Tomemos como exemplo a frase: “O homem lava o carro”. Nessa frase “o homem” é sujeito, “o carro” é objeto e “lava” é predicado. O sujeito “o homem” irradia o predicado “lava” em direção ao objeto “o carro”. A frase tem, portanto, a forma (Gestalt) de um tiro ao alvo. O sujeito (“o homem”) é o fuzil, o predicado (“lava”) é a bala, o objeto (“o carro”) é o alvo. Podemos ainda visualizar a situação comparando-a com uma projeção cinematográfica. O sujeito (“o homem”) é o projetor, o predicado (…)
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Flusser / Vilém Flusser
VILÉM FLUSSER (1920-1991)
Excertos de suas obras por termos relevantes
Obra na Internet: Internet Archive; Library Genesis
Da Religiosidade. A literatura e o senso de realidade. São Paulo: Annablume, 2004.
A História do Diabo. São Paulo: Annablume, 2006.
Filosofia da Caixa Preta. Ensaios para uma futura filosofia da fotografia. São Paulo: Annablume, 2013.
O último juízo: gerações II - castigo e penitência. São Paulo: É Realizações Editora, 2017.
Pós-história: vinte instantâneos e um modo de usar. São Paulo: É Realizações Editora, 2019.
Língua e Realidade. São Paulo: É Realizações Editora, 2021.
Matérias
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Flusser (2018:45-50) – mundo das coisas reais = teia das nossas frases
14 de outubro de 2024, por Cardoso de Castro -
Flusser (2021:151-154) – poder - potencialidade - possibilidade
13 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroConvido o leitor a considerar comigo o conceito que cerca a realidade, o conceito do qual a realidade é o núcleo realizado, o conceito português do poder. A potencialidade é realidade in statu nascendi, ou, para falarmos tecnicamente, a potencialidade acrescida da necessidade resulta em realidade. O verbo poder significa, portanto, quase exatamente aquilo que Heidegger tenta pensar ao dizer que o nada nadifica. Poder significa não-ser tendendo para ser. Poder, como demonstra claramente o (…)
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Flusser (2018:23-36) – concentração - pensamento - vontade
29 de maio de 2020, por Cardoso de CastroOs exercícios mentais que fazem parte da disciplina da ioga começam pela “concentração”. Aquele que, movido por curiosidade ou por descrença nos métodos ocidentais do conhecimento, compra uma Introdução aos Segredos do Yoga e ensaia esse primeiro exercício mental sofre um choque curioso. O livro recomenda, em síntese, a eliminação de todos os pensamentos, salvo um único arbitrariamente escolhido. Parece tratar-se, portanto, de uma recomendação de fácil execução. O choque de surpresa reside (…)
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Flusser (2004:49-51) – intelecto e dúvida
15 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroCertos exercícios do Ioga ultrapassam, em radicalidade, as meditações cartesianas. Revelam vivencialmente, não que penso, mas que tenho pensamentos. Posso, nesses exercícios, eliminar os pensamentos, mas continuarei sendo. Com efeito, o método cartesiano prova a existência de pensamentos, não do eu que pensa. Há uma fé humanista no “eu” que se infiltra, sub-repticiamente, no argumento cartesiano, sem jamais ser duvidada. Os exercícios do Ioga interessam, neste contexto, apenas enquanto (…)
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Flusser (2013:C2) – A imagem técnica
15 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroFLUSSER, Vilém. Filosofia da Caixa Preta. Ensaios para uma futura filosofia da fotografia. São Paulo: Annablume, 2013.
