terceira fase, volta a acentuar-se a (…) -
Bornheim (1989) – O Existencialismo de Sartre (Definição)
17 de março, por Cardoso de Castro(Bornheim1989)
O existencialismo é das doutrinas mais características de nosso século. Todo o seu empenho está em pensar o indivíduo concreto, a partir de sua existência cotidiana, desprovida de qualquer relevo especial. O único filósofo que aceita a palavra existencialismo para designar a sua própria doutrina é Sartre.
Mas ele toma de Heidegger (outro filósofo) a frase que tornou famosa toda a escola: a existência precede a essência.
Isso significa que não existe uma natureza humana, (…) -
Bornheim (1989) – O Existencialismo de Sartre (Intersubjetividade)
17 de março, por Cardoso de Castro(Bornheim1989)
O grande desbravador de caminhos, nesta questão, foi Hegel. A sua intuição genial, expressa na dialética do mestre e do escravo, foi mostrar que a consciência depende, em seu próprio cerne, para ser, do reconhecimento de outra consciência: eu só sou na medida em que o outro me reconhece como tal. Heidegger não é menos incisivo: o homem é, originariamente, ser-com, a relação eu-tu é compreendida a partir do nós; a dimensão "coletiva" do homem não se acrescenta a um eu (…) -
Bornheim (1976) – Introdução ao filosofar (2)
18 de março, por Cardoso de Castro(Bornheim1976)
II Análise da Admiração Ingênua
Devemos analisar inicialmente o fenômeno da admiração tal como se verifica em sua manifestação primária, em seu primeiro desabrochar, ainda dentro de um horizonte de ingenuidade e espontaneidade, buscando-lhe as características mais fundamentais. Quais são estas características e como compreendê-las?
A primeira é o sentido de abertura que a acompanha. E a dimensão desta característica pode ser elucidada a partir de um comportamento (…) -
Bornheim – Sobre o estatuto da razão
18 de março, por Cardoso de CastroExcertos do livro "A Crise da Razão", org. Adauto Novaes.
Pretendo fazer aqui uma apresentação sobre o tema da razão, e inicio com algumas observações preliminares.
Saliento, em primeiro lugar, que isso que se chama de razão, e que se expande hodiernamente como uma atividade dotada de uma auto-suficiência de fato extraordinária, na verdade teve suas origens em um plano que tende a ser encoberto, por exemplo, pelo rigorismo do pensamento lógico, e até mesmo pela interminável expansão da (…) -
Bornheim (1989) – O Existencialismo de Sartre (Teses)
17 de março, por Cardoso de Castro(Bornheim1989)
A experiência da náusea põe de manifesto ao menos três coisas. Em primeiro lugar, a necessidade de converter a revelação do absurdo em um sentido que justifique a existência humana: o existencialismo deve ser um Humanismo. Em segundo lugar, a náusea revela, para mim mesmo, que eu sou consciência - a consciência é o "núcleo instantâneo" de minha existência. E em terceiro, essa consciência não pode ser sem o outro que não ela mesma, ela só existe por aquilo do qual ela tem (…) -
Bornheim (1989) – O Existencialismo de Sartre (Marxismo)
17 de março, por Cardoso de Castro(Bornheim1989)
Na sua primeira fase, Sartre fala em ontologia e pretende dar conta da condição humana como tal; a partir dos anos 60 prefere a palavra antropologia, publica a Crítica da razão dialética e pergunta pela condição humana tal como ela se manifesta hoje. A grande virada concentra-se toda na descoberta da história, entendida através dos contornos bem definidos do marxismo. A análise dos fatos cede o seu lugar à interpretação dos acontecimentos.
De um lado, Sartre faz o elogio (…) -
Bornheim (1976) – Introdução ao filosofar (1)
18 de março, por Cardoso de Castro(Bornheim1976)
I Posição do Problema
O comportamento originante do filosofar e a possibilidade de esclarecer a problemática que tal comportamento coloca, constituem o objeto do presente estudo. Baseado na convicção de que não se trata de um problema que possa ser descartado como simplesmente secundário ou de menor importância, o autor parte, assim, do pressuposto de que a coloração fundamental de uma filosofia já se determina, em certo sentido, a partir mesmo da atitude inicial assumida (…) -
Bornheim (1989) – O Existencialismo de Sartre (Liberdade)
17 de março, por Cardoso de Castro(Bornheim1989)
O tema da liberdade é o núcleo central do pensamento sartriano e como que resume toda a sua doutrina. Sua tese é insólita: a liberdade é absoluta ou não existe. Sartre recusa todo determinismo e mesmo qualquer forma de condicionamento. Assim, ele recusa Deus e inverte a tese de Lutero; para este, a liberdade não existe justamente porque Deus tudo sabe e tudo prevê. Mas como deus não existe, a liberdade é absoluta. E recusa também o determinismo materialista: se tudo se (…) -
Bornheim (1980:172-178) – passagem do gnosiológico para o ontológico
17 de novembro de 2024, por Cardoso de Castro[…] Heidegger começou muito cedo a perceber o necessário privilégio da especulação ontológica. Segundo o seu próprio testemunho, o ponto de partida de suas perquirições fez-se em oposição aos neokantianos e à fenomenologia. Realmente, sabe-se do amplo predomínio das diversas orientações neokantianas na universidade alemã do princípio do século. E as inovações que começaram a ser introduzidas por Husserl, a partir da publicação das Investigações Lógicas, por inovadoras que fossem abandonaram, (…)
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Bornheim (1996:107-109) – diferença ontológica
17 de novembro de 2024, por Cardoso de Castro[…] o pensador maior do tema da diferença é sem dúvida o já clássico Heidegger. A expressão consagrada é “diferença ontológica”, que abre espaço para pensar a separação entre ser e ente. Apenas o lembrete: se a metafísica confunde o ser com o ente, em especial com Deus, esse ente absorve o ser, e o ser entificado passa a funcionar como fundamento. Segue-se disso o esquecimento do ser. A questão deve ser retomada, em consequência, a partir de suas raízes históricas — daí a necessidade da (…)
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Beneval de Oliveira: Gerd Bornheim - a finitude
5 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroA Fenomenologia no Brasil, Beneval de Oliveira, Pallas, 1983 O presente trabalho tem como objetivo enfocar a temática do existencialismo brasileiro. Neste sentido, procuramos pesquisar as origens dessa temática, a partir de uma reinterpretação da filosofia grega, dando ênfase, sobretudo, à ontologia de Martin Heidegger, justamente por ter esse filósofo despertado maior atenção que os demais filósofos existencialistas entre os nossos estudiosos da matéria.
De outro lado, procuramos (…)