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Erde / Erdball
Erde / Terre / Terra / Earth / Tierra
O Mundo enquanto Ideia é antes de tudo transcendência; ele ultrapassa (übersteigt) os fenômenos, mas nisso mesmo, e porque é totalidade destes fenômenos, ele se encontra relacionado a eles.
O «mesmo» Mundo é a Terra desconhecida (transzendent) para qual se orienta a abertura desejante (transzendenze) que de-fine o fundo do ser humano, a «natureza» humana. Este polo de Ausência, esta Terra desconhecida, permanece conhecida a partir do olhar ilusivo que o ser humano coloca sobre seu ambiente, sobre os fenômenos conhecidos, muito conhecidos, que o cercam. Olhar desrealizando as realidades muito opressivas para a sensibilidade. Olhar-falha que abre uma brecha na grande muralha do real. Olhar-Ideia que abre a esclerose dos conceitos nesta representação do «mesmo» Mundo cujo conteúdo se reduz a uma totalidade incondicionada. Ideia logo essencialmente ambígua quanto a sua natureza, posto que ela ultrapassa as realidades fenomenais das quais ela não pode no entanto jamais se exilar, posto que a resistência delas é a condição de sua produção neste vivente particular que é o ser humano. A Ideia de Mundo, do «mesmo» Mundo, não é portanto senão o índice do desejo profundo da natureza humana de ultrapassar um ambiente do qual ela não pode no entanto finalmente fazer pouco caso, posto que o indeterminado pressentido não se pensa ainda e sempre senão pela relação às determinações obcecantes. [Jean-François Duval
Duval
Jean-François Duval
Jean-François Duval
: HEIDEGGER EL LE ZEN]
Matérias
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Haar (1987/1993:5-6) – Terra
4 de novembro de 2024, por Cardoso de Castro
Mas por que a técnica ameaça a Terra? Como ela pode abalar o “solo” de nossa morada — em alemão, o Bodenständigkeit, a capacidade de se apoiar no solo e de se manter sobre ele? Como é que a técnica pode produzir uma crise universal de morada? “A ausência de morada (ou falta de morada: Heimatlosigkeit) torna-se um destino mundial.” [GA9:336] Esse tipo de desenraizamento é mais profundo do que qualquer fenômeno puramente sociológico ou político. Quando o mundo é reduzido a uma rede de conexões (…)
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Carneiro Leão - A técnica e o mundo no pensamento da terra
18 de março, por Cardoso de Castro
Excertos do ensaio "A Técnica e o Mundo no Pensamento da Terra", Revista Tempo Brasileiro n°94
A Terra é mais antiga do que o homem e a história. Por isso a terra não pode ter nem lugar nem data nem certidão de nascimento. O Homem é mais antigo do que o mundo e a técnica. O mundo e a técnica têm lugar e data marcada, possuem certidão de nascimento. Por isso a técnica pretende submeter o homem com a tecnologia, dirigindo a história e substituindo a terra pelo mundo.
TÉCNICA aqui, nestas (…)
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Mitchell (2015:71-73) – Terra em "Origem da Obra de Arte"
21 de outubro de 2024, por Cardoso de Castro
Heidegger introduziu pela primeira vez uma nova concepção da terra () em seu ensaio “A origem da obra de arte” de 1936 [GA5]. (A primeira elaboração é datada de 1931.) Isso não quer dizer que já esteja presente no ensaio da obra de arte — não está —, mas o papel que a terra desempenha ali a prepara para uma eventual inclusão em Geviert em 1949. […]
Desde a primeira elaboração do ensaio até sua versão publicada, a terra é entendida em uma relação tensa com o mundo. A descoberta de (…)
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Butler (2022) – coabitar a Terra
11 de março, por Cardoso de Castro
Même si Arendt n’aurait sans doute pas été d’accord avec moi, je pense que ce qu’elle propose est une conception éthique de la cohabitation qui peut servir de ligne directrice à certaines formes de politique. En ce sens, des normes et des mesures politiques concrètes trouvent leur origine dans le caractère non choisi de ces modes de cohabitation. La nécessité de cohabiter sur terre est un principe qui, dans la philosophie d’Arendt, doit guider les actions et les politiques de tout quartier, (…)
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Haar (2000:87-92) – A relação mundo-terra em Heidegger
5 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castro
O conflito entre a terra e o mundo é impossível de ser apaziguado. O mundo exige a clarificação das formas, espirituais e materiais: ele quer que tudo seja signo e significante. A terra exige o obscurecimento das formas, o nascimento dos símbolos. É o combate do dia e da noite.