Trata-se de imagem produzida por aparelhos. Aparelhos são produtos da técnica que, por sua vez, é texto científico aplicado. Imagens técnicas são, portanto, produtos indiretos de textos – o que lhes confere posição histórica e ontológica diferente das imagens tradicionais. Historicamente, as imagens tradicionais precedem os textos, por milhares de anos, e as imagens (…) -
Flusser (2017:34-39) – fazer - verbo auxiliar (to do)
4 de abril de 2020, por Cardoso de CastroAo descrever a passagem do barroco para o romantismo, aventurei a seguinte hipótese ousada: a mudança da estrutura do pensamento e da vida que marca essa passagem é articulada pela tradução do verbo auxiliar francês “être” pelo verbo auxiliar alemão “werden”. O historicismo, antropologismo, e biologismo do romantismo é uma elaboração da estrutura de um discurso informado pelo verbo “werden”. Renovarei agora minha hipótese, ao estendê-la para a época em pauta. Direi que o verbo auxiliar (…)
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Flusser (2021:181-185) – a conversa [Gerede]
13 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroVista superficialmente, a conversa parece idêntica à conversação. Também ela consiste de redes, aparentemente formadas por frases e intelectos. Entretanto, sob análise, verificaremos que a conversa é composta de detritos da conversação que penetram [182] imperceptivelmente, tal qual o detrito do plâncton no mar, em camadas inferiores. A expressão portuguesa conversa fiada exprime excelentemente essa situação. Heidegger, que, como já disse, se aproxima muito da formulação de uma ontologia da (…)
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Flusser (2013:C1) – A imagem
10 de janeiro de 2024, por Cardoso de CastroImagens são superfícies que pretendem representar algo. Na maioria dos casos, algo que se encontra lá fora no espaço e no tempo. As imagens são, portanto, resultado do esforço de se abstrair duas das quatro dimensões espacio-temporais, para que se conservem apenas as dimensões do plano. Devem sua origem à capacidade de abstração específica que podemos chamar de imaginação. No entanto, a imaginação tem dois aspectos: se de um lado, permite abstrair duas dimensões dos fenômenos, de outro (…)
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Flusser (2018:11-14) – a dúvida da dúvida
6 de novembro de 2021, por Cardoso de CastroExcerto de FLUSSER, Vilém. Da dúvida. São Paulo: É Realizações, 2018, p. 11-14
A dúvida da dúvida é um estado de espírito fugaz. Embora possa ser experimentado, não pode ser mantido. Ele é sua própria negação. Vibra, indeciso, entre o extremo: “Tudo pode ser duvidado, inclusive a dúvida” e o extremo “Nada pode ser autenticamente duvidado”. Com o fito de superar o absurdo da dúvida, leva esse absurdo ao quadrado. Oscilando, como oscila, entre o ceticismo radical (do qual duvida) e um (…) -
Flusser – Do inobjeto
6 de novembro de 2021, por Cardoso de CastroEsse texto, cujo original datilografado foi encontrado nos Arquivos Flusser (Flusser Archiv), na Escola Superior de Arte e Mídia de Colônia (Kunsthochschule für Medien Köln), faz parte de uma série de reflexões que o autor desenvolveu acerca dessa nova categoria de objetos informacionais, por ele chamados de “inobjetos”. Após a sua morte em 1991, Flusser tornou-se reconhecido pela comunidade internacional como um dos mais importantes pensadores do Ocidente, ao lado de Jean-François Lyotard, (…)
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Flusser (2018:39-40) – linguagem
30 de janeiro de 2022, por Cardoso de CastroA preocupação com o pensamento, a consideração do intelecto é a disciplina da língua. Se o elemento do pensamento é a palavra, então o pensamento passa a ser uma organização linguística, e o intelecto passa a ser o campo no qual ocorrem organizações linguísticas.
Se descrevemos o pensamento como processo, podemos, já agora, precisar de que tipo de processo se trata: é a articulação de palavras. Essa articulação não necessita de órgãos ou instrumentos para se processar. Esses órgãos e (…) -
Flusser (PH) – a medicina é o maior escândalo da atualidade
13 de fevereiro de 2022, por Cardoso de CastroA medicina é o maior escândalo da atualidade.
Mas é também um dos pontos de partida para a reformulação da ciência atualmente em crise. A medicina é híbrida na qual os elementos científicos, técnicos e intuitivos são mal aglomerados. A razão disto é que o doente é simultaneamente sujeito (agente) e objeto (paciente), e que, enquanto objeto, é objeto extremamente complexo. O médico assume posição insustentável com relação ao doente. […] O escândalo da medicina não é tanto a situação nos (…)