nossa tradução
Este livro começa com um comentário pouco ortodoxo sobre o pensamento de Martin Heidegger e termina com um esboço do que será chamado de "filosofia orientada a objetos". Definir esta frase e mostrar como ela surge inevitavelmente a partir dos insights básicos de Heidegger é uma tarefa que é melhor deixar para o corpo do livro. Mas uma breve visualização pode ser do interesse do leitor.
A chave do meu argumento está em uma nova leitura da famosa análise-da-ferramenta em Ser (…)
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seiend / Seiendheit / Sein des Seienden / Wahrheit des Seienden …
seiend / Seiende / Seiendes / Seienden / l’étant / étants / ente / entes / sendo / beings / being / Seiende-Sein / ser-ente / Being of beings / Seiendheit / entidade / beingness / Sein des Seienden / ser do ente / être de l’étant / being of beings / ser del ente / Wahrheit des Seienden / verdade do ente / truth of beings / verdad del ente
Este essencial inaparente que é o ser do ente, é aí precisamente o que visa a fenomenologia fazer aparecer, constituir em fenômeno.
Em toda aparição é preciso distinguir o aparecendo ele mesmo, quer dizer o ente que aparece, e o aparecer deste aparecendo, sua maneira de entrar em presença e de aí desdobrar sua presença. Fenomenologicamente ir do ente ao ser deste ente, do ôntico ao ontológico. (LDMH )
SEIEND E DERIVADOS
Matérias
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Graham Harman (2002:1-2) – ontologia orientada a objetos
1º de janeiro de 2020, por Cardoso de Castro -
Beaufret (1998:27-29) – ἐόν ἔμμεναι, das Seiende-Sein, ser-ente
3 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroMas voltemos às “questões” (Fragen) — em vez de “temas” — da meditação heideggeriana.
1) Tudo o que somos não está condicionado de alto a baixo por esse “acontecimento inaparente”, ou seja, que permanece no subentendido do inaparente (unscheinbare Ereignis): a manifestação do ἐόν grego como aquilo que “no passado, assim como agora e para sempre, é entregue (cai) como o essencial à meditação dos homens, a fim de incessantemente provocá-los à busca e mantê-los na dificuldade do problema” (…) -
Marion (1989:72-78) – fenomenologia e ontologia
21 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
Enquanto que, para Husserl, a fenomenologia torna obsoleta a ontologia porque se ocupa, em seu lugar e melhor do que esta, do ente, para Heidegger, a fenomenologia eleva-se ao título de ontologia porque se desloca dos entes até o ser. A Hinsicht mudou radicalmente; ou melhor, a simples visão (Sicht) que só se pode fixar na evidência permanente e disponível — portanto no ente — é substituída pela Hinsicht, que só vê o ente em relação ao seu ser e por desígnio deste ser. O debate (…) -
Monticelli (1997:168-170) – divergência Husserl e Heidegger
20 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroVamos ler primeiro uma passagem extraída de um dos primeiros documentos do distanciamento de Heidegger em relação a Husserl: a carta de outubro de 1927, denunciando as dificuldades que Heidegger teria encontrado ao colaborar com o antigo mestre por ocasião da redação do artigo Fenomenologia para a Enciclopédia Britânica.
Concordamos com o seguinte ponto: o ente, no sentido do que você chama de “mundo”, não pode ser iluminado em sua [169] constituição transcendental pelo retorno a um ente (…) -
Xolocotzi (2011:23-27) – nossas relações com as coisas
13 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroTomemos, então, como faz Heidegger, o ponto de partida mais regular e imediato que temos: nossas relações com as coisas. Obviamente, falar sobre coisas já apresenta um problema inicial: de que tipo de coisas estamos falando, o que é uma coisa, queremos dizer a mesa, o chão, a ideia ou a justiça? Se pretendemos realizar uma “definição” desde o início, a própria intenção já aponta em uma direção, talvez despercebida, que estabelece um certo quê como guia. E isso constituiria uma maneira (…)
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Raffoul (2020:73-75) – acontecimento e fenomenologia
29 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroO desmantelamento — a desconstrução — do aparato conceitual metafísico da causalidade, da subjetividade e da razão, conforme estruturou a redução e a neutralização tradicionais do acontecimento, abre caminho para uma investigação fenomenológica sobre a eventualidade do acontecimento. Uma vez que o acontecimento não é mais referido às exigências do princípio da razão, não está mais ancorado em uma causa-sujeito e não está mais ordenado de acordo com uma ordem causal, torna-se possível (…)
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Biemel (1987:83-87) – sein em Da-sein
4 de outubro de 2024, por Cardoso de Castro[…] Não teremos entendido completamente Dasein até que tenhamos compreendido o papel que ser desempenha neste termo. Da, então, é a abertura da existência para outros entes, mas qual é a base dessa abertura? O ente “existente” (o homem) não poderia estar aberto a outros entes se não fosse determinado por uma relação a Ser. É essa última relação que devemos destacar agora.