Sem a obra, este combate, sempre mais “velho” do que ela, permanecería latente. O que ela deixa adivinhar sob suas figuras audíveis ou visíveis, sob o percurso de uma melodia, sob o arabesco de um desenho, sob tal (…)
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Mitchell (2015:71-74) – Terra em Geviert
10 de novembro de 2024, por Cardoso de Castro
Em Geviert, a terra nomeia o que tradicionalmente poderíamos pensar como a “base material” da coisa. Essa afirmação só pode ser mantida se entendermos “material” e “base” de maneiras bem distintas de seu emprego tradicional na história da filosofia. Isso quer dizer que, estritamente falando, a Terra não é “material” nem uma “base”. O papel da terra dentro do Geviert transforma todas as nossas expectativas habituais do que é considerado terra ou mesmo terreno, pois a “matéria” da terra nada (…)
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Mitchell (2015:Intro) – Geviert
1º de outubro de 2024, por Cardoso de Castro
[…] As discussões de Heidegger sobre a terra a consideram a própria “matéria” da existência. O que essa matéria é, no entanto, não é nada que normalmente associamos à terra. Ela não é sólida nem fundamentada. Em vez disso, a terra nomeia o sensorial. De acordo com os insights anteriores de “A origem da obra de arte”, a terra nomeia um tipo de aparecimento sensorial não quantificável. Não se trata de uma base substancial que fundamentaria todas as coisas. Ao invés, o que é da terra não tem (…)
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Graham Harman (2002:195-197) – Geviert, Terra-Céu
25 de outubro de 2024, por Cardoso de Castro
Chegou o momento de nos voltarmos diretamente para a própria exposição de Heidegger sobre o Geviert, começando com a terra e o céu. Com relação à primeira: “A terra é a portadora servil, florescendo e frutificando, espalhando-se em rochas e água, elevando-se em plantas e animais”. O céu é introduzido com o mesmo entusiasmo: “O céu é o caminho abobadado do sol, o curso da lua mutável, o brilho errante das estrelas, as estações do ano e suas mudanças, a luz e o crepúsculo do dia, a escuridão e (…)
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Butler (2017) – coabitar a Terra ou o mundo
11 de março, por Cardoso de Castro
A mensagem filosófica e política de sua réplica direcionada a Eichmann (e aos juízes) é a de que devemos ter clareza de que ninguém tem o direito de escolher com quem coabitar a Terra ou o mundo (Arendt mistura o sentido dessa distinção heideggeriana o tempo todo, sugerindo que não existe Terra sem seus habitantes). A coabitação com outros que não escolhemos é, de fato, uma característica permanente da condição humana. Exercer o direito de decidir com quem coabitar a Terra é recorrer a uma (…)
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Mitchell (Four-Fold) – Noção de "Terra" no Geviert
23 de maio, por Cardoso de Castro
Mitchell4
Dentro do quádruplo (Geviert), a terra nomeia o que tradicionalmente poderíamos pensar como a "base material" da coisa. Essa afirmação só pode ser mantida se entendermos "material" e "base" de maneiras bastante distintas de seu uso tradicional na história da filosofia. Ou seja, estritamente falando, a terra não é nem "material" nem uma "base". O papel da terra dentro do quádruplo transforma todas as nossas expectativas habituais sobre o que conta como terreno ou mesmo terrestre, (…)
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GA38:84-86 – história [Geschichte]
26 de abril de 2021, por Cardoso de Castro
HEIDEGGER, Martin. Lógica – A pergunta pela essência da linguagem. Tr. Maria Adelaide Pacheco e Helga Hoock Quadrado. Lisboa: Fundação Calouste Culbenkian, 2008, p. 144-147
Pacheco & Quadrado
Por isso, entrar na história não quer simplesmente dizer que algo passado, simplesmente por ter passado, é incluído no passado. É, aliás, questionável se o entrar na história significa sempre ser como que enviado para o passado. Quando um povo a-histórico entra na história, com “história” não (…)
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GA7:167-184 – A Coisa
21 de dezembro de 2021, por Cardoso de Castro
Tradução da conferência "A Coisa" por Eudoro de Sousa, refazendo tradução anterior de José Xavier de Mello Carneiro. Publicada em DE SOUSA, Eudoro. Mitologia História e Mito. Lisboa: Imprensa Nacional, 2004, p. 201-2015
Eudoro de Sousa
1. No tempo e no espaço todas as distâncias se contraem. Lá onde outrora o homem viajava por semanas e meses, chega ele agora, de avião, numa noite. Aquilo de que outrora o homem só obtinha informação, após anos, ou de que, pura e simplesmente, nem era (…)
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Graham Harman (2002:199-203) – diferenças intra Geviert
25 de outubro de 2024, por Cardoso de Castro
A questão restante é se há alguma diferença entre terra e deuses e, da mesma forma, alguma diferença entre céu e mortais. Se cada par consiste apenas em ocultação ou não ocultação, podemos abandonar com segurança o de Heidegger e retornar ao dualismo simples da análise inicial da ferramenta. Na tentativa de responder a essa pergunta, as questões se tornam um pouco mais sutis, embora permaneçam tão inteligíveis quanto antes. Pois é aqui que nossa discussão anterior sobre o curso de palestras (…)