A lembrança de uma experiência do mundo exterior é relativamente nítida, uma sequência de acontecimentos externos, um movimento talvez, pode ser lembrada numa livre reprodução, isto é, escolhendo-se arbitrariamente determinados pontos da duração. A reprodução de experiências da percepção interior é incomparavelmente mais difícil; aquelas percepções internas próximas do amago absolutamente privado da pessoa são irrecuperáveis no que diz respeito a seu “Como”, e no máximo pode-se apreender o (…)
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Gedächtnis / Erinnerung / Gedanc
Gedächtnis / mémoire / memória / memory / Erinnerung / recordação / recuerdo / lembrança / remembering
Matérias
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Schutz (1979:63-65) – experiências enquanto estão presentes
17 de junho de 2023, por Cardoso de Castro -
Greisch (2001) – Quando se lembrar é fazer o trabalho da memória
4 de novembro, por Cardoso de Castro* A fenomenologia da memória em sua segunda etapa, focada na questão do "Como?": * O questionamento pragmático e prático sobre o ato de recordar, especificamente: "Como se lembrar?" e "Como fazer para se lembrar?", ou ainda, "Como ’fazer memória’?". * A descoberta de novos "poderes" inerentes ao ato de recordar, que ocasionalmente se manifestam como proezas notáveis. * A abordagem ricœuriana das práticas memoriais no duplo registro do uso e do mau uso, em consonância com a (…)
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Greisch (2001) – "Poder se lembrar"
3 de novembro, por Cardoso de CastroA análise dos fenômenos memoriais que Ricœur desenvolve na primeira parte de A memória, a história, o esquecimento obedece a uma ordem muito precisa, balizada pelo jogo das três partículas interrogativas: “o quê, como, quem?”. Do mesmo modo que, em O homem falível, Ricœur iniciara sua investigação decifrando os indícios da falibilidade na síntese transcendental, isto é, na própria constituição do objeto de conhecimento, aqui também ele parte do “momento objetal” (MHO 4) da memória, ou seja, (…)
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Didier Franck (1998:380-383) – a memória
12 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroDo eterno retorno, e do princípio segundo o qual o orgânico é apenas um caso particular do inorgânico, Nietzsche tira a seguinte conclusão: “A matéria inorgânica, embora na maioria das vezes fosse orgânica, não aprende nada, está sempre sem passado! Se fosse de outra forma, nunca poderia haver repetição – porque, da matéria, sempre nasceria algo com novas qualidades, com novo passado.” A repetição que assegura a constância do mundo e dos corpos que nele vivem supõe, portanto, como condição (…)
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Figal (2007:§31) – ser no tempo
12 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroCasanova
Algo acontece, mas ele acontece a alguém ou por meio deste alguém mesmo. As duas coisas juntas também são possíveis, até mesmo habituais: nós podemos fazer algo e nos transformar em meio a este fazer. Ou fazemos algo e nos transformamos aí sem uma intenção prévia; só constatamos subsequentemente o fato de termos nos tornado outros. Tal como todo e qualquer movimento, aquilo que fazemos acontece no tempo e possui o seu tempo. Todavia, sempre experimentamos o tempo e a nós mesmos no (…) -
GA89:89-95 – tornar presente [Vergegenwärtigung]
17 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castro[…] Trata-se do esclarecimento da diferença que já foi discutida várias vezes aqui, a diferença entre recordar [Erinnerung] e tornar presente [Vergegenwärtigung]; para começar, a interpretação suficiente do fenômeno do tornar presente. […] Tornamos presente agora, cada um para si, a Estação Central de Zurique. Colocamos duas questões que cada um deve responder por si. Primeiro: para onde me dirijo ao tornar presente a Estação Central de Zurique? O que é tornado presente, em que penso no (…)
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GA60:185-186 – memória - cogitar - aprender
18 de fevereiro de 2020, por Cardoso de CastroExtrato das Confissões de Agostinho.
Comentário traduzido de HEIDEGGER, Martin. The phenomenology of religious life. Tr. Matthias Fritsch & Jennifer Anna Gosetti-Ferencei. Bloomington: Indiana University Press, 2004, p. 135-136.