Em Ascensão à Fundação da Metafísica [GA9], Heidegger escreve: “Com esse termo (existência), afirmamos um modo de ser (…) -
Schürmann (1996:186-188) – l’événement temporalisant
2 de junho de 2023, por Cardoso de CastroLe nerf de toute hénologie est en effet la différence entre l’un et l’étant.
Original
L’un n’est pas quelque chose, pas un étant. Les premières lignes du traité de Plotin De l’un l’indiquent clairement: “C’est par l’un que tous les étants sont des étants” (En. VI,9 [9], l.l). Pourquoi ne peut-on pas dire de l’un qu’il est quelque chose, un étant? “L’un est premier à tous égards, mais l’Intelligence, les idées et l’étant ne sont pas premiers” (ib. 2,30; c’est moi qui souligne). Le (…) -
Romano (1999:25-28) – Ereignis
17 de setembro de 2024, por Cardoso de CastroMas esse duplo desdobramento do ser e do ente como sobrevir descobridor e surgir encobridor, esse movimento da diferença que é a própria diferença em movimento, a diferenciação dos dois, tem, a partir de então, a consequência de que não é apenas o ser que, como uma passagem "em direção" ao ente, é pensado como um evento; é o ente que é compreendido e determinado segundo o gesto do diferenciar-se do ser. Não é apenas o ser, então, mas o próprio ente que, pensado a partir da "mobilidade" mais (…)
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Bornheim (1980:172-178) – passagem do gnosiológico para o ontológico
17 de novembro de 2024, por Cardoso de Castro[…] Heidegger começou muito cedo a perceber o necessário privilégio da especulação ontológica. Segundo o seu próprio testemunho, o ponto de partida de suas perquirições fez-se em oposição aos neokantianos e à fenomenologia. Realmente, sabe-se do amplo predomínio das diversas orientações neokantianas na universidade alemã do princípio do século. E as inovações que começaram a ser introduzidas por Husserl, a partir da publicação das Investigações Lógicas, por inovadoras que fossem abandonaram, (…)
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Declève (1970:57-61) – escuta do Ser presente e oculto na Essência
23 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
Pelo contrário, vimos, seguindo os passos sucessivos da meditação, como a questão do ser do ente e do ente em totalidade deixou de visar um horizonte do Dasein para se tornar uma escuta do Ser presente e oculto na Essência.
Mas, em consequência, o pensar já não é simplesmente uma iniciativa do ser-aí; é um acontecimento do próprio Ser no ser-aí. E o início da filosofia já não depende da decisão de um homem: o primeiro pensador só o foi, em rigor, através do pensamento do Ser (…) -
Zarader (2000:175-177) – "ser" em Levinas
30 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroOra é precisamente Heidegger que Lévinas coloca o mais longe possível do seu próprio pensamento e dos ensinamentos bíblicos. [175] A leitura que propõe é singular. Bem longe de distinguir entre a tradição ontológica e a crítica radical que Heidegger apresenta, ele considera pelo contrário a sua obra como o local onde se junta e agrava toda esta tradição. Heidegger «não destrói, ele resume toda uma corrente da filosofia ocidental», mas mesmo assim é insuficiente, e lemos algumas páginas mais (…)
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Biemel (1987:96-101) – Befindlichkeit e Stimmung
3 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroO objetivo é examinar o que Heidegger quer dizer com os termos Befindlichkeit e Stimmung, analisar o fenômeno que designam e mostrar o papel que este fenômeno desempenha na analítica existencial (A. de Waelhens).
Traduzimos ambos os termos como disposição (afetiva). A proposição “estou bem disposto” expressa uma certa Stimmung; mas, ao mesmo tempo, carrega outro significado, aquele expresso pela palavra Befindlichkeit; todo “sentimento”, de fato, é esclarecedor, revela o Dasein a si mesmo, (…) -
Patocka (1983:27-29) – tese individual e tese da totalidade universal
23 de novembro de 2023, por Cardoso de CastroLe fait de s’étendre dans l’espace est un caractère de l’étant comme tel, comme c’est un trait propre à l’espace que de former quelque chose comme un tout. Une fois de plus, le phénomène en tant que tel nous échappe. Les traits généraux de ce qui se montre, la structure spatiale et temporelle, sont des caractères de l’étant, de ce qui se montre, et non pas du se-montrer comme tel. Néanmoins, il y a là quelque chose qui mérite notre attention. Lorsque les choses singulières se manifestent, il (…)
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Levinas (1963:15-18) – o que existe e a própria existência
20 de junho de 2023, por Cardoso de CastroO pensamento desliza insensivelmente da noção do ser como ser, daquilo por que um existente existe, à ideia de causa da existência, de um “ente em geral”, de um Deus, cuja essência, a rigor, apenas conterá a existência — mas nem por isso deixará de ser um “ente” e não o fato ou a ação, ou o evento puro ou a obra de ser.
