[…] [Tomemos] a adequação e inadequação da análise da coisa e da natureza em Ser e Tempo. Concordo com a autocrítica posterior de Heidegger, segundo a qual esta obra seminal, brilhante e incompleta é excessivamente transcendental e pragmática, exigindo um passo mais radical em direção ao ser e à coisa, que só emergiu plenamente após a Segunda Guerra Mundial. Heideger mencionou, mas mal articulou, um “terceiro” “poder da natureza” mais primordial em Ser e Tempo (GA2: 70, 211) e “a natureza (…)
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Zhuangzi / Chuang Tze / Chuang Tzu / Chuang-tzu
“A liberação em relação às coisas e a abertura ao mistério são indissociáveis. Dão-nos a possibilidade de residir no mundo de uma forma totalmente diferente” (GA16 : 528). Esta constelação de liberação, abertura, mistério, coisas e outras formas de habitação relacional aparece ao longo das suas discussões sobre as fontes daoistas e foi desenvolvida em diálogo com elas. Os caminhos de Heidegger para a liberação e a liberdade das coisas (Gelassenheit der Dinge) — através da insanidade do nada e do vazio aberto da clareira — são informados pelos seus compromissos explícitos e ressonâncias impensadas com as filosofias da Ásia Oriental, particularmente o Daodejing, atribuído à figura misteriosa de Laozi 老子 e o Zhuangzi. As primeiras formas destas duas antologias, compostas a partir de fontes díspares, foram datadas do caótico período dos Reinos Combatentes (475-221 a.C.). As edições transmitidas e redigidas, utilizadas pelos tradutores alemães lidos por Heidegger e seus contemporâneos, datam do período pós-Han Wei-Jin (220-420 d.C.). Ainda não foi suficientemente apreciado o modo como as imagens e palavras empregues nas edições alemãs do final do século XIX e início do século XX reverberam nos escritos de Heidegger, conferindo-lhes uma aura de familiaridade e estranheza em comparação com as traduções e leituras contemporâneas.
[NELSON, E. S. Heidegger and Dao: things, nothingness, freedom. London New York Oxford New Delhi Sydney: Bloomsbury Academic, 2024]