XI, 18. Descobrimos, quanto a isso, que aprender algo de que não recebemos imagens pelos sentidos, mas que discernimos interiormente sem imagens, assim como é, por ele mesmo – aprender isso não é senão, por assim dizer, recolher cogitando aquilo que a (…) -
Greisch (2001) – A Memória capturada pela História
4 de novembro, por Cardoso de Castro#### A Memória Capturada Pela História: A Dialética Entre Memória e Saber Histórico
* A reflexão sobre o fenômeno da memória não se esgota na primeira parte de *A memória, a história, o esquecimento*, visto que os três termos do título constituem a tríplice vela de um "veleiro de três mastros" dedicado à mesma navegação. * A antecipação das linhas diretrizes de uma "hermenêutica da condição histórica" no sétimo capítulo. * O conceito de "memória histórica" como a espinha dorsal e, (…) -
Ricoeur (2000:3-4) – De que há lembrança? De quem é a memória?
22 de junho de 2023, por Cardoso de CastroOs gregos tinham dois termos, mneme e anamnesis, para designar, de um lado, a lembrança como aparecendo, passivamente no limite, a ponto de caracterizar sua vinda ao espírito como afecção — pathos —, de outro lado, a lembrança como objeto de uma busca geralmente denominada recordação, recollection.
Alain François
A fenomenologia da memória aqui proposta estrutura-se em torno de duas perguntas: De que há lembrança? De quem é a memória?
Essas duas perguntas são formuladas dentro do (…) -
Greisch (2001) – A memória contra as lembranças? (C. Romano)
4 de novembro, por Cardoso de CastroAntes de voltar-me para o fenômeno (e o problema) do esquecimento, convém expor a análise dos fenômenos memoriais que Ricœur nos propõe a uma iluminação externa, levantando a seguinte questão: o que ocorre se se amputar a fenomenologia da memória de sua dimensão objetal, icônica e representacional? A esse respeito, uma comparação entre as teses de Ricœur e aquelas que Claude Romano desenvolve no quadro de sua «hermenêutica événemential» parece-me tão frutífera quanto a confrontação entre o (…)
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Fuchs (2018:58-60) – Memória intercorporal
6 de fevereiro de 2024, por Cardoso de CastroO exemplo do diagnóstico psiquiátrico já nos levou a situações, que são com certeza maximamente significativas para nós homens: o encontro concreto, corpóreo com os outros, a situação intercorporal. Ela é determinada em tal medida pelas experiências prévias com os outros, que nós também podemos falar de uma memória intercorporal, que se acha em todo e qualquer encontro implícita e que é efetiva na maioria das vezes de uma maneira pouquíssimo consciente.
Logo que entramos em contato com (…) -
Homem, memória do ser (Araújo de Oliveira)
23 de abril, por Cardoso de Castro(MAO1996)
O homem é, em sua essência, a “memória do ser”, ele é o momento fundamental do evento de desvelamento do ser, e, para Heidegger, só se pode falar de linguagem, no sentido estrito da palavra, aí onde o ser se desvela, se abre, ou seja, no homem . A questão da linguagem, portanto, está vinculada à questão central de seu pensamento. No entanto, a linguagem é um fenômeno pluridimensional que contém diferentes níveis, pesquisados por diferentes ciências . O homem, ser histórico, (…) -
Greisch (2001) – A memória guardiã da ipseidade e da alteridade
4 de novembro, por Cardoso de CastroResta considerar os fenômenos memoriais à luz da terceira questão: «Quem?», que pode ser compreendida ao menos em dois sentidos: a quem podem ser atribuídas as recordações, a quem se pede para lembrar? Uma e outra formulação conduzem à questão filosoficamente decisiva: em que sentido a memória pode ser dita guardiã da ipseidade?
Trata-se de uma questão duplamente moderna, ligada ao advento de uma problemática da subjetividade, dividida entre um polo egológico e um polo sociológico. Nesse (…)
Notas
- Arendt (RJ:165) – objeto do pensar
- Fuchs (2018:56-58) – Memória situativa
- Fuchs (2018:60-61) – Memória incorporativa
- GA5:321-322 – ver - memória - saber
- GA65:136 – Wirklich - efetivo
- GA7:129 – A memória é a concentração do pensamento.
- GA8:13 – Mnemosyne - memória - mémoire - memory
- GA8:3 – pensamento e memória
- Jean-Louis Chrétien (2014) – memória [Gedächtnis]
- Jean-Louis Chrétien (2014) – “Tornei-me uma pergunta para mim mesmo”
- Krell (1989) – memória
- Merleau-Ponty (1955/2015:Cours du lundi) – o problema da memória
- Richardson (2003:46-47) – Cotidianidade [Alltäglichkeit]
- Ruin (2019:18-20) – lembrança do morto
- Ruin (2019:20-21) – a morte do outro em Levinas
- Zarader (2000:90-91) – o pensamento