Paul Albert Simon
A distinção entre o que existe e essa própria existência, entre o indivíduo, o gênero, a coletividade, Deus — que são seres designados por (…) -
Fink (1994b:194-196) – o ente
9 de janeiro de 2024, por Cardoso de Castrodestaque
O ente: refere-se fundamentalmente a uma pluralidade, uma pluralidade imprevisível e vasta de coisas e dados sendo. Em caso algum podemos afirmar que o campo da aparência coincide com o domínio global do ente. Pelo contrário — temos a representação de que o ente se estende incomensuravelmente para além da esfera da aparência, que o ente não se esgota na aparência, mostra apenas lados, talvez apenas uma superfície, e esconde mais do que revela. O ente: entendemo-lo na sua estrutura (…) -
Beaufret (1998:372-374) – a obra de Heidegger
3 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroO obra que assim começa em 1927 compreende em seu desenvolvimento estágios:
1) A primeira é Sein und Zelt, na qual o elemento decisivo é que aquilo que os gregos, sem explicação, nomearam e vivenciaram como παρουσία é interpretado em sua ressonância temporal, ao passo que os gregos em nenhum momento consideraram digno de questionamento o caráter temporal daquilo que, sob o nome de οὐσία, se propuseram a ouvir. Pelo contrário, quando se tratava de tempo, eles simplesmente tentavam (…) -
Lacoue-Labarthe & Nancy (1991) – o “homem no sendo” em Lacan
15 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroÉ tempo, afinal, portanto, de interrogar mais precisamente esta posição de Heidegger.
Pois trata-se, a princípio, de uma posição: pura evocação, se assim se preferir, puro “apelo”; mas nada aparentemente que se assemelhe a um uso, isto é, a uma leitura. De fato, apenas evocado o filosofema heideggeriano o “homem no sendo” (Escritos, 527), se Lacan descarta toda e qualquer referência doutrinal àquilo a que chama pejorativamente de “heideggerianismo”, não é, contrariamente, ao que ele (…) -
Beaufret (1992:7-9) – ser não é ente
18 de junho de 2023, por Cardoso de CastroAhora bien, el ser no es nada de ente, no es ningún ente, y por eso se lo llamaba «nada» en la conferencia ¿Qué es la metafísica?
Delmont-Mauri
Y un día llego a Alemania y me encuentro con Heidegger. Ello ocurrió en septiembre de 1946 —ni él ni yo recordamos la fecha exacta, pero estamos de acuerdo en decir que debió ser alrededor del 10 de septiembre. Durante esa breve permanencia en Todtnauberg, donde él se hallaba en ese momento —sólo estuve medio día y luego dos días más (porque el (…) -
Biemel (1987:158-160) – mundo
3 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroA primeira pergunta que precisamos fazer é a seguinte: Qual é a natureza do mundo, visto como o fim para o qual a transcendência é realizada? Quando tivermos respondido esta pergunta, poderemos analisar a transcendência não apenas do ponto de vista de seu fim último, mas por si mesma, de forma integral.
Assim que o Dasein existe, o ente lhe é revelado em um todo. “A natureza do todo não precisa ser expressamente compreendida, seu pertencimento ao Dasein pode permanecer oculto, e sua (…)
Notas
- Boutot (1993:33) – Zeug - utensílio
- Caron (2005:1679-1680) – questão do si e questão do ser, inseparáveis
- Dastur (1990:5-6) – a questão do ser
- Deleuze (2010:123) – diferença ontológica
- Dufour-Kowalska (1980:36-38) – essência
- Ferreira da Silva (2010:240-241) — pensar do ente e pensar do ser
- Ferreira da Silva (2010:243) — o errar [das Irren]
- Ferreira da Silva (2010:243-244) — in-sistência [In-sistenz]
- Ferreira da Silva (2010:244-245) — angústia [Angst]
- Ferreira da Silva (2010:244-245) — estados afetivos [Stimmungen]
- Figal (2007:34-35) – compreensão de ser e compreensão de si
- Fink (1966b:40-41) – a linguagem tem o ente humano?
- Fink (1966b:60-62) – tudo em relação e delimitação mútuas
- Fink (1977:1) – a filosofia de um modo filosofante
- Fink (1994b:197-198) – ser-em-si e ser-para-si
- Fink (1994b:198-199) – ser-para-si
- Fink (1994b:199-200) – o ente que aparece na técnica
- Fink (1994b:199-200) – o ente revestido de linguagem
- Fink (1994b:202-203) – fenomenologia e dialética
- Fink (1994b:203-204) – o conceito de "aparência"